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De acordo com estudos e pesquisas, constata-se que a origem da palavra estresse ou stress vem do século XIX, onde engenheiros anglo-saxões passaram a usar o termo para indicar a tensão resultante de uma força aplicada em um corpo, ou seja, estressava-se o objeto até seu ponto de ruptura, para testar sua resistência. A palavra passou da física à medicina, sendo utilizada para explicar o desequilíbrio químico que acontece no corpo humano diante de uma agressão (SOUZA, 2004).

De acordo com Potter e Perry (2004, p. 542):
o estresse é qualquer situação em que uma demanda inespecífica exige que um indivíduo responda ou empreenda uma ação. Envolve respostas fisiológicas e psicológicas. Pode levar os sentimentos negativos ou contraproducentes, ou ameaçar o bem-estar emocional. Pode ameaçar a maneira pela qual a pessoa normalmente percebe a realidade, resolve os problemas e raciocina em geral e nos seus relacionamentos, bem como na sensação de posse. Também pode ameaçar a perspectiva geral da pessoa sobre a vida e o estado de saúde.

Desse modo, pode-se enumerar dois aspectos essenciais que são as situações que podem desencadear o stress e que se denominam de estímulo estressor e a resposta do indivíduo diante do estímulo, que é a resposta ou o processo de stress. Se a resposta é negativa, ou seja, desencadeia um processo adaptativo inadequado, podendo gerar inclusive doença, é chamado de distress; no entanto, se a pessoa reage bem à demanda, fala-se em eustress. No eustress – estress positivo -, o esforço de adaptação gera sensação de realização pessoal, bem-estar e satisfação das necessidades, mesmo que decorrente de esforços inesperados, ou seja, é um esforço sadio na garantia de sobrevivência.

Souza (2004), explica que estresse não pode ser entendido apenas como um estímulo ou uma resposta. Adotando um modelo relacional, mas deve-se estudar o estímulo estressor e a resposta biológica a ele, e também a maneira pela qual a pessoa avalia e enfrenta esse estímulo, levando em consideração suas características individuais e o tipo de ambiente em que está inserida.

Sendo assim, o estresse pode ser entendido como uma doença de adaptação ao meio, em que o indivíduo, em função das estimulações, excitações e agressões externas, acaba produzindo uma escala progressiva na defesa de seu organismo.

De acordo com os teóricos pesquisados, o organismo busca o equilíbrio por um impulso natural e, quando este não acontece, o organismo faz um esforço extra para restabelecer o equilíbrio anterior. É esse esforço que vem a ser a resposta adaptativa do ser humano, que às vezes exige um considerável desgaste e utilização de reservas de energia física e mental. Desse modo, quando esse esforço atinge o limite que o indivíduo poderia suportar, e quando os estímulos stressantes são contínuos e de longa duração, ele pode se transformar em doenças, das mais diversas.

O estresse relacionado ao trabalho pode ser definido como as situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador as suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou a sua saúde física e mental, prejudicando a interação desta com o trabalho e com o ambiente de trabalho, à medida que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não contém recursos adequados para enfrentar tais situações.

Fisicamente, o estresse aparece quando o organismo é submetido a uma nova situação, como uma cirurgia ou uma infecção, por exemplo, ou, do ponto de vista psicoemocional, a uma situação entendida como de ameaça (BALLONE, 2004).

Verifica-se que trata-se de um organismo submetido à uma situação nova, física ou psíquica; boa ou má, pela qual ele terá de lutar para  sobreviver. Portanto, o estresse é um mecanismo indispensável para a manutenção da adaptação à vida, indispensável à sobrevivência.

Do ponto de vista psíquico o estresse se traduz na ansiedade que segundo Ballone (2004, p. 35), se resume da seguinte forma:
a ansiedade uma atitude fisiológica (normal) responsável pela adaptação do organismo às situações de perigo. A ansiedade favorece a performance e a adaptação, entretanto, até certo ponto. Até que nosso organismo atinja um máximo de eficiência. A partir de um ponto excedente a ansiedade, ao invés de contribuir para a adaptação, concorrerá exatamente para o contrário, ou seja, para a falência da capacidade adaptativa. Nesse ponto crítico, onde a ansiedade foi tanta que já não favorece a adaptação, ocorre o esgotamento da capacidade adaptativa.

