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Administração segura de medicamentos em...

Humanização no contexto hospitalar

Devido ao crescimento e desenvolvimento de diversos setores industriais, vem ocorrendo um acentuado aumento e diversificação de produtos para serem utilizado tanto na limpeza domiciliar, sendo estes, com elevado potencial de toxicidade, como também, substâncias para uso farmacêutico.  Alguns destes produtos são apresentados para comercialização com sérios problemas, como por exemplo, inadequação das embalagens, falta de informações referentes à sua composição química e medidas a serem tomadas mediante a acidentes. Além destes problemas, tais produtos, apresentam-se chamativos à atenção das crianças com conteúdo e embalagens coloridas.

Nenhum ser humano está livre de acidentes, principalmente as crianças que vivem constantemente em uma fase de curiosidade e descobertas. Esta associação possibilita o acontecimento de acidentes em diversos lugares, de diversos tipos, de diferentes gravidades e ocasionando diferentes danos. Independente da idade, classe social e econômica, cor e sexo, as crianças sempre estarão susceptíveis ao acontecimento de acidentes.

Um dos principais acidentes que acontecem com as crianças são as Intoxicações, principalmente as exógenas causadas por contato e ingestão de produtos químicos e/ou ingestão de medicamentos. Geralmente, estas intoxicações ocorrem devido ao fácil acesso das crianças a estes produtos.

A definição para intoxicação, dada por Fernandes (1994) é um conjunto de sintomas e sinais que demonstra a ocorrência de um desequilíbrio que ocorre pela ação de uma ou mais substâncias tóxicas em quantidades que sejam suficientes, para resultar em um estado patológico do ser humano.

Estes estados patológicos dependem do produto, da quantidade e da idade de quem ingeriu. A intoxicação exógena é aquela produzida ou originada exteriormente.

Muitas destas substâncias não são tão potentes, mas, exigem que ocorra uma exposição de forma contínua para que os problemas ocorram. Por outro lado, existem produtos que são altamente tóxicos, sendo necessário uma pequena dosagem para a ocorrência de graves problemas.

Estas intoxicações na maioria das vezes ocorrem devido ao acontecimento de acidentes, que são situações praticamente inevitáveis, e que não são desejadas pelas vítimas, principalmente quando estas são crianças. (FERNANDES, 1994)

Para a Organização Mundial de Saúde – OMS, acidente é todo acontecimento fortuito que independe da vontade humana que determina uma lesão corporal ou mental reconhecível e constitui, atualmente, importante problema pediátrico e de saúde pública pela sua incidência e repercussões (SOUZA e BARROSO, 1999, p. 1).

A maioria das ocorrências de intoxicações ocorre nas próprias residências das vítimas, principalmente aquela que envolvem crianças com percentual alcançado em torno de 66% dos casos que são atendidos e, dentre estes, 90% são considerados como acidentais (FIGUEIREDO, 1996).

Estudos realizados sobre acidentes domésticos, particularmente sobre intoxicação, identificou que são mais frequentes do que se imagina, visto que as pessoas adquirem a sensação de serem conhecedoras do ambiente e não valorizam os cuidados mínimos de segurança e proteção para si e para os outros componentes da família, e desta forma criam condições para que as crianças se tornem vulneráveis aos vários tipos de acidentes, principalmente as intoxicações (VIEIRA, et al, 2005).

Os acidentes classificados como domésticos têm se revelados como sendo uma das principais causas das internações, dos atendimentos, das incapacidades e até mesmo dos óbitos em crianças, contribuindo para o aumento da morbi-mortalidade. Sendo assim, os principais casos de intoxicação advêm das intoxicações exógenas (SOUZA, 1997).

Mas, conforme relatos de Souza e Barroso (1999), pesquisadores sociais discutem a acidentalidade e afirmam que os acidentes não são de tal forma tão inevitáveis como parecem ser, desta forma, na sua grande maioria, são passíveis de serem prevenidos, e que, a prevenção pode ser a antecipação dos acontecimentos evitando desta forma que algum dano aconteça, mediante o exercício dos cuidados físicos, materiais, emocionais, e a prevenção deve ser compreendidas e praticadas pelas famílias.

Schvartsman (1987) enumerou vários fatores que envolvem a intoxicação. Dentre estes, estão a ignorância das pessoas relativo aos produtos, aliada ao intenso consumo, o que induz à imprudência e à negligência das famílias durante o seu manuseio e acondicionamento. Existe ainda um grande número de produtos e substâncias com seus efeitos complexos que são comercializados sem as devidas explicações referentes, aos perigos do acondicionamento destes produtos, bem como a re-utilização dos recipientes.

Para Souza, Rodrigues e Barroso (2000) as intoxicações que ocorrem em crianças com idade inferior a 14 anos é uma realidade mundial constituindo-se em um problema de saúde pública, sendo que, na maioria destes acidentes os mesmos poderiam ter sido passíveis de prevenção mediante esforços conjuntos da família, equipes de saúde, grupos da sociedade e uma ação governamental eficaz.

Dentre as substâncias que mais causam intoxicação em crianças destaca-se os classificados domissanitários, que são os produtos utilizados nas atividades domiciliares como limpeza, desinfecção dentre outros. (FERRAZ, 1982).

