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Ética e enfermagem

Glossário de Enfermagem

O avanço da Biologia Molecular abriu para ciência novas fronteiras, inclusive a de possibilitar a criação de novas formas de vida, provocando na sociedade muitas preocupações. Vários questionamentos sobre a engenharia genética são feitos em torno das noções de risco e benefício oferecidos pela ciência levando a contestar os direitos da ciência sobre a natureza enquanto universo.

Sendo a engenharia genética uma nova área da – biotecnologia – que corresponde a um conjunto de técnicas que permitem a manipulação do DNA, como a clonagem e transgênicos, neste trabalho comentaremos um pouco a respeito destas técnicas, bem como sobre fertilização in vitro, células tronco e projeto genoma.

As descobertas de que a informação genética pode ser transferida de célula para célula e que genes “estranhos” podem operar em diversas células hospedeiras fomentou especulações sobre a possibilidade de que algum dia seja possível inserir genes selecionados em células humanas, para curar doenças genéticas como a anemia falciforme, a fenilcetonuria e a diabetes.

Considerações históricas sobre a biotecnologia

De acordo com o dicionário Aurélio (1989), a palavra biotecnologia tem o seguinte significado: aplicação de métodos e processos biológicos e bioquímicos à produção de materiais e substâncias para uso industrial, medicinal, farmacêutico, dentre outros.

A palavra biotecnologia só começou a ser utilizada no século XX, mas suas técnicas já existiam há muito tempo, mais ou menos desde o ano 1800 a.C.. Naquela época, o homem já fabricava vinho, cerveja, pão, queijo e outros produtos que eram feitos por meio da fermentação (LEONI, 2008).

A biotecnologia remete-se ao desenvolvimento, principalmente no decorrer do século XIX e início do século XX, devido às pesquisas e descobertas na área da engenharia genética. Um marco importante para o aprimoramento destes estudos foi o conjunto de pesquisas realizadas entre as décadas de 1850 e 1860 pelo frade austríaco e professor de biologia, física e matemática Gregor Mendel que definiu, por meio de seus estudos com ervilhas, a transmissão de características hereditárias através das gerações. Vale lembrar, entretanto, que os resultados de suas  pesquisas não causaram impactos imediatos, mas somente cerca de 40 anos após a publicação de sua descoberta (BENTHIEN,2006).

Benthien,(2006) comenta que tais descobertas revolucionaram as pesquisas de engenharia genética e biologia, pois demonstraram a real capacidade de duplicação genética a partir da estrutura do DNA. Contudo, ao mesmo tempo em que tais descobertas eram aplaudidas e reconhecidas como um enorme avanço das pesquisas científicas no campo biológico, gerando uma grande expectativa por parte dos cientistas e da sociedade, os possíveis problemas futuros relacionados com os usos indevidos de tais descobertas fizeram emergir algumas preocupações, já que o homem, a partir de tais pesquisas, tinha em suas mãos uma capacidade de intervenção nunca antes imaginada.

Foi depois dos anos 70, com cientistas americanos, que a biotecnologia concentrou suas atenções nas pesquisas com o DNA (material genético) e com isso foi possível criar os organismos geneticamente modificados (OGMs), também conhecidos como transgênicos (Conselho de Informações sobre Biotecnologia – CIB).

Depois de conseguir transferir genes de uma espécie para outra, foi possível evoluir as técnicas para a criação de medicamentos, hormônios, plantas modificadas e outros produtos. Percebe-se com isto que a biotecnologia esta mais presente do que nunca no mundo de hoje seja na área da saúde, alimentos, químicos e ambientais.

Considerações sobre Biotecnologia e Engenharia Genética

A biotecnologia envolve técnicas que permitem ao homem utilizar organismos para obter produtos de seu interesse, ganhando um grande impulso com o surgimento da engenharia genética, sendo um tema bastante polêmico e de grande mídia envolvendo questões sócio política, religiosa, ética e tecnológica.

Esta técnica permite criar microrganismos capazes de sintetizarem proteínas com interesse comercial e alterar características de plantas e de animais. Apesar dos seus benefícios inegáveis, estas modificações genéticas levantam sérias preocupações éticas relacionadas com eventuais impactos negativos sobre o ambiente, a saúde pública e a sociedade e os seus valores.

Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT (2005) a biotecnologia integra um conjunto de tecnologias habilitadoras que possibilitam utilizar, alterar e otimizar organismos vivos ou suas partes funcionantes, células, organelas e moléculas, para gerar produtos e processos e serviços especializados com aplicações diversas nas áreas de saúde, agropecuária e meio ambiente.

A Biotecnologia é o conjunto de técnicas que permite à Indústria Farmacêutica cultivar microrganismos para produzir os antibióticos, o processo que permite o tratamento de despejos sanitários pela ação de microorganismos em fossas sépticas. A Biotecnologia abrange diferentes áreas do conhecimento que incluem a ciência básica (Biologia Molecular, Microbiologia, Biologia celular, Genética, Genômica, Embriologia etc.), a ciência aplicada (Técnicas imunológicas, químicas e bioquímicas) e outras tecnologias (Informática, Robótica e Controle de processos) (INSTITUTO DE TECNOLOGIA ORT, 2008).

A engenharia genética, de uma maneira geral, envolve a manipulação dos genes e a conseqüente criação de inúmeras combinações entre genes de organismos diferentes.

Fonseca (2007) comenta que a engenharia genética, tanto animal quanto vegetal, tem sido o instrumento de progresso tecnológico em diversas áreas: na medicina curativa, na produção de alimentos, na agricultura e outros setores.

Maftum et al (2004) pondera que, pelas suas necessidades e seus anseios a humanidade consegue impor-se a determinação do mundo natural de forma a modificá-lo na obtenção de suas satisfações.  Este processo às vezes significa uma grande riqueza para humanidade assim como também às vezes representa grandes riscos, quando essas se constituem em ações deliberadas indiscriminadamente. Principalmente quando tais ações são individualistas e causam danos ao coletivo.

A Constituição Federal define engenharia genética como atividade de manipulação de moléculas ADN/ARN recombinante.

Segundo a Lei 8.974, de 5.1.95 – Lei da Biossegurança (1995) – No Brasil o controle legal da engenharia genética está previsto no art.225, §1º, II, da Constituição Federal, onde diz que é dever do Poder Público preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético. Assim, o Poder Público tem o dever de preservar a diversidade e integridade do patrimônio genético, bem como o dever de fiscalizar os pesquisadores que manipulam material genético e ainda é obrigado a controlar os métodos, atividades e comercialização de produtos ou substâncias que possam causar danos ao meio ambiente, incluindo aí os relacionados à manipulação genética.

Ainda de acordo com a Lei 8.974, de 5.1.95 – Lei da Biossegurança – veio regulamentar os incisos II e V do parágrafo 1º do citado artigo constitucional, estabelecendo normas para uso das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados.

Considerações sobre técnicas da Biotecnologia

Transgênicos

Animais e plantas transgênicos resultam de experimentos de engenharia genética nos quais o material genético é movido de um organismo a outro, visando à obtenção de características específicas.

Lopes (1999) relata que organismos transgênicos são aqueles que recebem e manifestam genes de outros organismos, com características vantajosas e que produzam substâncias de interesse para o ser humano.

O principal uso dessa tecnologia faz-se pela alteração de animais e plantas que podem crescer mais e com melhores quantidades. A utilização das técnicas transgênicos permite a alteração da bioquímica e do próprio balanço hormonal do organismo transgênicos. Em relação ao Melhoramento de plantas, atualmente as técnicas de utilização de transgenes vêm sendo amplamente difundidas (MORAES, 1998).

Na realidade, nas plantações, comumente se perde muito devido às ervas invasoras e aos insetos e fungos devoradores, conhecidos com pragas. Assim um número crescente de plantas tolerantes a herbicidas e a determinadas pragas tem sido encontrado, também vem sendo utilizado para alterar importantes características agronômicas das plantas o valor nutricional, teor de óleo e muitos produtos com utilidade biofarmacêuticas podem ser produzidos nesses animais e plantas transgênicos.

Conforme Glugoski (2003), das bactérias existentes no mundo apenas 3% são patogênicas; todas as outras são benéficas ao homem, aos outros animais e às plantas. Fixam oxigênio nas folhas, limpam águas poluídas, processam a digestão. O sistema digestivo do homem possui milhões de bactérias e sem elas a vida seria impossível. Claro que são apenas as bactérias benéficas que a biotecnologia usa no processo de transgenia, daí a ausência total de risco para o consumidor.

