arrow-down cart
anchor-to-top

História da Psiquiatria no Brasil...

Derrame Pleural

Não se pode falar da história prevencionista sem mencionar a história da ergonomia, quem conhece o seu passado, entende o presente e planeja o futuro. Segundo Militão (2001), a ergonomia é uma ciência multidisciplinar que estuda a relação do homem com o seu trabalho, seu objetivo básico é a humanização e a melhoria da produtividade do sistema de trabalho. Para tanto, procura fornecer meios para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, adaptando o trabalho às características anatômicas, fisiológicas e psicológicas destes.

Para Couto (1995), o início da história da ergonomia remota a criação das primeiras ferramentas que melhor se adaptasse à forma e movimento de sua mão, definindo assim a ergonomia como um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre o ser humano e o trabalho.

Segundo Iida (2005), a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho, neste sentido tem uma acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva, sendo assim, é possível identificar não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais.

O autor citado afirma que a ergonomia tem uma visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem durante e após o trabalho, sendo esta uma ciência fundamental para boas práticas de prevenção, em qualquer âmbito empresarial. O pensamento nas boas práticas e na melhor qualidade de trabalho é cada vez mais necessário, para a busca constante da satisfação pessoal e profissional do indivíduo.

Nascimento e Moraes (2000) citam que a ergonomia é a relação entre o homem e seu posto de trabalho de um modo geral, tendo como principal objetivo adaptar o ambiente e/ou a máquina ao homem, proporcionando uma maior segurança, conforto e bem estar dos trabalhadores, sendo observado uma consequente redução das nocivas lesões, fadiga, estresse e os acidentes de trabalho, tendo assim uma maior satisfação durante o seu relacionamento com esse sistema produtivo.

Segundo os autores supracitados pode-se perceber uma maior interação e motivação deste trabalhador com o seu posto de trabalho, observando-se desta forma uma preparação preventiva dos problemas de saúde relacionados ao trabalho. Assim, a atuação da ergonomia nas empresas cresce vertiginosamente, já que nos dias atuais há um novo olhar das mesmas para o trabalhador, sendo este valorizado não somente por sua capacidade produtiva, mas também por sua capacidade intelectual, assim este trabalhador é submetido a ações preventivas com o objetivo de combater doenças osteomusculares.

Conforme Veronesi (2008), a preocupação da ergonomia com a qualidade de vida do trabalhador surge como forma de corrigir os erros do ambiente do trabalho e prevenir futuros acidentes laborais. A busca pela melhoria da qualidade do trabalho dos funcionários, tem sido para várias empresas uma forma de estimular o bom desempenho na produtividade e qualidade de vida deste trabalhador, tendo em vista a crescente inovação das mesmas, mediante o incentivo na qualidade do ambiente de trabalho.

Segundo Chiavenato (2001), pesquisas começaram a surgir, tendo os estudos mais sistemáticos sobre o trabalho por volta do final do século XIX. Nessa época surge, nos Estados Unidos, o movimento da administração científica, que ficou conhecida como taylorismo, o qual propunha diminuir as atribuições dos trabalhadores, especializando assim, suas funções.

Taylor apud Iida (2005) considerava que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que, para cada tarefa, fosse estabelecido o método correto de executá-la com um tempo determinado, usando as ferramentas corretas. Para tanto, houve uma divisão de responsabilidade entre os trabalhadores e a gerência da fábrica, cabendo a esta determinar os métodos e o tempo de execução de cada tarefa, de modo que o trabalhador pudesse se concentrar unicamente na atividade produtiva.

Segundo Iida (2005), as idéias de Taylor difundiram-se rapidamente nos Estados Unidos, já que as mesmas tinham grande influência sobre o capitalismo. Estas eram atividades cronometradas e os trabalhadores recebiam incentivos salariais, proporcionais às produtividades de cada um. Praticamente, em todas as fábricas foram criadas departamentos de análise do trabalho para fazer cronometragens e desenvolver métodos racionais de trabalho.

Para o referido autor isso provavelmente contribui para a grande hegemonia mundial das indústrias norte-americanas na produção massificada de bens, mas também gerou outros problemas, os quais são percebidos suas influências até os dias atuais, sendo o mais agravante, a alta competitividade, pois esta gera alta produção, a qual conseqüentemente levará o indivíduo a ter um índice elevado de trabalho, onde o este poderá ter prejuízos imensuráveis para a sua saúde.