Neste contexto, é de fundamental importância ações preventivas para a tentativa de minimização destes acidentes que em muitas vezes resultam em intoxicações das crianças.

Percebemos que o contexto do acidente inclui todos os níveis de prevenção, como a primária, com programas educativos e medidas de segurança, a secundária, tratando eficazmente e minimizando sequelas físicas, emocionais e sociais, e a terciária, reabilitando e reintegrando a criança e seus componentes físicos e socioculturais no contexto familiar e na sociedade (SOUZA, 1997, p. 108).

Desta forma, o ambiente familiar deve se conscientizar de ser o responsável pela manutenção da integridade das suas crianças e buscar proporcionar um ambiente seguro e saudável e para o seu crescimento, desenvolvimento e desta forma criar possibilidades para que estas crianças conquistem seu espaço no contexto produtivo e social (SOUZA, 1997).

“A prevenção deve ser abrangente, incluindo as ações dos profissionais de saúde e educação. Dos especialistas e dos responsáveis pela viabilização das estruturas socioeconômicas” (SOUZA, 1997, p.108).

A intoxicação em crianças tem se constituído em um grave problema de saúde pública. As complicações clínicas do paciente pediátrico intoxicado, como também os diversos agravos que podem originar sequelas, são fatores relevantes. Entende-se que a quantificação e qualificação destas intoxicações podem relatar importantes elementos que possam subsidiar ações com o propósito de redução do número dos casos, do número de sequelas ou do número de óbitos causados por

Intoxicação Exógena nas crianças, e desta forma, contribuir para uma qualidade de vida, bem como redução dos gastos públicos com a saúde.

Considerações Finais

De acordo com o que foi relatado fica evidente que as intoxicações exógenas em crianças tem sido um problema frequente nos atendimentos de emergência dos hospitais, visto que, quanto menor for a faixa etária da criança, menor será o seu senso de percepção de risco, tornando-as dependentes dos pais ou responsáveis, em termos de segurança contra acidentes.

Muitas vezes a intoxicação exógena ocorre por falta de esclarecimento e orientação à população sobre os cuidados que se deve ter com o acondicionamento das substancias tóxicas, mantendo-as fora do alcance das crianças, pois, durante a fase de crescimento e desenvolvimento, a curiosidade aumenta facilitando o contato com as substâncias nocivas, as plantas, os insetos, os medicamentos e os alimentos.

Na maioria das vezes, o contato ocorre com facilidade, principalmente no ambiente da cozinha, do banheiro, da lavanderia e do quintal. Desta forma, se deve considerar que a questão da prevenção dos acidentes consiste em antecipar os fatos buscando evitar quaisquer tipo de dano à criança.

Para se tentar evitar estes acidentes é necessário  primeiramente, a educação e a conscientização dos adultos, que abrangem os pais ou os responsáveis, os educadores, e outros. Destes, o principal responsável pela integridade da criança é o núcleo familiar, pois a família tem por obrigação proporcionar um ambiente saudável e seguro para o crescimento e desenvolvimento de suas crianças.

Finalizando, os profissionais de saúde através da educação em saúde deve reforçar sobre a importância, a necessidade e participação dos pais ou responsáveis por ensinar, desde cedo, às crianças a compreensão dos riscos do ambiente domiciliar que as envolvem e saber como evitá-los.

Mas, não é só dos profissionais da saúde a responsabilidade para a redução destes acidentes, também, as esferas governamentais devem ser atuantes e fazer cumprir a legislação e a fiscalização quanto à industrialização e comercialização dos produtos químicos. Quando se tem essa sinergia, melhora-se a qualidade de vida de uma população.

Referências:

AMADOR, J. C. Perfil das intoxicações agudas exógenas infantis na cidade de Maringá (PR) e região, sugestões de como se pode enfrentar o problema. Disponível em:

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em:

FERNANDES, F. Dicionário Brasileiro Globo. 36 ed., São Paulo: Rimotan, 1994.

FERRAZ, E. Manual de controle de infecção em cirurgia. São Paulo: EPU, 1982.

FIGUElREDO R. Emergência, condutas médicas e transporte. Rio de Janeiro: Koogan: 1996.

SCHVARTSMAN, S. Acidentes na infância. In: CARVALHO, O. Manual de pediatria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. p. 942-945.

SELLTIZ, C. et al.  Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: E.P.U., 687p, 1965

SOUZA, L. J. E. X .. Envenenar é mais perigoso: uma abordagem etnográfica. Fortaleza, UFC, 1997. 152 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará.

SOUZA, L.J.EX. de; BARROSO, M.G.T. Revisão bibliográfica sobre acidentes com crianças. Rev. Esc. Enf. USP., v.33, n.2, p. 107-12, jun. 1999.

SOUZA, L.J.E.X.de; RODRIGUES, A.K.de C.; BARROSO, M.G.T. A família vivenciando o acidente doméstico – relato de uma experiência. Rer. latino-am enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 1, p. 83-89, janeiro 2000.

VIEIRA, et aI. Envenenamento por carbonato em crianças: estudo descritivo. Revista brasileira em Promoção da saúde, 2005/ vol. 17, n. 004. Universidade Federal de Fortaleza – Fortaleza, Brasil. Pp. 193 -199.

Autora: Enfª. Maria Olinda de Azevedo Martins


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