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Humanizando o cuidado em pediatria

Conceito, evolução e usos da...

Quando tratamos de uma assistência de enfermagem de qualidade, com um planejamento sobre as ações e procedimentos, onde todos os profissionais possuem sua participação, percebemos que existe todo um universo de estudo com base nas ações diárias que ocorrem no ambiente de trabalho. Para que todas estas ações sejam concretizadas, utilizamos a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), onde a enfermeira irá acompanhar o paciente desde o momento que houver o primeiro contato, até a sua alta e em alguns casos, continuando o acompanhamento em domicílio. A Lei n° 272 de 2002 garante à enfermagem brasileira a elaboração e execução da SAE pelos profissionais em seu ambiente laboral. Contudo, outorga como atividade privativa do enfermeiro a responsabilidade de executá-la, pois é necessário conhecimento científico para a identificação das ações de saúde e doença, além do planejamento das ações nos níveis de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo.

Processos de Enfermagem

Em seu livro, Wanda Horta (1979) define que as ações realizadas pelo enfermeiro podem ser executadas através do Processo de Enfermagem, onde a autora define em seis passos inter-relacionados. Todos se vinculam com o indivíduo, a família e a comunidade:

1 – Histórico de Enfermagem;

2 – Diagnóstico de Enfermagem;

3 – Plano Assistencial;

4 – Plano de Cuidados ou Prescrição de Enfermagem;

5 – Evolução;

6 – Prognóstico.

Ainda se tratando do processo descrito por Horta, o primeiro passo (histórico de enfermagem) se baseia em levantamento de dados através de um roteiro sistematizado com o objetivo de identificar os problemas.

Através destes dados devidamente analisados, vamos para o segundo passo (diagnóstico de enfermagem) que é a identificação das necessidades dos pacientes.

Entendendo estas necessidades passamos para o terceiro passo (plano assistencial), onde encontramos a observação, encaminhamentos e cuidados.

Então caminhamos ao quarto passo, no qual o enfermeiro irá prescrever as ações que serão realizadas, onde irá ser implementado o plano assistencial.



A todo este planejamento, vamos ao quinto passo (evolução), que cabe ao enfermeiro observar como o paciente está reagindo perante as ações implementadas, esta é uma ação que deve ser diária e dependendo pode-se realizar a avaliação varias vezes ao dia.

Finalmente alcançamos o sexto e último passo (prognóstico) que é onde o paciente irá nos mostrar se ele irá conseguir voltar a realizar suas atividades diárias básicas e de que forma ele irá conseguir.

O Processo de Enfermagem é visto por vários enfermeiros como uma ação falha, irreal e que dificilmente poderá ser executada com exatidão; essa descrença se acentua quando tratamos dos técnicos e auxiliares de enfermagem onde facilmente encontramos os comentários de que só realizam a SAE quando possuem tempo, pois a rotina de trabalho é sempre estressante, que a instituição não apóia como deveria e que não são estimulados a cumprir a SAE.

Para que não ocorra o desperdício de tempo na realização do processo e para que não haja dúvidas sobre sua utilidade, podemos sugerir que o enfermeiro use de sua criatividade na elaboração e execução do processo.

¹Atualmente no Brasil está sendo utilizado os Diagnósticos de Enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), porém algumas instituições adotam o Nursing Diagnoses de Lynda Juall Carpenito-Moyet. Não existe obrigatoriedade no qual usar, depende da instituição.

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)

O Processo de Enfermagem descrito por Wanda Horta, nos dias de hoje, é muito considerado como uma ferramenta importante para a realização da assistência. Através da sua utilização, com um processo de trabalho sistematizado, nós temos a Sistematização da Assistência de Enfermagem.

A SAE possui um papel importante no dia a dia do enfermeiro, é uma ferramenta utilizada para direcionar as ações, planejar o cuidado e entender os problemas e a evolução do enfermeiro de forma organizada, clara, embasada legalmente e que atende as necessidades da comunidade atendendo a todos as práticas assistenciais como modelo de trabalho.

A Lei 272/2002 diz que a implementação da SAE constitui de melhoria para a qualidade da assistência, e incumbem todas suas etapas ao enfermeiro, devido ao seu conhecimento técnico e científico. Privativamente cabe ao enfermeiro:

• Consulta de Enfermagem – entrevista (histórico), exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem.

