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Humanizando o cuidado em pediatria

A preocupação com a formação humanística dos profissionais da área da saúde é crescente. Os dilemas suscitados pelo vertiginoso avanço da ciência e da tecnologia na área da saúde, bem como as mudanças sócio-culturais hodiernas, levam a uma complexidade crescente da atuação desses profissionais. As diretrizes curriculares para enfermagem  requerem um “profissional qualificado para o exercício de enfermagem, com base no rigor científico e intelectual e pautado em princípio éticos”. “Os profissionais devem realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética, e ainda, “assumir o compromisso ético, humanístico e social com o trabalho multiprofissional em saúde.

INTRODUÇÃO

Os enfermeiros confrontam-se frequentemente com situações com elementos de incerteza ética ou moral. Deste modo, precisam ser capazes de reconhecer este tipo de situações e ter consciência das implicações éticas inerentes às decisões tomadas. Estas decisões devem ser coerentes e lógicas. (OLIVEIRA,2002)

O enfermeiro é o administrador da assistência de enfermagem, ou seja, organiza, planeja e implementa as intervenções, avaliando qualitativa e quantitativamente o cuidado prestado. Assim, para a consecução dos seus objetivos, o enfermeiro terá que apropriar-se das novas tecnologias biomédicas presentes no processo de trabalho. (PADILHA,1995)

A informática em enfermagem é a área de conhecimento que diz respeito ao acesso de dados, informação e conhecimento, para padronizar documentos, melhorar a comunicação, apoiar o processo de tomada de decisão, desenvolver e disseminar novos conhecimentos, aumentar a qualidade, a efetividade e a eficiência do cuidado em saúde, fornecendo maior poder de escolha aos clientes, fazendo avançar a ciência da enfermagem. (MARIM ,2000)

Diante das novas tecnologias e da ética profissional que o enfermeiro vem vivenciando, surge a necessidade de novos conhecimentos éticos e científicos para que possa atuar com mais eficiência. O mercado de trabalho está evoluindo cada dia mais, trazendo equipamentos mais avançados e modernos, principalmente dentro das redes hospitalares. Com isso as novas tecnologias podem apresentar vantagens e desvantagens onde o enfermeiro deverá se adequar na busca pelo seu sucesso profissional, pois nem sempre tudo que é novo é garantia de sucesso. (DIAS, et al,2005)

É nesse olhar que surge o questionamento: Como o enfermeiro pode realizar seu trabalho  com o ético e tecnológico? Atualmente há alguma resistência em relação à ética e às novas tecnologias na área de saúde por falta de uma qualificação adequada dos profissionais dessa área.

CONTEXTUALIZANDO A ÉTICA NA ÁREA DE SAÚDE

Nos dias atuais, não é mais possível continuar considerando os preceitos e os valores como variáveis de derivação exclusivamente emotiva ou individual; ou como se usava dizer antigamente, de “índole supra-estrutural”. As questões éticas  em praticamente todos os campos de atividade humana  adquiriram conotação pública, deixando de constituir uma questão de consciência individual a ser resolvida na esfera privada e de foro exclusivamente íntimo. (GARRAFA, 1995)

No que se refere à ética da responsabilidade pública, um aspecto que não deve ser deixado de lado na reflexão sanitária é aquele que diz respeito à definição das prioridades nos investimentos do Estado, incluindo o estudo da destinação, alocação, distribuição e controle dos recursos financeiros dirigidos ao setor.

A discussão sobre “prioridades” começa a adquirir conotações éticas crescentemente dramáticas. Dentro do contexto brasileiro, “individualizar soluções morais” ou “priorizar recursos públicos” deve significar atenção preferencial à maioria populacional necessitada. (GRACIA, 1990)

É necessário olhar criticamente para as nossas práticas e para as relações que estabelecemos em nossa vida pessoal e profissional, para termos um viver pautado na ética. Discute-se a atuação dos Comitês de Ética em Pesquisa e das Comissões de Ética de Enfermagem das Entidades como mecanismos de controle e proteção dos indivíduos, circunstanciando, principalmente, a respeito da conduta e postura dos enfermeiros no processo de cuidar. (PUPULIM et all,2002)

BREVE HISTÓRICO SOBRE TECNOLOGIAS

A história do avanço tecnológico em Enfermagem teve início com a Revolução Industrial através do desenvolvimento das novas tecnologias em praticamente todas as áreas do conhecimento. Esse avanço deu-se de forma rápida e acelerada e nem todos os profissionais puderam acompanhá-la efetivamente. A partir daí as máquinas começaram a substituir a força humana física. (PAULA, 2006 )