Verifica-se que o estresse pode ser “medido por fora”, isto é, por fatores externos e desagradáveis como situações traumáticas, acidentes, perda de um ente querido por morte ou afastamento, roubos, perda do emprego, perda da liberdade. E pode até mesmo ocorrer devido a fatores externos positivos, desde que impliquem em uma mudança brusca no estilo ou na qualidade de vida de uma pessoa, tais como ficar rico de repente, casar-se, mudar-se de país, etc. Isto significa que fatores ruins e bons podem ocasionar o stress, pois essas mudanças tiram o indivíduo de seu ritmo natural, forçando-o a adaptar-se às novas situações.

Potter e Perry (2004, p. 546), explicam que:
os fatores internos são os mais decisivos, e são estes que mostram que dois indivíduos sujeitos ao mesmo fator externo têm reações bastante diferentes, podendo um desencadear o stress e o outro não. A perda do emprego, por exemplo, pode ser muito ruim para um executivo que acredita que, pela idade, não conseguirá outro emprego. Mesmo que ele tenha recursos para sobreviver modestamente até o fim da vida, ele pode se sentir desamparado sem o vínculo com a empresa, o status de seu cargo, a remuneração mensal e o padrão de vida do qual tem medo de abrir mão.

Um outro indivíduo, pelo contrário, pode encarar a perda do emprego como uma boa oportunidade para fazer algo diferente, começar seu próprio negócio e testar novas habilidades, transformando um hobby em profissão, sem se importar com a aparente segurança que uma empresa proporciona. Os fatores internos são as nossas disposições mentais e posturas internas, os quais nos levam a reagir mais ou menos intensamente aos fatores externos do quotidiano. Essas posturas internas, adquiridas ao longo da vida, são ensinadas na comunidade onde o indivíduo habita e onde ele precisa sobreviver socialmente, economicamente e filosoficamente. Nem sempre, porém, os desejos internos combinam com as imposições sociais, e isso gera um conflito que, se não for identificado, tratado e modificado, pode evoluir para sintomas físicos.

Já o cientista Hans Selye descreveu uma resposta fisiológica generalizada ao estresse, caracterizada pela seguinte sequência (BALLONE, 2004):
a) A percepção de um perigo eminente ou de um evento traumático é realizada pela parte do cérebro denominada córtex; e interpretado por uma enorme rede de neurônios que abrange grandes partes do encéfalo, envolvendo, inclusive, os circuitos da memória;
b) Determinada a relevância do estímulo, o córtex aciona um circuito cerebral subcortical, localizado na parte do cérebro denominada sistema límbico, através das estruturas que controlam as emoções e as funções dos sistemas viscerais (coração, vasos sanguíneos, pupilas, sistema gastrointestinal, etc.) através do chamado sistema nervoso autônomo. Estas estruturas são a amígdala e o hipotálamo, principalmente. A ativação dessas vias vai causar alterações como dilatação pupilar, palidez, aceleração e aumento da força das batidas cardíacas e da respiração, erecção dos pelos, sudorese, paralisação do trânsito gastrointestinal, secreção da parte medular das glândulas adrenais (adrenalina e noradrenalina), etc.;
c) Ao mesmo tempo, o hipotálamo comanda uma ativação da glândula hipófise, situada na base do cérebro, com a qual tem estreitas relações. No estresse, o principal hormônio liberado pela hipófise é o ACTH (o chamado hormônio do stress), que, carregado pelo sangue, vai até a parte cortical (camada externa) das glândulas adrenais (situadas sobre os dois rins), e provocando um aumento da secreção de hormônios corticosteróides. Estes hormônios têm amplas ações sobre praticamente todos os tecidos do corpo, alterando o seu metabolismo, a síntese de proteínas, a resistência imunológica, as inflamações e infecções provocadas por agressões externas, etc. O seu grau de ativação pode ser avaliado medindo-se a quantidade de cortisol no sangue;
d) Essa descarga dupla de agentes hormonais de intensa ação orgânica: de um lado a adrenalina, pela medula da adrenal, e de outro, os corticóides, pela sua camada cortical, levaram os cientistas a caracterizar essas glândulas como sendo o principal mediador do estresse.

Sendo assim, essas respostas são consideradas normais em qualquer situação de dano, perigo, doença, etc. Desse modo, afirmam que existe um certo nível de estresse que é normal e até importante para a defesa do organismo, ao qual denomina-se de estresse.

Percebe-se que durante a fase de estresse, o organismo libera muito cortisol e isso afeta diretamente a memória, causando falhas, esquecimentos, pequenos lapsos. O marco da resistência é quando os sintomas aparecem. Por um lado, esse momento tem seu aspecto positivo, pois é quando a pessoa vem a conhecer seu limite para o estresse.