Os Transgênicos estão cada vez mais presentes no dia-a-dia dos brasileiros, que se vêem obrigados a optar pela aceitação ou não de produtos sobre os quais eles pouco conhecem. De um lado, a promessa de um futuro ambientalmente mais saudável e de uma agricultura mais produtiva; de outro a ansiedade gerada pela pouca informação acerca da qualidade dos produtos transgênicos e pelo medo do desconhecido, inerente a todos os seres humanos. Portanto deve haver um exame minucioso de todas as alternativas e uma análise das justificativas e benefícios, assim como os riscos e custos destes alimentos geneticamente modificados

Um dos experimentos da engenharia genética que têm trazido mais polêmica é a questão da produção de transgênicos na agricultura, com a finalidade de se evitar pragas, maior resistência com o objetivo de  aumentar a produção e redução dos custos.

Segundo a Lei nº 11.105, de 24.03.2005 criada pelo  Ministério da Ciência e Tecnologia, compete à Comissão Interna de Biosegurança – CIBiO no âmbito de sua Instituição:

I – manter informados os trabalhadores, de qualquer pessoa e a coletividade, quando suscetíveis de serem afetados pela atividade, sobre todas as questões relacionadas com a saúde e a segurança, bem como sobre os procedimentos em caso de acidentes;

II – estabelecer programas preventivos e de inspeção para garantir o funcionamento das instalações sob sua responsabilidade, dentro dos padrões e normas de biossegurança, definidos pela CTNBio na regulamentação desta Lei;

III – encaminhar à CTNBio os documentos cuja relação será   estabelecida na regulamentação desta Lei, visando a sua análise e a autorização do órgão competente quando for o caso;

IV – manter registro do acompanhamento individual de cada atividade ou projeto em desenvolvimento envolvendo OGM;

V – notificar à CTNBio, às autoridades de Saúde Pública e às entidades de trabalhadores, o resultado de avaliações de risco a que estão submetidas as pessoas expostas, bem como qualquer acidente ou incidente que possa provocar a disseminação de agente biológico;

Ainda segunda a mesma lei citada acima compete a CTNBio Art. 14:

V – estabelecer os mecanismos de funcionamento das Comissões Internas de Biosegurança – CIBio, no âmbito de cada instituição que se dedique ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial que envolvam OGM ou seus derivados.

XIII – definir o nível de biossegurança a ser aplicado ao OGM e seus usos, e os respectivos procedimentos e medidas de segurança quanto ao seu uso, conforme as normas estabelecidas na regulamentação desta Lei, bem como quanto aos seus derivados.

XVII – apoiar tecnicamente os órgãos competentes no processo de prevenção e investigação de acidentes e de enfermidades, verificados no curso dos projetos e das atividades com técnicas de ADN/ARN recombinante;

Clonagem

A palavra clone (do grego klon, significa “broto”) é utilizada para designar um conjunto de indivíduos que deram origem a outros por reprodução assexuada. O termo clone foi criado em 1903, pelo botânico norte-americano Herbert J. Webber, segundo ele, o clone é basicamente um descendente de um conjunto de células, moléculas ou organismos geneticamente iguais à de uma célula matriz (Brasil Escola).

Zatz, 2004 comenta que a clonagem é um mecanismo comum de propagação da espécie em plantas ou bactérias. E que um clone é definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original e entre elas. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado.

Conforme o artigo Engenharia Genética: A Ciência da Vida (2004) relata que clonagem é a cópia de uma molécula de DNA recombinante, contendo um gene ou outra seqüência de DNA que se quer estudar. É a reprodução assexuada a partir de uma célula mãe, utilizando células geneticamente idênticas entre si e a célula progenitor. A palavra clonagem vem do grego “klón” que significa “broto”.

No Brasil, a Lei 8974/95, estabeleceu as normas para uso das técnicas de engenharia genética. O item IV do artigo 8º. veda a “produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível”.

De acordo com Schramm, 2003 quando descreve em seu artigo A CLONAGEM HUMANA: UMA PERSPECTIVA PROMISSORA ele comenta que: O termo “clonagem” pode ser referido à clonagem de organismos humanos ou a órgãos e tecidos humanos.

(a) A clonagem de órgão e tecidos humanos é uma técnica emergente que utiliza células-tronco e que visa, a partir de células saudáveis, fornecer órgãos e tecidos saudáveis aos doentes. Por ter uma finalidade claramente terapêutica, esta técnica tem uma aceitação social crescente, não havendo portanto objeções morais substantivas do ponto de vista da bioética , desde que sejam respeitados as necessárias medidas de biossegurança e o princípio da eqüidade.

