Hipertensão arterial e diabetes

As práticas alimentares e de atividades físicas dos pais têm uma influência nas atividades cotidianas dos filhos e que pode persistir na vida adulta acarretando a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus.

A prevalência da Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus vêm tomando vultos de epidemia em todo mundo, atingindo crianças e adultos de todos os estratos sociais.

O que se observa nas últimas décadas, é uma mudança importante no que se refere ao perfil da mortalidade que atinge população brasileira. Os dados revelam que os óbitos oriundos das doenças crônico-degenerativas têm aumentado. As causas mais comuns da mortalidade e morbidade no mundo, são as cardiovasculares, e entre estes fatores de risco estão a Hipertensão Arterial – HA, e o Diabetes Mellitus – DM. Fatores estes, sinérgicos e independentes.
Pesquisas revelam que a prevalência de DM no Brasil vem aumentando e demonstrou uma taxa de 8,0% na população brasileira na faixa etária de 30-69 anos e atingindo porcentuais bem próximas de 20% na população com idade superior a 70 anos. O impressionante é que aproximadamente 50% dos portadores desconhecem o diagnóstico, sendo que, 25% da população diabética não fazem nenhum tratamento.

A HA também passou a ser importante problema de saúde pública com uma prevalência entre 15% a 20% da população adulta brasileira. Estima-se que para a população idosa, esta taxa chegue a 65%. Da mesma forma que os diabéticos, aproximadamente 30% dos hipertensos desconhecem que são portadores desta doença. Em termos sociais, é uma doença de alto custo, sendo responsável por aproximadamente 40% de absenteísmo no trabalho, bem como das aposentadorias classificadas como precoce.

Estas doenças são prevalentes em nosso meio, e em conjunto atingem aproximadamente taxas em torno de 20% da população adulta. Quando não são tratadas, estão diretamente associadas à mortalidade cardiovascular e complicações nos órgãos e membros. Mesmo com medidas terapêuticas eficientes e eficazes, os controles dos níveis tensionais e glicêmicos nem sempre são obtidos, que podem ser pelas relações com os fatores sociais, fatores econômicos, fatores culturais, fatores associados às doenças e, bem como os tratamentos relacionados com as política de saúde vigente. As atuações dos enfermeiros junto aos hipertensos e diabéticos demonstram ser de grande importância para a sociedade, quando os mesmos buscam esclarecer e tirar as dúvidas, fortalecer os hábitos de uma boa saúde, procurando direcionar a população para o auto-cuidado, como também para o entendimento de fatores que sejam dificultadores. Desta forma, conciliando as práticas de tratamento convencionais com intervenções proativas para o auto-cuidado podem contribuírem para o controle destas doenças.

Aspectos alimentares

No processo que socializa as pessoas que compõem uma comunidade deve ser instituído um comportamento alimentar que seja adequado à prevenção de agravos nos diferentes grupos sociais da sociedade. Entretanto, deve-se observar o poder aquisitivo dos segmentos sociais e por oscilações entre aquilo que é ditado pela nossa cultura e aquilo que é entendido como saudável. Ressaltam ainda que a má alimentação não é problema apenas para a população carente de recursos, mas um problema de todas as classes sociais em definir uma alimentação saudável (Pereira; Frazão Helene, 2006).

Em relação à alimentação e as práticas alimentares, Rotenberg; Vargas (2004) apud (Pereira; Frazão Helene, p. 34, 2006) entendem que são práticas sociais, não podendo ser abordada por uma única perspectiva disciplinar, pois alimentar, nutrir, ultrapassa o mero ato biológico. Envolve a seleção, o modo de preparação, de distribuição, de ingestão, isto é, o que se planta, o que se compra, o que se come, onde se come, com quem se come, em que freqüência, em que horário, em que combinação. Estas práticas alimentares ainda são determinadas por influências culturais, pelo modo de vida, pela introdução de novos alimentos através da mídia, entre outros.

Os aspectos mais evidenciados relacionados aos hábitos alimentares têm sido o aumento do consumo de alimentos com alto teor energético, como as gorduras, excesso de açúcar, sal e estilo de vida sedentário.

Aspectos das atividades físicas

Estudos epidemiológicos apontam que o sedentarismo (falta de atividade física), favorecido pela vida moderna, é um fator de risco tão importante quanto à dieta inadequada e a obesidade no desenvolvimento do DM tipo 2, apresentando assim, uma relação direta e positiva com o aumento da prevalência desta enfermidade (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 2003).

Carvalho (1995) é unânime em afirmar os benefícios da atividade física regular e bem orientada na promoção de saúde para melhoria da qualidade de vida, considerando a prevenção e controle de fatores de risco para controle da saúde e diminuição da incidência de doenças Crônico Degenerativas Não Transmissíveis – DCNT’s.