A descoberta do Raios-X, no final do século XIX, e sua aplicação com fins diagnósticos no início  do século XX constituíram um marco importante na história da medicina. O sucesso do emprego do Raios -X levou os profissionais à busca de outros métodos diagnósticos por imagem, sendo presenciado nessa geração o aparecimento da ultra-sonografia, da tomografia computadorizada e da ressonância  nuclear magnética.  (DIAS et al, 2005)

No Brasil esse avanço deu-se a partir da década de 30, onde houve melhoras no ensino médico e na infra-estrutura de saúde. Na década de 50 constatou-se uma ampliação da rede hospitalar com ênfase na medicina biomédica. Nos anos 60 implantou-se  as Unidades de Terapia Intensiva. Nas últimas décadas o desenvolvimento biotecnológico vem ocorrendo de maneira avassaladora que mal se consegue acompanhá-lo. E com base nesse pensamento busca-se apontar as vantagens e desvantagens das novas tecnologias em enfermagem, enfocando alguns métodos já introduzidos na área. (PAULA,2006 )

A ÉTICA E AS NOVAS TECNOLOGIAS

As transformações tecnológicas no setor saúde se encontram cada vez mais rápidas e a cada momento surgem novas técnicas diferentes e aparatos mais modernos no mercado. Assim pode-se constatar que o uso das novas tecnologias em enfermagem  podem trazer muitos benefícios e também algumas desvantagens no desenvolvimento da assistência hospitalar no processo de um cuidar mais eficaz e humanizado. (OGUISSO,2006)

No âmbito da tecnologia biomédica, algumas instituições já fazem uso dela a seu  favor tal como a solicitação de materiais e serviços laboratoriais por fax ou e-mail, o envio de resultados de exames por computador, a solicitação de medicamentos online para farmácias conveniadas a hospitais e clínicas. Esses serviços proporcionam mais tempo para os profissionais no tratamento e cuidado direto com os clientes.

As tecnologias de informação também podem beneficiar a assistência de forma muito significativa. Essas tecnologias permitem ao profissional manter-se atualizado com o que se tem de mais novo no mercado como assistir a palestras e congressos virtuais ou a divulgação e pesquisa sobre novas técnicas de tratamento. (PAULA ,2006)

Um outro fato importante é a documentação de prontuários através do computador, o que causa uma significativa redução do tempo de documentação com maior precisão e detalhamento. Existem ainda planilhas padronizadas para o quadro de pacientes que podem ser impressas e preenchidas pelo enfermeiro sempre que preciso.

Todos esses tipos de tecnologias, embora de suma importância, não podem ser introduzidas  de qualquer jeito na área de saúde, pois ainda existem, em grande parte, muita resistência de alguns profissionais com muito tempo de formação e atuação em aderirem a essa nova realidade. As novas tecnologias devem ser implementadas  aos poucos, respeitando a realidade de cada um em seu campo de atuação, pois não é possível calcular um tempo preciso para a transição entre os sistemas manuais e o digital. É fundamental que o enfermeiro (a) conheça esse sistema informatizado para que possa auxiliar a prática de enfermagem com eficiência e ética profissional. (PAULA ,2006)

Nota-se que há uma constante mudança nas aplicações dos novos métodos de atuação dos profissionais, porém para acompanhá-las necessita-se de um novo parâmetro mental dos mesmos, na busca por uma maior qualidade nos serviços de enfermagem. Assim o uso das novas tecnologias (biomédica e informação) propõe alguns desafios aos profissionais de enfermagem.

Seguindo essa linha de pensamento, percebe-se que entre esses desafios pode-se questionar a segurança dos dados do paciente, pois o que se pode destacar na área de saúde em geral é a confiabilidade e o sigilo com relação a privacidade de cada caso. Levando-se em consideração isso, como seria possível garantir o sigilo dos dados dos pacientes armazenados e manipulados nos computadores sem que sejam interceptados por pessoas não autorizadas?

Outro desafio está relacionado à natureza ética e legal, como a proteção da propriedade intelectual num universo de conhecimento tão aberto como a Internet. De que forma poderia se garantir o direito intelectual de artigos e pesquisas publicados na rede? Que organismos e leis iriam punir os crimes praticados contra essa propriedade?