(b) Já a clonagem de organismos humanos é por enquanto apenas uma possibilidade prometida por especialistas em reprodução humana, No entanto, trata-se ainda de uma técnica com alta probabilidade de risco (malformações, envelhecimento precoce…) e de baixa efetividade, razão pela qual parece razoável evitá-la provisoriamente devido à incerteza sobre possíveis danos à saúde do nascituro.

O principal objetivo da clonagem é a criação de um novo ser, através de características de um ser “doador”, ou seja, criar, dar a vida a um ser totalmente igual a outro com suas características. Isso tem levado a divisão de opiniões entre várias pessoas em todo mundo; a maioria é contra a clonagem e a minoria a favor.

Embora as técnicas de clonagem terem avançado nos últimos anos, a clonagem de seres humanos ainda está muito longe de acontecer. Além de alguns limites científicos, a questão ética e religiosa tem se tornado um anteparo para estas pesquisas com seres humanos (Sua Pesquisa).

Este é um dos grandes temas de questionamento ético atual, a evolução das técnicas, dos procedimentos e dos debates permitirá melhor delimitar os aspectos positivos e negativos envolvidos na clonagem.

Os pontos positivos da clonagem são: utilização da técnica de clonagem para obtenção de células troncas a fim de restaurar a função de um órgãos ou tecido; a clonagem “terapêutica” teria a vantagem de não oferecer riscos de rejeição se o doador fosse a própria pessoa (ex.: reconstituir a medula em alguém que se tornou paraplégico após um acidente, ou substituir o tecido cardíaco em uma pessoa que sofreu um infarto); diminuição ou fim do tráfico clandestino de órgãos; ajudar casais inférteis que não podem ter filhos, mesmo após anos de tratamento de infertilidade; melhoramento animal, resgate de material genético, maximização do potencial genético de uma raça, dentre outros. (LEITE S/D)

Alguns dos pontos negativos da clonagem são: técnica de baixa eficiência; vários fetos morrem durante a gestação ou logo após o nascimento; grande número de anomalias; envelhecimento Precoce;  os clones seriam maiores do que o normal, denominado de síndrome do filhote grande (large offspring syndrome – LOS); lesões hepáticas, tumores, baixa imunidade. (LEITE S/D)

Células Tronco

Segundo Zatz células-tronco são as células com capacidade de auto-replicação, isto é, com capacidade de gerar uma cópia idêntica a si mesma e com potencial de diferenciar-se em vários tecidos.Existem as células-tronco totipotentes ou embrionárias, que conseguem dar origem a qualquer um dos 216 tecidos que formam o corpo humano; as pluripotentes, que conseguem diferenciar-se na maioria dos tecidos humanos, e as células-tronco multipotentes que conseguem diferenciar-se em alguns tecidos apenas.

No entanto as células-tronco embrionárias são as mais adequadas para o tratamento de doenças, já que possuem uma capacidade indefinida de multiplicação e podem se transformar em qualquer tipo de tecido.

Accorsi (s/d) relata que as células-tronco podem ser utilizadas para substituir células que o organismo deixa de produzir por alguma deficiência, ou em tecidos lesionados ou doentes.

Ainda segundo Accorsi (s/d) as pesquisas com células-tronco sustentam a esperança humana de encontrar tratamento, e talvez até mesmo cura, para doenças que até pouco tempo eram consideradas incontornáveis, como diabetes, esclerose, infarto, distrofia muscular, Alzheimer e Parkinson. O princípio é o mesmo, por exemplo, do transplante de medula óssea em pacientes com leucemia, método comprovadamente eficiente. As células-tronco da medula óssea do doador dão origem a novas células sangüíneas sadias.

A lei da Biossegurança, aprovada pelo Senado, permite a pesquisa em células-tronco de embriões obtidos por fertilização in vitro e congelados há mais de três anos. Mas, para que o estudo seja feito, os pais devem autorizar a pesquisa expressamente.

D’Elia (2008) relata que o Supremo Tribunal Federal decide que a Lei da Biossegurança não fere a Constituição e liberou o uso de células-tronco de embriões nas pesquisas científicas. Embriões inviáveis para reprodução ou congeladas há mais de três anos poderão ser usados.