Já na fase reativa, o aumento da escalada de excitação leva a reações instantâneas e profundas do organismo. Mas o corpo se mobiliza e faz de tudo para restabelecer o equilíbrio perdido. As vísceras procuram recuperar o estado de constância interna. O coração bate mais forte e mais rápido para suprir o oxigênio e a energia consumidos, o trato gastro-intestinal se paralisa para dar espaço ao sistema cárdio-motor. O sangue desaparece da pele, deslocando-se para os músculos esqueléticos e ficando em prontidão para a ação.

Além disto, a visão não consegue mais focalizar o detalhe e, junto com o cérebro, vasculha todo o horizonte em busca de um ataque inesperado. A mente não pára de cogitar das surpresas que o podem prenderem armadilha. Instala-se uma espécie de pânico.

Ballone (2004, p. 38):
o perigo para o organismo passa a ocorrer quando a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal se torna crônico e repetido. Nesse momento, começam a surgir às alterações patológicas causadas pelo nível constantemente elevado desses hormônios. Não havendo período suficiente para a recuperação do esforço psíquico, nossos recursos para essa adaptação acabam por esgotar-se. O esgotamento é como diz o próprio nome, um estado onde nossas reservas de recursos para a adaptação se acabam.

Já organicamente, no esgotamento, há alterações significativas nas glândulas supra-renais (de adrenalina e cortisona), há dificuldades no controle da pressão arterial, há alterações do ritmo cardíaco, alterações no sistema imunológico, no controle dos níveis de glicose do sangue, entre muitas outras. Psiquicamente a ansiedade crônica ou esgotamento leva a um estado de apatia, desinteresse, desânimo e uma espécie de pessimismo em relação à vida (BALLONE, 2004).

No campo clínico (somático) os distúrbios mais comuns:
a) Quadro de astenia (sensação de fraqueza e fadiga);
b) Tensão muscular elevada com cãibras e formação de fibralgias musculares (nódulos dolorosos nos músculos dos ombros e das costas, por exemplo);
c) Tremores;
d) Sudorese;
e) Cefaléias tensionais (dores de cabeça provocadas pela tensão psíquica);
f) Enxaqueca;
g) Lombalgias;
h) Braquialgias (dores nas costas e nos ombros e braços);
i) Hipertensão arterial;
j) Palpitações;
l) Colopatias (distúrbios da absorção e da contração do intestino grosso) e até dores urinárias sem sinais de infecção.

Constata-se que o laboratório clínico fornece alguns detalhes indicativos da intensa ativação patológica no estresse: aumento da concentração do sangue e do conteúdo de plaquetas (células responsáveis pela coagulação sanguínea), alteração do nível de cortisol, alterações de catecolaminas urinárias e alterações de hormônios hipofisários e sexuais, além dos aumentos de glicemia (açúcar no sangue) e colesterol, este por conta do LDL, ou o ‘mau colesterol’ (BERNIK, 2004).

O estresse é prolongado, o sistema imunológico também é afetado, porque as células linfáticas do timo (glândula que participa ativamente do sistema imunológico) são prejudicadas, assim como as células dos gânglios linfáticos. Como consequência, as células brancas diminuem em número e o organismo fica sujeito a várias infecções e doenças. (BERNIK, 2004, p. 52).

Entende-se que nas ocasiões estressantes, e mesmo fora delas, manifesta-se uma gama de reações de ordem psicológica e psiquiátrica, podendo também ser perturbações temporárias como comportamento e exacerbações de problemas.

Modelos de Estresse

Constata-se que as origens e os efeitos do estresse podem ser examinados mediante aos modelos teóricos clínicos e comportamentais. Desse modo, os modelos de estresse são classificados, com o objetivo de identificar os estressores para buscar assim respostas da pessoa a este. (POTTER & PERRY, 2004).

