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Sindrome de Burnout nos Servidores...

Negociação na enfermagem

Descrito como uma Síndrome de esgotamento emocional, o Burnout foi identificado em indivíduos que se dedicam às necessidades de outras pessoas, muito freqüente entre enfermeiros, acarretando uma sensação de que a pessoa não tem mais nada a oferecer em nível psicológico, segundo Cimiotti (2011).

Para Jodas (2008), através do cotidiano profissional, os enfermeiros sofrem com um processo gradual de desgaste de humor e desmotivação acompanhados de sintomas físicos e psíquicos. A Síndrome pode ser caracterizada por três dimensões sintomatológicas: falta de envolvimento no trabalho, estresse, insensibilidade emocional ou endurecimento afetivo e exaustão emocional podendo haver presença de esgotamento físico.

Devido a serem os únicos profissionais a acompanharem seus pacientes em tempo integral, a enfermagem se torna mais vulnerável ao desenvolvimento de estresse relacionado à assistência ao paciente, segundo Cimiotti (2011).

Burnout e a Enfermagem

Benetti (2009), refere que o trabalho nem sempre é prazeroso devido ao aumento diários da complexidade da prestação de serviços. Que o convívio direto com o sofrimento, a dor e a morte; a diminuição do valor social e profissional; a carência de recursos e a sobrecarga de trabalho são fatores predisponentes para a ocorrência do Burnout.

Jodas (2009), coletou dados em uma unidade de emergência de um hospital público onde a maioria dos entrevistados foi de técnicos de enfermagem, e constataram que grande parte dos entrevistados possuía risco para o desenvolvimento de Burnout, vários profissionais possuíam sintomas como dores pelo corpo, sentimento de faltar tempo para si, dificuldades com o sono e sentimento de cansaço mental.

Como sugestão, Lunardi (2011), refere que para a saúde do exercício são fundamentais que existam dialogo aberto entre as chefias e as enfermeiras, procurando medidas para o alívio das frustrações, promover que os profissionais estejam próximos ao desenvolvimento de políticas organizacionais, realização de atividades grupais e educação continuada.

Descrito como um paradoxo, o cuidado de enfermagem que expresso de forma sublime aliviando o sofrimento do próximo, quando o sofrimento inicial está intrínseco no profissional de enfermagem devido a vários fatores como já relatados (interação interprofissional decadente, insatisfação laboral, etc).

A motivação é classificada em duas formas: intrínseca e extrínseca:

• Intrínseca – descrita como uma “auto-motivação”, aquela que o indivíduo busca dentro de si mesmo fatores que o estimulem a realizar algo, a ir em busca de novos desafios;

• Extrínseca – aquela que o indivíduo busca em outras pessoas, em fatos que acontecem no meio social, ou seja, a pessoa se sente estimulado a seguir com seus planos e projetos após receber um elogio de um superior no serviço, um “muito obrigado” de uma pessoa que recebeu seu atendimento, ou também podemos citar como exemplo, após a participar de uma palestra sobre motivação, a pessoa resolve realizar aquele sonho que já há vários meses vem planejando.

Ainda falando sobre motivação, o profissional de enfermagem em sua rotina diária pode ser desmotivado por inúmeros fatores, como a desvalorização profissional, onde outros profissionais acreditam que possuem um trabalho mais importante do que o do enfermeiro, ou onde a autonomia não seja respeitada. Muito comum é que o enfermeiro seja tratado como um “auxiliar do médico” onde a cultura local não permite que o enfermeiro realize seu trabalho de forma digna. Com isso a desmotivação extrínseca é ocorrida.

A Síndrome de Burnout nos profissionais de enfermagem também pode ocorrer quando seu atendimento prestado ao paciente não possui a recíproca esperada, assim, o profissional por várias vezes acredita que está fazendo o seu melhor para o atendimento, mas o cliente não concorda com o cuidado prestado, essas situações podem frustrar o profissional, e assim podemos citar este como mais um fator predisponente ao esgotamento emocional.

A motivação do profissional é relevante ao ponto que seu trabalho pode ser prejudicado quando não há satisfação pessoal, quando a instituição, ou outros profissionais, assim como a clientela aparentemente não estão satisfeitos com o atendimento prestado por tal profissional, então entramos na questão, seria o profissional culpado por tamanha exaustão emocional e falta de envolvimento afetivo devido a não se motivar intrinsecamente, ou a instituição que não possui uma política de valorização profissional eficiente para que previna a ocorrência do Burnout?

Considerações Finais

No nosso cotidiano convivemos com vários profissionais que não estão felizes com seu emprego devido a instituição não atender suas expectativas iniciais, aonde os leva a freqüentemente ir em busca de outras oportunidades de serviço, levando a um turn over elevado. Assim também podemos citar aqueles colegas de trabalho que usam os filhos como “muletas” para faltar ao serviço (não teve com quem deixar, o filho ficou doente), então sempre estão com atestados médicos, falta no trabalho e rebeldia quando comparece ao trabalho. Seria essa uma forma de acometimento por Burnout, porém que pode se tornar um “círculo vicioso” se não houver intervenção profissional (como auxílio psicológico, da chefia).

Em se tratando da assistência de qualidade ao paciente, os profissionais empenhados em realizar um trabalho digno, muitas vezes se esbarram contra barreiras que são de difícil solução devido a políticas organizacionais e o convívio em equipe dificultoso, o que com o passar do tempo traz desmotivação que ocasiona a Síndrome de Burnout. Com isso, se torna necessário que a chefia entre em contato direto com a equipe elaborando planos para motivação e encorajamento profissional.

Referências

CIMIOTTI, Jeannie P. AIKEN Linda H. Burnout – Gestão em Enfermagem: ferramentas para a pratica segura. São Caetano do Sul, SP. Yendis Editora, 2011.

JODAS, Denise A. HADDAD, Maria C. L. Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paulista de Enfermagem 22(2): 192-7 2009.

BENETTI, Eliane R. R. STUMM, Eniva M.F. IZOLAN, Fernanda. et.al. Variáveis de Burnout em profissionais de uma unidade de emergência hospitalar. Cogitare Enfermagem. Abril/Junho, 14(2): 269-77 2009.

LUNARDI, Valéria L. VARLEM, Edison L.D. BULHOSA, Michele S. et.al. Sofrimento moral e a dimensão ética no trabalho da enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, julho/agosto; 62(4): 599-603 2009.

Autora: Enfª. Esp. Déborah Aldin Fontalva


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