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Drogas que aumentam a atividade...

Drogas que diminuem a atividade...

Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde – OMS, de 1981, droga é qualquer substância que, não sendo produzida pelo organismo, tem a propriedade de atuar sobre um ou mais sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento.

As drogas agem especialmente sobre o sistema nervoso central, sendo este responsável pela coordenação de todas as funções do corpo. Suas células são permanentes, ou seja, não são substituídas ao longo da vida como acontece com outros órgãos do corpo humano. Significa, portanto, que o uso de drogas afeta o organismo de forma agressiva provocando danos às vezes irreversíveis.

Há diversas formas de classificar as drogas. Quanto a sua legalidade elas podem ser divididas em lícitas, que podem ser livremente obtidas ou submetidas a certas restrições, são alguns medica­mentos que só podem ser adquiridos por meio de prescrição médica especial. E as ilícitas que são as proibidas por lei.

Quando atuam sobre o Sistema Nervoso Central (SNC), as drogas são chamadas psicotrópicas. Elas podem ser classificadas em três grupos, de acordo com a atividade que exercem junto ao cérebro: drogas depressoras que diminuem a atividade do SNC. O usuário desse tipo de droga fica “desligado”, “devagar”, desinteressado (álcool, barbitúricos, narcóticos são exemplos dessas drogas). As estimulantes são responsáveis por aumentar a atividade do cérebro. A pessoa que se utiliza dessas drogas fica “ligada”, “elétrica”, sem sono (anfetaminas e cocaína). E por fim as perturbadoras ou alucinógenas, que modificam qualitativamente a atividade do cérebro; não aumentam nem diminuem a atividade cerebral. O SNC passa a funcionar fora do seu normal.(maconha, cogumelos, LSD, ecstasy).

Grande parte das drogas alucinógenas são provenientes de plantas. Estas plantas foram descobertas, em sua maioria, por culturas primitivas, no passado, que ao sentirem os efeitos mentais das mesmas, passaram a considerá-las como “plantas divinas”, isto é, que faziam com que, quem as ingerisse, recebesse mensagens divinas, dos deuses, pois elevavam o homem a uma dimensão não material, provocando alucinações. Dessa maneira, esses povos e culturas, em seus rituais, acreditavam estar em contato com forças da natureza e suas divindades.

As drogas perturbadoras tiveram seu uso popularizado na década de 60, com o movimento hippie. Este fenômeno sociocultural tratava-se de uma revolta contra os valores exclusivamente, competitivos e materialistas, incorporados ao modo de vida das sociedades industriais que colocavam, em segundo plano, os sentimentos mais íntimos e as necessidades místico-religiosas. Nesta época, cresceu o número de pessoas que passaram a fazer uso de drogas alucinógenas como manifestação simbólica dos seus ideais.

Hoje, os adolescentes são o maior alvo dos programas de prevenção e combate ao uso de drogas. Entre os fatores que desencadeiam o uso de drogas pelos adolescentes, os mais importantes são as emoções e os sentimentos associados a intenso sofrimento psíquico, como depressão, culpa, ansiedade exagerada e baixa autoestima. O uso de drogas está intimamente relacionado à delinqüência.

As drogas perturbadoras interferem em diferentes tipos de neurotransmissores. Elas não são estimulantes, nem depressores clássicos. Elas podem prejudicar o raciocínio e a memória, ou prejudicar os reflexos e a velocidade de reação e, dependendo da droga e da dose, provocar distorções nos sentidos (visão, audição, paladar, tato, olfato) incluindo alucinações. Podem ser conhecidas também pelo nome de drogas alucinógenas, psicodélicos, psicoticomiméticos, psicodislépticos, psicometamórficos. Elas se subdividem em dois grupos, os de origem vegetal e os sintéticos.

Drogas de origem vegetal:

Maconha

Também conhecida como erva, haxixe, baseado, marijuana, a maconha é um conjunto de folhas secas do cânhamo (Cannabis Sativa) usadas como cigarro ou ingerida.

Até o início do século XX, a maconha era considerada em vários países, inclusive no Brasil, um medicamento útil para vários males. Mas também já era utilizada para fins não-médicos por pessoas desejosas de sentir “coisas diferentes”, ou mesmo que a utilizavam abusivamente. Em conseqüência desse abuso, e de um certo exagero sobre seus efeitos maléficos, a planta foi proibida em praticamente todo o mundo ocidental, nos últimos 50 a 60 anos.