Uma outra questão desafiadora é o fato de que a tecnologia pode contribuir para o processo de  desumanização,  tornando as relações humanas frias e distantes, fazendo com que o paciente se sinta  abandonado. (DIAS, et all,2005)

O que detectamos é que existe uma vinculação entre os interesses capitalistas no setor saúde e a incorporação tecnológica no processo de produção dos serviços. Os avanços tecnológicos são fatores básicos da dinâmica do setor saúde, com repercussões na organização dos serviços hospitalares, ambulatoriais e na prática médica, sendo possível observar, como conseqüência, a expansão do setor industrial de produção de instrumentos e o crescimento da importação de tecnologia para suprir a demanda. Neste cenário, cabe apontar a atuação do Estado que, através de uma articulação com o setor privado, viabilizou a expansão do capital na assistência à saúde. A incorporação tecnológica no processo de produção de saúde é, assim, uma questão basicamente político/econômica que, se por um lado é sustentada por posições ideológicas de atores sociais que detêm o poder no setor, por outro, é analisada e questionada face às inúmeras contradições que acarreta no plano social (PEIXOTO, 1994).

A discussão das novas tecnologias em detrimento da ética é longa e a resposta para esta problemática parece se encontrar no ser de cada profissional e na maneira como ele utiliza a tecnologia no seu cotidiano. Assim, a ampla variedade de tecnologias já definidas ou novas se caracteriza pela capacidade de satisfazer necessidades básicas, pelo uso racional e por um elevado grau de adaptação ao ambiente local, cultural e social.

Assim, é preciso que a equipe de enfermagem reflita sobre seus próprios valores, seu conhecimento como ser humano e, assim, assuma a responsabilidade ética pelas suas questões profissionais, como, por exemplo, desenvolver o cuidado integral e humanizado.

CONCLUSÃO

As evidências apresentadas permitem concluir que as competências e habilidades específicas dos enfermeiros, incorporam qualidades onde o mesmo terá de compreender a política de saúde, reconhecendo os perfis epidemiológicos das populações, sejam eles de cunho tecnológico ou não, sem perder o foco do papel social do mesmo para assim atuar  a integralidade da atenção e a qualidade e humanização do atendimento ao cliente. Vale ressaltar que  esta formação tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos, habilidades e atitudes requeridos para a sua competência e que as unidades de saúde nem sempre capacitam para a realidade encontrada, proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética.

REFERÊNCIAS:

CNECV (1996). Comissões de ética. II Seminário do Conselho nacional para as Ciências da Vida. Lisboa: Imprensa nacional – Casa da Moeda.

DIAS, L.P.M.; MONTICELLI; M.; REIBNITZ, K.S.; LIMA, L.M. Possibilidade de conhecimento e arte na produção de inventos de enfermagem. Revista Texto & Contexto Enfermagem. v.2, n.5, p.62-100, 2005.

Evolução histórica e impacto da tecnologia na área da saúde e da enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem [Internet]. 2006;

www.fen.ufg.br/revista/revista8_3/v8n3a13.htm – Acesso em 21/08/2008, FE Paula – artigocientifico.com, Tecnologia na enfermagem: vantagens e desvantagens. Acesso em 21/08/2008

GARRAFA, Volnei ,Novos paradigmas para a saúde: a ética da responsabilidade individual e pública. In: Primeiro Simpósio Internacional sobre Políticas de Saúde e Financiamento; 1995 Sep. 12; Brasília. Brasília: Câmara dos Deputados, 1995. Mimeo

GRACIA, D. Que és un sistema justo de servicios de salud? principios para la asignación de recursos escasos. Bol Of Sanit Panam 1990;108:570-85

MARIN, Heimar F. Tecnologia da informação em enfermagem: próximos passos. Rev. O Mundo da Saúde, São Paulo, ano 24, n. 3, p. 200-204, maio./jun. 2000.

OLIVEIRA, Marluce Alves Nunes. Gerenciamento de novas tecnologias em centro cirúrgico pelas enfermeiras nos hospitais e Feira de Santana-BA. Florianópolis, SC: [s.n] 2002. 143p.: il.

OGUISSO, Taka. Ética e Bioética: Desafios para enfermagem e a saúde. Barueri: Manole, 2006.

PADILHA, M. I.C.S., A qualidade total como recurso para a assistência de enfermagem. Rev. Hosp. Adm. e Saúde, v. 18, n.5, p.275-279,set./out. 1994.

Pesquisa qualitativa em educação: o positivismo, a fenomenologia, o marxismo. 14ª reimpressão. São Paulo: Atlas, 2006.

PUPULIM, Jussara Simone Lenzi; Sawada, Namie Okino.,O cuidado de enfermagem e a invasão da privacidade do doente: uma questão ético-moral / Fonte: Rev latinoam enfermagem;10(3):433-438, maio-jun. 2002.

PEIXOTO, M.R.B. O uso da tecnologia no processo diagnóstico-terapêutico: ótica do enfermeiro e do usuário. Revista Escola de Enfermagem USP. v.28, n.3, p.53-62, 1994


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