Para a implementação da assistência de enfermagem, é necessário seguir alguns passos para a realização da SAE:

• Histórico – consiste no levantamento dos problemas apresentados pelo paciente, inclui investigação social, rituais e costumes dos pacientes, entender a história pregressa da doença presente (quando, como, onde, o que já foi realizado, procurou outros serviços?);

• Exame Físico – consiste no exame físico céfalo-podal do paciente, observando todos os locais, não apenas onde possui queixas. Este é um procedimento exclusivo do enfermeiro;

• Diagnóstico de Enfermagem – outro procedimento exclusivo do enfermeiro; devem ser apontados aqui todos os problemas que foram levantados através do histórico e do exame físico através de um julgamento clínico;

• Prescrição da Assistência de Enfermagem – após o levantamento dos problemas, o enfermeiro deverá dispor à forma em que deverá ser realizado a assistência, dirigindo e orientando a equipe de enfermagem quanto aos cuidados que deverão ser prestados;

• Evolução da Assistência de Enfermagem – após a realização de todas as etapas anteriores, o enfermeiro deverá relatar através da evolução de enfermagem, tudo o que foi levantado, observado e ocorrido durante o planejamento e processo de cuidado, todas as reavaliações, maneiras que o paciente reagiu com o tratamento disposto e novos problemas apresentados, deve ser realizado a cada vinte e quatro horas, porém pode ser atualizada sempre que necessário;

• Relatório de Enfermagem – esta etapa do processo pode ser realizada por todos da equipe de enfermagem (técnicos e auxiliares), aqui se deve descrever todos os cuidados que foram realizados ao paciente.

Existe ainda por parte da equipe de enfermagem, certa confusão sobre quem deve realizar os passos da SAE, mas para que fique claro, o enfermeiro, por possui conhecimento técnico e científico, é incumbido do planejamento e execução da SAE, isto é: o enfermeiro é quem colhe os dados, realiza o exame físico, faz os diagnósticos, prescreve a assistência e realiza a evolução.

Cabe aos técnicos e auxiliares de enfermagem ser orientados pelo enfermeiro sobre quais medidas serão adotadas e realizar o relatório de enfermagem (porém devem-se atentar quanto ao uso de alguns termos, pois podem ser confundidos com o exame físico).

Formas de Execução da Sistematização da Assistência de Enfermagem

Primeiramente, devemos ressaltar que a SAE deve ser toda relatada e descrita em forma de documento, é necessário que haja um impresso próprio. O enfermeiro tem autonomia para formular este impresso tão importante.

Pode ser utilizado escalas de mensuração de dor, coma, risco de úlceras, risco de quedas, e várias outra inúmeras escalas que existem nos dias de hoje. Apenas devemos utilizar a que está melhor relacionada com o perfil da unidade em que será submetida.

Para a agilidade na execução da SAE, podemos utilizar meios mais práticos como o uso de check list, uso da tecnologia como palm, pads, computadores, etc. Existem hoje programas específicos para a enfermagem que no dia a dia faz uma enorme diferença em relação ao tempo de trabalho que é gasto escrevendo.

Qualidade da Assistência

Todos nós concordamos que para qualquer projeto obter sucesso é necessário que haja um planejamento por trás, isso inclui possuir conhecimento, respeitar e filtrar opiniões diferentes, aceitar críticas, etc.

Na realização da assistência de enfermagem não é diferente. Para que haja qualidade no cuidar, é necessário todo um planejamento; realizar atividades com a equipe a fim de motivar, sanar suas dúvidas, criar um ambiente em que os profissionais se sintam impulsionados a procurar novos conhecimentos e promover atualização constante dos procedimentos através de educação continuada.

Gerir a qualidade pode ser conceituado como a forma que se administra a qualidade. É necessário levar em consideração vários aspectos como: a opinião dos clientes que estão sendo atendidos, a opinião da equipe sobre a forma de trabalho que está sendo adotada, desenvolvimento de estratégias, manter os propósitos constantes. Estes aspectos podem nortear onde está sendo necessária maior observação, onde está merecendo mudanças e onde as metas já foram alcançadas.

O que Podemos Concluir?

Não podemos deixar passar em branco que desde os primórdios da enfermagem sempre houve repressão de várias outras classes profissionais e da sociedade em cima de nossa profissão.

Porém, quando nós passamos a estudar, organizar a assistência de nossa unidade de trabalho, passamos a mostrar que nossa profissão está muito evoluída. Hoje já trabalhamos com autonomia, possuímos leis que nos respaldam e uma equipe em que podemos nos apoiar.

A SAE é um grande avanço em nossa área, com ela podemos realizar os cuidados necessários aos pacientes de forma organizada e padronizada. Com uma equipe bem treinada, é possível que a qualidade da assistência melhore significativamente, e que com isso, o serviço é valorizado.

A eficiência das nossas ações cabe a nós mesmo.

Referências:

RESOLUÇÃO COFEN – 272/2002 – Revogada pela Resolução COFEN nº 358/2009.

Processo de Enfermagem – Wanda de Aguiar Horta – São Paulo : EPU 1979.

Autora: Déborah Aldin Fontalva



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