Mas, atualmente, graças às pesquisas recentes, a maconha (ou substâncias dela extraídas) é reconhecida como medicamento em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole náuseas e vômitos produzidos por medicamentos anticâncer e tem efeito benéfico em alguns casos de epilepsia (doença que se caracteriza por convulsões ou “ataques”). Entretanto, é bom lembrar que a maconha (ou as substâncias extraídas da planta) tem também efeitos indesejáveis que podem ser prejudiciais.

O THC (tetraidrocanabinol) é uma substância química fabricada pela própria maconha, sendo o principal responsável pelos efeitos desta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso), a maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Essa variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a planta, pois todos sabem que há grande variação entre as pessoas. Assim, a dose de maconha insuficiente para um pode produzir efeito nítido em outro e até forte intoxicação em um terceiro.

Os efeitos que a maconha produz sobre o homem são divididos em físicos (ação sobre o próprio corpo ou partes dele) e psíquicos (ação sobre a mente). Esses efeitos sofrerão mudanças de acordo com o tempo de uso que se considera, ou seja, os efeitos são agudos (isto é, quando decorrem apenas algumas horas após fumar) e crônicos (conseqüências que aparecem após o uso continuado por semanas, ou meses ou mesmo anos).

Os efeitos físicos agudos são muito poucos, hiperemia conjuntival (os olhos ficam avermelhados), diminuição da produção da saliva (sensação de secura na boca) e taquicardia com a freqüência de 140 batimentos por minuto ou mais.

Efeitos físicos crônicos são problemas respiratórios uma vez que a fumaça produzida pela maconha é muito irritante, além de conter alto teor de alcatrão (maior que no caso do tabaco) e nele existir uma substância chamada benzopireno, um conhecido agente cancerígeno. Diminui em até 50 a 60% a quantidade de testosterona, conseqüentemente, o homem apresenta um número bem reduzido de espermatozoides no líquido espermático (em medicina essa diminuição chama-se oligospermia), o que leva à infertilidade.

Quanto aos efeitos psíquicos agudos podem ser descritos, em alguns casos, como uma sensação de bem-estar, acompanhada de calma e relaxamento, menos fadiga e hilaridade, enquanto, em outros ca­sos, podem ser descritos como angústia, atordoamento, ansiedade e medo de perder o auto­controle, com tremores e sudorese. Com doses maiores ou conforme a sensibilidade individual pode ocorrer perturbações mais evidentes do psiquismo, com predominância de delírios e alucinações.

Os efeitos psíquicos crônicos são interferência na capacidade de aprendizado e memorização. Pode induzir um estado de diminuição da motivação, que pode chegar à síndrome amotivacional, ou seja, a pessoa não sente vontade de fazer mais nada, tudo parece ficar sem graça, perder a importância.

Jurema

O vinho de jurema, preparado à base da planta brasileira Mimosa hostilis e chamado popularmente de jurema, é usado pelos remanescentes índios e caboclos do Brasil. Os efeitos desse vinho são muito bem descritos por José de Alencar no romance Iracema. Além de conhecido pelo interior do Brasil, só é utilizado nas cidades em rituais de candomblé, por ocasião da passagem de ano, por exemplo. A jurema sintetiza uma potente substância alucinógena, a dimetiltriptamina ou DMT, responsável pelos efeitos.

As reações psíquicas são ricas e variáveis. Às vezes, são agradáveis e a pessoa se sente recompensada pelos sons incomuns, cores brilhantes e pelas alucinações. Em outras ocasiões, os fenômenos mentais são de natureza desagradável, visões terrificantes, sensações de deformação do próprio corpo, certeza de morte iminente.

Efeitos físicos são pouco salientes, pois é um alucinógeno primário. Podem ocorrer dilatação das pupilas, sudorese excessiva, taquicardia, náuseas e vômitos.

Cogumelo

O uso de cogumelos ficou famoso no México, onde desde antes de Cristo já eram utilizados pelos nativos daquela região. Ainda hoje, sabe-se que o “cogumelo sagrado” é usado por alguns pajés. Recebe o nome científico de Psilocybe mexicana e dela pode ser extraída uma substância de poder alucinógeno a psilocibina.

No Brasil são encontradas pelo menos duas espécies de cogumelos alucinógenos, uma delas é o Psilocybe cubensis e a outra, espécie do gênero Paneoulus.

Os efeitos do uso de cogumelos variam de pessoa para pessoa e dependem do momento e do ambiente em que a droga é ingerida. De modo geral os cogumelos causam náuseas, vômitos, perturbações neurovegetativas, pulso lento, perturbações vasomotoras e neuro-sensoriais e sensações de vertigem, aparecem mal-estar, cansaço e sonolência, seguidos de estados de super-excitação, euforia, paz interior e necessidade de movimento. Terminado o ciclo, o usuário volta ao seu estado de consciência normal, guardando lembrança mais ou menos precisa de sua experiência.