Dessa forma, cada modelo enfatiza um aspecto diferente do estresse, como estão relacionados abaixo:
a) Modelo de Estresse baseado em resposta – Esse modelo relaciona-se à especificação da resposta particular, ou padrão de respostas, que pode indicar um estressor. É um modelo que define o estresse como uma resposta inespecífica do corpo a qualquer demanda feita sobre ele. Sendo assim, o estresse é demonstrado por uma reação fisiológica de todo o corpo a este. Envolve o sistema nervoso autonômico e o sistema endócrino, ou seja, a resposta da pessoa ao stress é puramente fisiológica e nunca modificada para permitir as influencias cognitivas;
b) Modelo de Adaptação – O modelo de adaptação refere-se à compreensão de que as pessoas vivenciam ansiedade e mais estresse, quando estas não estão preparadas para lidar com situações stressantes. É um tipo de modelo que ajuda as enfermeiras no planejamento das prescrições apropriadas. Trata-se de um modelo de adaptação que correlaciona quatro fatores que determinam se uma situação é estressante como a capacidade de lidar com o estresse, a prática e normas do grupo de pessoas, o impacto do ambiente social na assistência ao individuo para se adaptar a um estressor e os recursos que podem ser utilizados para lidar com o estressor;
c) Modelo baseado em estímulo – É um modelo que focaliza os eventos conturbadores ou rompedores do ambiente;
d) Modelo baseado na transação – Trata-se de um modelo que compreende a pessoa e o ambiente em uma relação dinâmica, recíproca e interativa.

A Síndrome de Burnout e o Estresse

A Síndrome de Burnout é considerada um dos desdobramentos mais importantes do stress profissional. Foi desenvolvido na década de 1970 pela Psicóloga Cristina Maslach e pelo psicanalista Herbert Freudenberger. Em ambos, ele tem o sentido de preço que o profissional paga por sua dedicação ao cuidar de outras pessoas ou de sua luta para alcançar uma grande realização.

De acordo com Potter e Perry (2004, p. 548):
a Síndrome de Burnout é uma doença psicológica caracterizada pela manifestação inconsciente do esgotamento emocional. Tal esgotamento ocorre por causa de grandes esforços realizados no trabalho que fazem com que o profissional fique mais agressivo, irritado, desinteressado, desmotivado, frustrado, depressivo, angustiado e que se avalia negativamente. A pessoa apresenta síndrome, além de manifestar as sensações de perda consideravelmente seu nível de rendimento e de responsabilidade para com as pessoas e para com a organização que faz parte. Pode ocorrer em profissionais de diferentes áreas que possuem contato direto com pessoas. Também apresenta manifestações fisiológicas como cansaço, dores musculares, falta de apetite, insônia, frieza, dores de cabeça frequente e dificuldades respiratórias.

Os pesquisadores e autores colocam o Burnout como fruto de situações de trabalho, notadamente nos profissionais que têm como objeto de trabalho o contato com outras pessoas. O Burnout seria a resposta emocional a situações de stress crônico em função de relações intensas – em situações de trabalho – com outras pessoas ou de profissionais que apresentam grandes expectativas em relação a seus desenvolvimentos profissionais e dedicação à profissão; no entanto, em função de diferentes obstáculos, não alcançaram o retorno esperado.

Potter e Perry (2004, p. 549):
O nível de expectativa é dramaticamente oposto à realidade e estas pessoas persistem em tentar alcançar estas expectativas, suas trajetórias se tornam turbulentas, problemáticas e o resultado é uma depleção dos recursos individuais e um comprometimento de suas habilidades.

A Síndrome de Burnout pode ser prevenida quando os agentes estressores no trabalho são identificados, transformados ou adaptados à necessidade do profissional, quando se prioriza as tarefas mais importantes no decorrer do dia, quando se estabelece laços pessoais ou profissionais dando-os importância, quando os horários diários não são sobrecarregados de tarefas, quando o profissional preocupa-se com sua saúde e quando em momentos de descontração assuntos relacionados ao trabalho não são mencionados. (POTTER & PERRY, 2004).

O Burnout é uma síndrome caracterizada por três aspectos básicos: Exaustão Emocional, Despersonalização e Redução da realização pessoal e profissional.

Verifica-se que além dos profissionais estarem expostos a freqüentes situações de stress, eles experimentam a vivência de que oferecem muito mais, em comparação com o que recebem, ou seja, o retorno em termos de gratificação é sentido como reduzido insuficiente diante das expectativas em relação à profissão.

Os sintomas mais comuns são mal-estar, sentimento de exaustão, fadiga, esgotamento, perda de energia, em termos emocional, mental e físico, com sentimentos de infelicidade, desamparo, diminuição da auto-estima, perda do entusiasmo com a profissão e, eventualmente, com suas vidas em geral, além da sensação de que a pessoa dispõe de poucos recursos para dar ou cuidar de outras pessoas.

Observa-se que o tratamento para a doença é variável, pois podem ser iniciados a partir de fitoterápicos, fármacos, intervenções psicossociais, afastamento profissional e readaptações. É importante ressaltar que a Síndrome de Burnout é diferente da depressão, pois a síndrome está diretamente ligada com situações ligadas ao trabalho, enquanto a depressão está ligada a situações pessoais relacionadas com a vida da pessoa. (POTTER & PERRY, 2004).

