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As desordens funcionais são um dos grandes desafios da medicina atual, pois são caracterizadas por um conjunto de sintomas que ocorrem sem que existam causas anatômicas ou orgânicas definidas que os expliquem. A Síndrome do Intestino irritável (SII) é uma doença funcional do trato gastrointestinal de caráter crônico, muitas vezes recorrente, com quadro clínico pouco específico, onde sintomas como dor abdominal e alterações da função intestinal são predominantes (COSTA, 2005; SOARES, 2001; WGO, 2009).

Sabe-se que, atualmente, a SII é uma desordem de alta prevalência, atingindo cerca de 9% a 23% da população mundial, sendo uma das causas mais frequentes de consultas médicas com clínicos gerais e gastroenterologistas. É uma alteração mais comum em pessoas jovens, principalmente entre as mulheres, sendo seu diagnóstico realizado com base nos sintomas e através de exames, quando necessário, para que sejam excluídas doenças orgânicas (BEYER, 2010; CATAPANI, 2004; IFFGD, 2014; HARDIN; STEWART, 2004).

De fisiopatologia inespecífica e complexa, onde muitos fatores podem estar envolvidos, como hipersensibilidade visceral e alterações da microbiota intestinal, a SII tem curso benigno, porém, seus diversos sintomas podem diminuir notavelmente a qualidade de vida dos pacientes, pois a sociabilidade e produtividade ficam extremamente comprometidas, causando grande absenteísmo (escolar e trabalhista), e ainda, aumento dos custos com tratamentos e serviços médicos (BAYER, 2010; MISZUPTEN; AMBROGINI, 2007; PASSOS, 2006).

O tratamento desta desordem deve ser personalizado e realizado com base na intensidade dos sintomas e na sua associação com transtornos psicossociais, podendo abranger assim, várias modalidades como: tratamentos medicamentosos, mudanças no estilo de vida, tratamentos psicológicos e alterações da dieta, incluindo a utilização de probióticos, já que diversos estudos tem investigado seu papel na terapia da SII (PASSOS, 2006; QUILICI et al., 2008).

Os probióticos são “micro-organismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo”. Como se sabe, o sistema digestivo abriga inúmeras bactérias necessárias à saúde, e qualquer modificação do ambiente intestinal terá influência nessa população bacteriana, gerando problemas de saúde. Assim, os probióticos têm demonstrado eficácia na prevenção e no tratamento de várias condições médicas, particularmente as que envolvem o trato gastrointestinal, já que é neste local onde inúmeros processos inflamatórios e imunológicos tem início (BRASIL, 2002; MORAIS; JACOB, 2006; TALBOTT; HUGHES, 2008; WILLIAMS, 2010).

Diversos micro-organismos podem ser utilizados como probióticos, sendo os principais, os pertencentes dos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus. Seus efeitos dependem da matriz onde são veiculados e da dose ingerida, podendo ser consumidos através de iogurtes, leites fermentados e outras formulações (COPOLLA; TURNES, 2004; NOGUEIRA; GONÇALVES, 2011; OLIVEIRA, 2013; SANTOS et al., 2011).

A administração de probióticos tem efeitos significativamente positivos sobre a melhora dos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável, sendo uma alternativa útil de tratamento. No entanto, mais estudos devem ser realizados para melhor elucidar o efeito, o mecanismo de ação e a dosagem mais adequada de consumo destes micro-organismos.

Referências:

BEYER, Peter L. Tratamento médico nutricional para doenças do trato gastrointestinal inferior: Doenças Intestinais Inflamatórias. In: MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 12. ed. Rio De Janeiro: Elsevier, 2010. Cap. 27, p.689 – 696.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada – RDC – nº. 02, de 07 de janeiro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico de Substâncias Bioativas e Probióticos Isolados com Alegação de Propriedades Funcionas e ou de Saúde. Diário Oficial da União, 09 de janeiro. 2002.

CATAPANI, Wilson R.; Conceitos atuais em síndrome do intestino irritável. Arquivos Médicos do ABC, Santo André, v. 29, n.1, p.19-21, 2004.

COPPOLA, Mário de Menezes; TURNES, Carlos Gil. Probióticos e resposta imune. Revista Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.4, p.1297-1303, jul-ago, 2004.

COSTA, Clóvis Duarte. Distúrbios Funcionais do Trato Gastrointestinal. Revista da Faculdade de Ciências Médicas, Sorocaba, v.7, n.3, p. 3, ago. 2005. HARDIN, Kimeron; STEWART, William. Síndrome do intestino irritável. In: CATALANO, Ellen Mohr;

HARDIN, Kimeron N. Dores crônicas: Um guia para tratar e prevenir. São Paulo: Summus, 2004. Cap. 19, p.243-250.

IFFGD – International Foundation for Functional Gastrointestinal Disorders. Gynecological Aspects of Irritable Bowel Syndrome. Disponível em: Atualizado em: 24 jan. 2014. Acesso em: 29 abr. 2014.

MISZPUTEN, Sender Jankiel; AMBROGINI, Orlando. Síndrome de Intestino Irritável. IN: MISZPUTEN, Sender Jankiel. Guia de Gastroenterologia. 2. ed. Barueri: Manole, 2007. Cap. 28. p. 305-313. (Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar).

MORAIS Mauro Batista de; JACOB, Cristina Miuki Abe. The role of probiotics and prebiotics in pediatric practice. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 82, n. 5, Suppl. S189-S197, 2006.

NOGUEIRA, Janaína Cândida Rodrigues; GONÇALVES, Maria da Conceição Rodrigues. Probióticos – Revisão da Literatura. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, [S.l.], v. 15, n. 4, p.487-492, 2011.

OLIVEIRA, Maricê Nogueira de. Incorporando probióticos em alimentos. In: LERAYER, Alda; BARRETO, Bruno .A.P. In Gut We Trust. São Paulo: Elsevier, 2013. Cap. 3 p. 55–102.

PASSOS, Maria do Carmo Friche. Síndrome do intestino irritável – Ênfase ao Tratamento. Jornal Brasileiro de Gastroenterologia, Rio de Janeiro, v.6, n.1, p.12-18, jan.-mar. 2006.

QUILICI, Flávio Antônio et al. Síndrome do Intestino Irritável. In: MINCIS, Moysés. Gastroenterologia e Hepatologia – Diagnóstico e Tratamento. 4ª ed. São Paulo: Casa Leitura Médica, 2008. cap. 42. p 523 – 531.

SANTOS, Rosilene Brito et al. Probióticos: microrganismos funcionais. Revista Ciência Equatorial, Macapá, v.1, n.2, p. 26–38, 2011.

SOARES, Rosa Leonôra Salerno et al. A Síndrome do Intestino Irritável Associada à Intolerância Alimentar. Criação de um perfil clínico-epidemiológico regional – Avaliação em duas regiões geográficas brasileiras- Sudeste e Amazônia. Revista Mundo e Vida, Niterói, v.2 (1/2), p. 20-32, 2001.

TALBOTT, Shawn; HUGHES, Kerry. Suplementos para Suporte Gastrintestinal. IN:______ , Suplementos Dietéticos para profissionais de saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Cap. 10, p. 261–286.

WGO – World Gastroenterology Organization – Global Guidelines. Síndrome intestino irritável. 23.p., Abr. 2009. Disponível em: Acesso em: 11 mar. 2014.

WILLIAMS, Nancy Toedter. Probiotics. American Journal of Health-System Pharmacy, [S.l], v. 67, n. 6, p. 449-458, mar., 2010.

Autora: Taiane R. Dietz



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