Drogas sintéticas:

LSD (ácido lisérgico dietilamida)

Também conhecido como doce, ácido, gota, papel, microponto; foi sintetizado por Albert Hoffman em 1937, mas só em 1953 foram descobertos seus efeitos alucinógenos. Este químico alemão trabalhava num laboratório suíço na síntese dos derivados do ácido lisérgico, uma substância que impede o sangramento excessivo após o parto. A descoberta dos efeitos do LSD verificou-se quando Hoffman ingeriu, de forma não intencional, um pouco desta substância e se viu obrigado a interromper o seu trabalho devido aos sintomas alucinatórios que sentiu.

Pode ser consumida por via oral, injeção ou inalação, e se apresenta em forma de barras, cápsulas, tiras de gelatina e líquida; seus efeitos dependem muito da sensibilidade da pessoa às ações da droga, de seu estado de espírito no momento da utilização e também do ambiente em que se deu a experiência (duram em média 8 a 10 horas)

Seus efeitos mais comuns são distorções perceptivas (cores, formas e contornos alterados); fusão de sentidos (por exemplo, a impressão de que os sons adquirem forma ou cor); perda da discriminação de tempo e espaço (minutos parecem horas ou metros asseme­lham-se a quilômetros); alucinações (visuais ou auditivas) podem ser vivenciadas como sensações agradáveis, mas também podem deixar o usuário extremamente amedrontado; estados de exaltação (coexistem com muita ansiedade, angústia e pânico e são relatados como boas ou más “viagens”); ocorrem também aceleração do pulso, dilatação da pupila, convulsões raramente acontecem.

Outra repercussão psíquica da ação do LSD sobre o cérebro são os delírios, que podem ser de grandiosidade ou persecutórios, sendo o primeiro quando o individuo se julga com capacidades ou forças extraordinárias, por exemplo, capacidade de atirar-se de janelas, acreditando que pode voar, de ficar parado em frente a um carro numa estrada, julgando ter força mental suficiente para pará-lo. E os persecutórios quando o indivíduo acredita ver à sua volta indícios de uma conspiração contra si e pode até agredir outras pessoas numa tentativa de defender-se da “perseguição”.

Há descrições de pessoas que experimentam sensações de ansiedade muito intensa, depres­são e até quadros psicóticos por longos períodos após o consumo do LSD, é o caso do “flashback”, fenômeno onde são sentidos os efeitos da droga após um período de semanas ou meses sem usá-la.

Ecstasy (3,4-metileno-dioxi-metanfetamina ou MDMA)

Foi descoberto antes das anfetaminas ou dos alucinogéneos. Em 1912, os laboratórios alemães Merck isolaram acidentalmente o MDMA e em 1914 patentearam-no como inibidor do apetite, o qual não chegou a ser comercializado. Só nos anos 50 é que, com fins experimentais, foi utilizado pela polícia em interrogatórios e em psicoterapia.

Nos anos 60 e 70 conseguiu grande popularidade entre a cultura underground californiana e entre os freqüentadores de discotecas, o que levou à sua proibição em 1985. Foi batizado com o nome de Ecstasy pelos vendedores como uma manobra de marketing.

É uma droga de síntese pertencente à família das fenilaminas. As drogas de síntese são derivados anfetamínicos desta forma, o ecstasy tem ação alucinógena, psicodélica e estimulante.

É, geralmente, consumido por via oral, embora possa também ser injetado ou inalado. Surge em forma de pastilhas, comprimidos, barras, cápsulas ou pó. Pode apresentar diversos aspectos, tamanhos e cores, de forma a tornar-se mais atrativo e comercial.

Seus principais efeitos são sensação de intimidade e de proximidade com outras pessoas, aumento da comunicação, da sensualidade, euforia, despreocupação, autoconfiança e perda da noção de espaço, ocorrem também taquicardia, aumento da pressão sanguínea, secura da boca, diminuição do apetite, dilatação das pupilas, dificuldade em caminhar, reflexos exaltados, vontade de urinar, tremores, transpiração, câimbras ou dores musculares.

A longo prazo, o ecstasy pode provocar cansaço, esgotamento, sonolência, deterioração da personalidade, depressão, ansiedade, ataques de pânico, má disposição, letargia, psicose, dificuldade de concentração, irritação ou insônia. Estas conseqüências podem ainda ser acompanhadas de arritmias, morte súbita por colapso cardiovascular, acidente cérebro-vascular, hipertermia, hepatotoxicidade ou insuficiência renal aguda.