Trata-se de uma síndrome que refere-se a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda como: médicos, enfermeiros, professores, motoristas, psicólogos, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos entre outras.

É de extrema importância que o profissional procure sempre ter momentos de lazer e observar mais a rotina de vida que leva no trabalho. Haja vista que os primeiros sinais do stress são:
a) Diminuição do rendimento, erros, distrações e faltas na escola ou no trabalho;
b) Insatisfação, irritabilidade, explosividade, reclamações;
c) Indecisão, julgamentos errados, atrasados, precipitados, piora na organização, adiamento e atrasos de tarefas, perda de prazos;
d) Insônia, sono agitado, pesadelos;
e) Falhas de concentração e memória;
f) Coisas que davam prazer se tornam uma sobrecarga;
g) Uso de finais de semana para colocar o serviço em dia, ao invés de relaxar;
h) Cada vez mais tempo com trabalho e menos com lazer. Parece que o dia normal de trabalho não é mais suficiente para o que tem que ser feito;
i) Diminuição de entusiasmo e prazer pelas coisas, sensação de monotonia.

Estímulos que Produzem Estresse

Verifica-se que no ser humano, estímulos para o desencadear a ansiedade, costumam ter duas origens: podem ser externos e, principalmente, internos. Os estímulos internos são oriundos dos conflitos pessoais os quais, em última instância, refletem sempre a tonalidade afetiva de cada um. Os estímulos externos, por sua vez, representam as ameaças concretas do cotidiano de cada um. (BALLONE, 2004).

Salienta-se ainda que, ocorrem muitos acontecimentos na vida de uma pessoa em um período limitado de tempo, os riscos de acontecerem problemas graves de saúde aumentam. Apesar desta grande chance há pessoas que não ficam doentes. Algumas pesquisas indicam que as pessoas mais resistentes ao stress são aquelas que têm um conjunto de atitudes específicas quanto à vida, tais como: abertura e tolerância a mudanças, uma tendência de estar sempre muito envolvido com o que faz e um sentimento quanto a ter um controle sobre os acontecimentos da vida. (BALLONE, 2004).

Percebe-se que, a mudança é tida como um dos agentes mais estressores. Assim, qualquer mudança na rotina de vida tem o potencial de causar stress, tanto as boas quanto às más. O estresse ocorre, então, de forma variável, dependendo da intensidade do evento de mudança, que pode ir desde a morte do cônjuge, o índice máximo na escala de stress, até pequenas infrações de trânsito ou mesmo a saída para as férias.

Ballone (2004, p. 61), retrata que:
a capacidade de conhecer o mundo proporciona nossa percepção pessoal da realidade. Essa percepção pessoal da realidade, diferente em cada um de nós, é chamada de procepção da realidade. O principal conhecimento que se deve ter disso é que a realidade será sempre representada intimamente e de acordo com os filtros afetivos de cada um.

Dessa forma, a percepção pessoal da realidade engloba toda a realidade ou toda a maneira de ver e sentir o mundo. Engloba não só a concepção que se tem das coisas que estão fora da gente como também os conceitos que se tem dentro dos mesmos. Isso inclui também a imagem e a auto-estima.

Segundo Potter e Perry (2004), essa auto-estima poderá ser representada mais negativamente ou mais positivamente de acordo com a tonalidade afetiva de cada um. Algumas pessoas se vêem ótimos, outras se vêem péssimos. Assim, a idéia que se pode ter da própria imagem pode ser um estímulo agressivo e causador de ansiedade, caso seja uma idéia ruim e perturbadora.

É por causa desses estímulos internos que a ansiedade humana tem sido constante e às vezes patológica. Já as ameaças externas não costumam ser constantes.

Quando a ansiedade crônica esgota a capacidade do individuo de adaptação produzindo o esgotamento, este poderá aparecer sob a forma de depressão típica, com todo quadro sentimental e emocional ou sob a forma de ansiedade com pânico, fobia social, transtornos somatomorfos ou psicossomáticos ou ansiedade generalizada. (POTTER & PERRY, 2004).

Na verdade a afetividade é vista como uma espécie moduladora da percepção que se tem do mundo (procepção), estar tentando atribuir ao indivíduo uma característica muito pessoal na maneira de sentir sua realidade, portanto, uma forma peculiar de sentir os estímulos externos e também os internos. Essa com certeza é a maior afetividade por fazer com que se percebam os estímulos como sendo agressivos e ameaçadores.