Estudos epidemiológicos mais recentes, conclui que o sedentarismo é o fator de risco mais prevalente no agravamento de várias doenças do sistema circulatório arterial e venoso, respiratório, endócrino, metabólico, imunológico e psicogênico (CARVALHO, 1995).

A prática de atividade física regular melhora o metabolismo da glicose e o perfil lipídico e diminui a pressão arterial, reduzindo o risco de pacientes com DM tipo 2 desenvolverem doenças cardiovasculares (ORGANIZAÇÃO PAN – AMERICANA DE SAÚDE, 2003).

De acordo com o Relatório sobre Saúde no Mundo 2002 da Organização Mundial da Saúde, a falta de atividade física causa, por ano, 1,9 milhões de mortes no mundo. Este mesmo relatório indica a falta de exercícios como responsável por aproximadamente 16% dos casos de diabetes.

Como conseqüências do sedentarismo acarretam repercussões a saúde, tais como doenças cardiovasculares, diabetes, e importante em relação ao processo de obesidade com redução tanto na qualidade como em anos de vida (ORGANIZAÇÃO PAN – AMERICANA DE SAÚDE, 2003).

Hipertensão arterial

A hipertensão arterial sistêmica – HA, representa problema grave de saúde no Brasil, não só por ter uma elevada prevalência — aproximadamente 20% da população adulta, como também por possuir significativa parcela de hipertensos que não foi diagnosticada, ou não foi tratada adequadamente, ou também pelo elevado  índice de abandono do tratamento (TOBAR; YALOUR,2002).

A HA é uma síndrome clínica que se caracteriza pela elevação da pressão arterial a níveis iguais ou superiores a 140 mm Hg de pressão sistólica e/ ou 90 mm Hg de diastólica. Esta observação deve ser feita em pelo menos duas aferições subsequentes (CAMPOS JR. et al, 2002).

Quase sempre, acompanham esses achados de forma progressiva, lesões nos vasos sanguíneos com consequentes alterações de órgãos alvos como cérebro, coração, rins e retina. Geralmente, é uma doença silenciosa: não dói, não provoca sintomas, entretanto, pode matar (CAMPOS JR. et al, 2002).

Diabetes mellitus

O diabetes mellitus é uma doença que resulta da interação de fatores que são hereditários e fatores ambientais. Esta, se caracteriza, quando, há aumento do nível de  açúcar no sangue, isto ocorre devido a uma deficiência de uma substância denominada de  insulina. Esta substância tem a finalidade de facilitar na queima do açúcar no sangue. Na maioria dos casos, a diabetes se inicia de forma sorrateira, e mantém um curso progressivo.  Quatro importantes sintomas caracterizam o diabetes: polidipsia (sede excessiva), apetite exagerado, perda de peso e poliúria (eliminação de grande quantidade de urina ) (PEDROZA, 2000).

Segundo Chaves (2002) existem, a saber, dois tipos de diabetes, que são:

  • Tipo I: Esta é a mais comum que acomete as crianças e os adolescentes. É caracterizado como insulino-dependente, (a terapia com insulina é necessária) ou seja, a pessoa que tem diabete precisa tomar a insulina para pode sobreviver. Isto ocorre devido à destruição das células do pâncreas, que normalmente produzem insulina.
  • Tipo II: O diabetes mellitus do tipo II instala-se no adulto, e caracteriza-se como insulino-não-dependente. Isto quer dizer que o paciente não requerer desta forma, o uso da insulina. Controla-se através de exercícios, dietas e, em alguns casos, com o uso de comprimidos. Este tipo de diabetes apresenta um importante caráter hereditário.

Pode-se confirmar que qualquer pessoa tem condições de adquirir o diabetes, porém as que têm maior propensão à doença, são as pessoas que possuem histórico de diabetes na família, obesos, acima de quarenta anos,  estilo de vida sedentária e alimentação rica em carboidratos e gorduras. (OLIVEIRA, 2002).

Referências:

CAMPOS JR., et al. Hipertensão arterial: o eu tem a dizer o sistema nervoso. Rev. Bras Hipertens. Vol 8, n1, p. 41-54, 2002. Disponível em <http://departamentos.cardiol.br/dha/publicacoes/8-1/006.pdf>. Acesso em: abril de 2011.

PEDROZA, F. G. Diabetes para diabéticos, 2000.

TOBAR, F; YALOUR M.R.Como fazer teses em saúde pública – conselhos e idéias para formular projetos e redigir teses e informes de pesquisa. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. Disponível em <http://fiocruz.com.br>. Acesso em abril de 2011.

OLIVEIRA, J. E. P. Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em <http://www.diabetes.org.br> Acesso em abril de 2011.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Doenças crônico-degenerativas: estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. Organização Pan-Americana da Saúde – Brasília, 2003. 60p.

CARVALHO, T. Atividade física e saúde: orientações básicas sobre atividade física e saúde para profissionais das áreas de educação e saúde. Brasília: Ministério da Saúde, Ministério da Educação e do Desporto, 1995.