Seus efeitos surgem após vinte e setenta minutos, atingindo estabilidade em duas horas, pode agrupar efeitos da cannabis, das anfetaminas e do álcool.

O desenvolvimento de tolerância pode ser favorecido pelo uso contínuo do ecstasy. A dependência psicológica pode verificar-se, mas não existem dados conclusivos relativamente à dependência física.

Anticolinérgicos

Foram usados durante a Segunda Guerra Mundial por organismos militares, que viram neles um “soro da verdade”, pois sob seu efeito a pessoa sente-se como que embriagada e facilmente sugestionável.

São drogas que podem ser produzidas em laboratório e usadas como medicamentos no tratamento de al­gumas doenças, como o Mal de Parkinson. Tem a capacidade de bloquear as ações da acetilcolina, um neurotransmissor encontrado no SNC e no Sistema Nervoso Periférico (SNP). Podem ainda ser provenientes de plan­tas como a saia branca, a trombeteira e a zabumba.

É geralmente consumido em forma de medicamentos em quantidades excessivas, para que produzam alterações mentais, ou em forma de chás.

Tem como principais efeitos alucinações e delírios São comuns as descrições de pessoas intoxicadas em que elas se sentem perseguidas ou têm visões de pessoas ou animais. Esses sintomas dependem bastante da personalidade do indivíduo, assim como das circunstâncias ambientais em que ocorreu o consumo dessas substâncias.

Ocorrem também dilatação das pupilas e falta de reflexos, visão borrada, secura na boca e narinas, dificuldade respiratória, taquicardia, diminuição de pressão sanguínea, intestino preso e hipertermia. Com doses muito elevadas a intoxicação torna-se perigosa, pois há uma hipertermia, com isso pode haver uma hipotensão e chegar ao coma e até a morte. Cerca de dez minutos após a ingestão alguns sinais já podem ser notados passando a ter uma seqüência onde se tornam mais agudos. Seus efeitos duram de 2 a 3 dias.

São exemplos de drogas desse grupo: algumas plantas, como certas espécies do gênero Datura, conhecidas como saia branca, trombeteira ou zabumba, que produzem atropina e escopolamina; e certos medicamentos, como o tri-hexafenidil, a diciclomina e o biperideno.

Conclusão

A busca pelo uso de drogas não tem especificamente uma explicação convicta. Sabe-se, pela história, de que já foram utilizadas em culturas antigas a fim de ter contato com os deuses, por experimentarem uma sensação prazerosa, no caso das drogas de origem vegetal, e que num passado mais remoto, agora se tratando das sintéticas, já foram utilizadas legalmente como fármacos, a exemplo de anestésicos, supressores de apetite entre outros.

A necessidade de se proibir o uso de tais drogas está relacionada com os prejuízos causados por essas substâncias ao SNC do usuário, levantados por estudos feitos em diversos países. Entretanto, ainda são escassas informações mais detalhadas que mostrem como as substâncias químicas afetam o cérebro. Contudo é possível levantar alguns danos como déficit e falhas na memória, no aprendizado verbal, na capacidade de atenção entre outros.

Sendo assim, é de grande valia ter a oportunidade de compreender um pouco do que acontece no cérebro do ser humano que possui certo tipo de dependência química, ou que faz uso dessas drogas, viciantes ou não, tendo a consciência de que se trata de um hábito que trará certos tipos de prejuízos à saúde do indivíduo, sejam eles de curto ou longo prazo. É de fundamental importância que os profissionais de saúde, em destaque os enfermeiros, inseridos nas atividades de atenção à saúde mental na comunidade, tenham o bom-senso de executar suas funções com visão holística, fortalecendo o conceito de que saúde é complexo multifatorial, determinado por condições biológicas, culturais e psicossociais, sem perder a relação com o ambiente em que está inserido, procurando compreender o seu cliente como um todo, abraçando, também, a responsabilidade social.

Referências

Borges, IFU. Plantas tóxicas, venenosas e alucinógenas. Monografia apresentada ao Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos. São João da Boa Vista, Sp, 2005.Disponível em: http://www.psicmed.com.br/anticolinerg_33.html

Nicastri,S. Drogas: Classificação e efeitos no organismo. Disponivel em: http://50anosbsb.unb.br/SENAD/aula_4.pdf. Acesso em: agosto de 2010.

Resgate Especializado em álcool e drogas.Drogas . Disponível em: http://www.readpsiquiatria.com.br. Acesso em:agosto de 2010.

Brasil, Ministério da Saúde. Anticolinérgicos. Disponível em: www.saude.gov.br.  Acesso em: agosto de 2010.




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