O Estresse no Ambiente de Trabalho

Analisando o levantamento bibliográfico, conclui-se que o estresse no ambiente de trabalho atualmente é um dos problemas de saúde mais comuns relacionado ao ambiente de trabalho no mundo e é considerado uma das “epidemias do século XXI”. Por isso, é fundamental cada profissional ter consciência do seu limite físico e mental, para que seu rendimento não seja afetado, independente da sua função e cargo.

Dentro dessa análise, vale ressaltar alguns autores utilizados durante a construção do trabalho. Neste contexto, Souza (2004) afirma que o estresse no ambiente de trabalho algumas vezes pode estar relacionado com outras unidades, ou seja, muitas vezes o serviço depende do andamento de outros setores internos da mesma instituição. Outro ponto destacado ainda pelo mesmo autor citado acima refere-se ao relacionamento com a equipe multidisciplinar.

Em consenso com Souza (2004), Bernik (2004), destacou em seu artigo que o descaso, desconhecimento ou negação das dificuldades experimentadas pela equipe, evidenciado nas atitudes adotadas por profissionais, são considerados fonte de sofrimento para alguns trabalhadores. O relacionamento dentro da própria equipe de trabalho também pode ser muito difícil. Neste sentido, Ballone (2004) refere-se em seu estudo sobre esse fator como a falta de colaboração do grupo, ou seja, à adesão e compromisso da equipe de trabalho.

Outro ponto destacado no trabalho de Mendes e Dias (2004) referem-se as condições de trabalho, a qual pode estar relacionada a sobrecarga de trabalho; o acúmulo de funções; fatores relacionados à instituição; Fatores relacionados ao ambiente.

Durante a análise dos textos muitas colocações interessantes foram observadas, entre estas Bauk (2002), demonstra em seu artigo que os fatores estressantes do trabalho (estressores) são condições ambientais do trabalho com potencial para reduzir a saúde e o bem estar dos trabalhadores. Nesta perspectiva, Santana et. al, (2006) relacionam os fatores estressantes do trabalho às situações que exigem a adaptação do trabalhador, podendo gerar as seguintes reações:
a) Reações psicológicas: envolvem respostas emocionais, tais como ansiedade ou frustração;
b) Reações fisiológicas (físicas): incluem sintomas como dores de cabeça;
c) Problemas digestivos e doenças como hipertensão arterial; Reações comportamentais: incluem a utilização de substâncias, do fumo e a ocorrência de acidentes.

Segundo Cechin e Fernandes (2002), afirmam em seu artigo que a busca de um maior entendimento sobre as relações entre estresse e trabalho é consonante não apenas com preocupações sociais, mas também com interesses econômicos e mercadológicos mais amplos, pois um trabalhador saudável e bem integrado ao seu trabalho terá maior chance de desempenhar eficientemente o seu papel junto ao sistema produtivo.

De acordo com as leituras para construção do referencial teórico observou-se que o estresse relacionado ao trabalho pode ser definido como as situações em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador a suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ ou a sua saúde física e mental, prejudicando a interação desta com o trabalho e com o ambiente de trabalho, à medida que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não contém recursos adequados para enfrentar tais situações.

Entre as diversas consequências do stress relacionado ao trabalho vale destacar, conforme Potter e Perry (2004) que a Síndrome de Burnout caracterizada por três aspectos básicos que são: Exaustão, Emocional, Despersonalização e Redução da realização pessoal e profissional.

Ainda citando Potter e Perry (2004) a Síndrome de Burnout pode ser prevenida quando os agentes estressores no trabalho são identificados, transformados ou adaptados à necessidade do profissional, quando se prioriza as tarefas mais importantes no decorrer do dia, quando se estabelece laços pessoais ou profissionais dando-os importância, quando os horários diários não são sobrecarregados de tarefas, quando o profissional preocupa-se com sua saúde e quando em momentos de descontração assuntos relacionados ao trabalho não são mencionados.

Por fim, os autores analisados sugerem que a diminuição do nível de estresse dos trabalhadores pode proporcionar a queda do absenteísmo e de licenças médicas ou aposentadorias por acidentes de trabalho. Portanto, altos níveis de estresse no ambiente de trabalho manifestam-se na insatisfação com o trabalho e redução do bem estar mental, podendo resultar no aumento dos acidentes de trabalho.

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Este texto expõe a opinião do autor, podendo não ser a mesma do Cursos Aprendiz.

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