Nascimento e Moraes (2000), afirmam que o taylorismo gerou uma resistência e desinteresse entre os trabalhadores, onde o mesmo descumpria regras estabelecidas pela gerência. Evidentemente, decorrido quase um século a partir das idéias de Taylor, muita coisa modificou-se. Os trabalhadores de hoje são mais instruídos, mais informados e mais organizados e não aceitam tão passivamente as determinações impostas de “cima para baixo”. A partir disso, muitas mudanças foram introduzidas para adaptar as ideias de Taylor, onde pode-se perceber um ganho na área preventiva.

Remi (2003), a prevenção é uma abordagem que, quando adotada na gestão dos processos produtivos, tem implicações positivas no nível qualidade e redução de afastamentos por doenças osteomusculares, além de minimizar gastos com estes afastamentos.

Atualmente, há um respeito maior às individualidades, às necessidades do trabalhador e às normas de grupo. Na medida do possível, procura-se envolver os próprios trabalhadores nas decisões sobre seu trabalho. Uma das conseqüências dessa nova postura gerencial foi a gradativa eliminação das linhas de montagem, onde cada trabalhador realiza tarefas simples e altamente repetitivas, definidas pela gerência (IIDA, 2005, p. 11).

Araújo (2002) explica que o trabalho pode ser compreendido por concepções distintas, onde estas são responsáveis pelo prazer e a sobrevivência do homem, porém este mesmo trabalho pode ser fator estressante e de risco às doenças ocupacionais.

Conforme Iida (2005), as linhas de montagem consideradas, até pouco tempo atrás, como o supra-sumo do taylorismo, parecem que estão condenadas a serem substituídas por equipes menores, mais flexíveis, chamadas de grupo autônomo, pode-se assim perceber quão evolutivo vem acontecendo o processo da valorização do trabalhador mediante tarefa que o mesmo venha a realizar. Porém, muitas empresas ainda vêm a ergonomia como fatores sugestivos de custo para a empresa, no entanto é fato que este custo resultará em economia para o setor empresarial, mediante a redução de afastamento e absenteísmo dos trabalhadores.

No sistema produtivo de grupo autônomo, cada grupo se encarrega de fazer um produto completo. Há um movimento inverso do taylorismo, promovendo a apropriação do conhecimento pelo grupo. A distribuição de tarefas a cada trabalhador é decidida pelos próprios elementos da equipe. Portanto, há mais liberdade para cada um escolher as suas tarefas, podendo haver rodízios periódicos dentro da equipe para reduzir a monotonia e a fadiga (IIDA, 2005, p. 12).

Segundo Nascimento e Moraes (2000), a ergonomia é eficiente em oferecer conforto e bem-estar ao trabalhador tanto no seu posto de trabalho quanto no lar e em seu lazer, graças às aplicações de conhecimento científicos das áreas humanas e exatas. Com isso podendo intervir de três formas: ergonomia de concepção, correção e conscientização.

De acordo com Iida (2005), a ergonomia classifica-se em concepção, correção, conscientização e participação. Onde é feito uma contribuição ergonômica durante a formação da empresa, como projeto do produto, da máquina e do ambiente, esta é chamada de ergonomia de concepção. Após a formação da empresa, entra a ergonomia de correção que terá como objetivo solucionar problemas já existentes, que se refletem na segurança dos trabalhadores e na quantidade e qualidade da produção. Em seguida, é feito um trabalho de conscientização, onde através de cursos de treinamento e reciclagem, os trabalhadores aprendem como agir em situações de emergência e imprevistos surgidas no seu ambiente de trabalho, além de mantê-los informados, sendo assim, sua participação torna-se direta na empresa, sendo esta fundamental na solução de problemas preventivos.




A ergonomia pode ser caracterizada apenas como percepção e correção, onde na percepção a ação se faz precoce, tendo bastante preocupação com o posto de trabalho para a adequação do trabalhador. Já na ergonomia de correção existe o tratamento das lesões acometidas pelo ambiente e ou setor de trabalho, na tentativa de melhorar a atividade do trabalhador de forma produtiva e qualitativa.

De acordo com Iida (2005), surgiu uma nova realidade na integração dos mercados, sendo esta realidade consequência da queda das barreiras comerciais, aumentando assim a competitividade na empresa, onde a mesma teve uma mudança na forma e no seu modo de produzir e manter seus lucros.

Conforme Veronesi (2008), o novo modo das sociedades se organizarem decorre do aumento do fluxo de informações, que configura uma verdadeira revolução cívica, na qual a comunicação tem papel primordial, sendo observados hoje cidadãos cada vez mais informados e conscientes, os quais esperam que as empresas tenham não só direitos, mas também responsabilidades para com as sociedades onde e com quem atuam, podendo estas responsabilidades darem respaldo à empresa, além de vantagem competitiva, pois estas tornaram-se uma questão de estratégia  financeira e de sobrevivência empresarial, sendo desta forma agentes sociais no processo de desenvolvimento e responsabilidade mediante seus colaboradores.

Fidelis (2007) cita que a satisfação e insatisfação não são apresentadas em pólos opostos, e sim que estas são expostas em conjunto, sendo reconhecida como teoria dos dois fatores, onde uma visa evitar o desconforto e a outra induz o indivíduo a crescer como ser humano.

Segundo Veronesi (2008) o SEBRAE (2006) afirma, faz parte da responsabilidade citada acima, o estudo, a identificação e as ações envolvendo o ambiente de trabalho, ações como as sugeridas por um laudo ergonômico ou um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), os quais serão suportes de grande valia para a empresa e para a saúde do trabalhador.

Segundo Abrahão (2000), a contribuição da ergonomia na introdução de inovadas tecnologias vem favorecer de forma relevante a saúde do trabalhador e a qualidade de sua produtividade, pois o indivíduo motivado e valorizado em seu ambiente laboral desenvolverá repercussões plausíveis mediante sua produtividade.

De acordo com Veronesi (2008), as pessoas valorizam a empresa e se dedicam a ela, quando percebem que suas expectativas, anseios e principalmente necessidades estão sendo levadas em consideração. Se for possível trabalhar em um grupo em que, além de resultados para empresa, cultive-se qualidade de vida e satisfação pessoal, é desejoso ir ao trabalho, assim o trabalhador poderá desfrutar de um bem estar físico e mental, podendo este valorizar o seu setor laboral, o qual será divulgado por seu respeito para com seus funcionários, e que faz algo estimulador, além de apenas vender produtos e/ou serviços. Mas investe em pessoas, no seu conhecimento profissional e pessoal, cuidando de sua saúde, dando-lhes oportunidades de uma melhor qualidade de vida e assegurando-lhes de uma integração no grupo que lhe valorize não só pelo seu poder profissional, mas que acima de tudo lhe valoriza como um ser humano digno que é.

Conforme o autor acima citado, os programas de ergonomia requerem tempo, dedicação e também uma liderança determinada a enfrentar os problemas para levá-los até o fim. Um dos maiores problemas atuais está no gerenciamento focado no objetivo com retorno financeiro imediato, o qual exige bastante dos funcionários, onde os estes são obrigados a se submeterem aos índices elevados de execução laboral, gerando assim elevado contingente de lesões relacionadas ao trabalho.

Veronesi (2008) cita que a ergonomia é uma ciência multidisciplinar que estuda a relação do homem com o seu trabalho, tendo como objetivo básico a humanização e a melhoria da produtividade. Para tanto, procura fornecer meios para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, adaptando o trabalho às características anatômicas, fisiológicas e psicológicas dos trabalhadores. Assim, pode-se perceber que a ergonomia visa à racionalização e simplificação das atividades no posto de trabalho, o qual o trabalhador é admitido, podendo este através de orientações e adaptações eliminar atividades lesivas, uso de instrumentos inadequados, fazendo assim, com que o trabalhador possa vir a desenvolver suas atividades de forma confortável, com qualidade e redução de fadiga e afastamento laboral.

Referências:

VERONESI, J. R. J. Fisioterapia nas empresas: cuidando da saúde funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008.

MILITÃO, A. G. A influência da ginástica laboral para a saúde dos trabalhadores e sua relação com os profissionais que a orientam. Florianópolis, 2001.  Dissertação (Mestrado em Engenharia da Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, Universidade Federal de Santa Catarina.

FIDELIS, G.J. Gestão de recursos humanos: tradicional e estratégica. 2.ed. São Paulo: Érica, 2007.

CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração: abordagens prescritivas e normativas da administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,  2001.

ABRAHÃO, J. I. Reestruturação postura e variabilidade do trabalho: uma abordagem da ergonomia. Brasília, 2000.

IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2005.

COUTO, H. de A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina humana. Belo Horizonte: Ergo, 1995.

NASCIMENTO, N. M., MORAES R. de A. S. Fisioterapia nas empresas. 3. ed. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2000.




> <