Neiva (2005) comenta que o Brasil é um dos países mais avançados nas pesquisas com células tronco, é o pioneiro em estudos sobre insuficiência cardíaca, cirrose hepática e acidente vascular e está preste a ser o 1º país, a testar a eficácia de uma terapia ainda inédita no mundo que é o uso de células tronco em pacientes vitimas de acidente vascular cerebral.

Muitos bons resultados de pesquisas têm sido apresentados pelos pesquisadores com células tronco adultas, obtidas de várias partes do corpo, sem a necessidade de se usar embriões humanos e matá-los. São exemplos desses resultados: as células-tronco adultas “reprogramadas” fazem às vezes das embrionárias, e poderiam substituir neurônios perdidos ou afetados tratando pacientes com Parkinson e Alzheimer ; pesquisadores em Chicago conseguiram transformar células-tronco adultas em osso e cartilagem, formando a estrutura esférica de uma articulação encontrada na mandíbula humana, com sua forma e composição de tecidos característicos, além desses exemplos de pesquisas com células tronco adultas existem outras que vêm mostrando bons resultados. (AQUINO-2008)

Segundo Aquino (2008) enquanto a terapia com células tronco adultas, dão cada vez melhores resultados, já sendo pesquisadas no tratamento de 75 enfermidades, as células tronco embrionárias até hoje não deram nenhum bom resultado, ao contrário, apenas tem gerado teratomas, tumores cancerígenos. Infelizmente, ou maldosamente, muitas noticias sobre o sucesso com células tronco adultas, não deixam claro isso, levando o povo a pensar que se trata de células tronco embrionárias.

As questões religiosas e éticas têm dificultado as pesquisas com esse tipo de célula. Na questão religiosa, principalmente para a Igreja Católica, o uso de embriões para pesquisa é sinônimo de assassinato, pois acreditam que a vida humana começa na concepção, enquanto para a ciência, um embrião de até cinco dias é somente um aglomerado de células.

Segundo Goldim (2006) a Igreja Católica romana  tem defendido esta  posição, igualmente aceita por muitos cientistas e filósofos não vinculados a ela, de que a vida de uma pessoa tem início na fecundação, desta forma não há justificativa eticamente adequada para tal tipo de pesquisa.

A Igreja da Escócia, de orientação cristã protestante, também defende esta mesma posição, mas aceita, desde 1996,  a realização de pesquisas com embriões, desde tenha por objetivo solucionar situações de infertilidade ou decorrentes de doenças genéticas. Este posicionamento de defender o primado do indivíduo sobre a sociedade remonta a Claude Bernard, que afirmou em 1852, que: O princípio da moralidade médica e cirúrgica é nunca realizar um experimento no ser humano que possa causar-lhe dano, de qualquer magnitude, ainda que o resultado seja altamente vantajoso para a sociedade.

Os que defendem a realização de pesquisas com células tronco embrionárias humanas utilizam a raciocínio moral de que um bem social, que será útil para muitas pessoas que sofrem de doenças hoje incuráveis, se sobrepõe ao de um individuo. Ainda mais quando este indivíduo é um embrião em fases iniciais (GOLDIM , 2006).

A bioética considera perigosa a manipulação de células tronco embrionária, pois acredita que esta pode conduzir a seleção de indivíduos, com base em características pré-definidas, embora as intenções diversas por trás dessa manipulação possam ser tão nobres quanto salvar vidas através da bioengenharia e reconstrução dos órgãos.Passa também pela preocupação de que a utilização dessa nova técnica possa levar a uma desumanização com danos irreparáveis ao respeito à vida. Vários segmentos da população têm a posição contrária a este tipo de pesquisa, afirmam que o bem da sociedade não pode ser obtido a partir da morte de alguns indivíduos, mesmo que em fase embrionária.

Projeto Genoma

Podemos dizer que genoma é o código genético do ser humano,ou seja, o conjunto dos genes humanos. No material genético podemos encontrar todas as informações  para  o desenvolvimento e funcionamento do organismo do ser humano. Este código genético está presente em cada uma das nossas células. O genoma humano apresenta-se por 23 pares de cromossomos que contém interiormente os genes. Todas as informações são codificadas pelo DNA, o ácido desoxirribonucléico. Este ácido, que tem um formato de  dupla hélice, é formado por quatro bases que se juntam aos pares; adenina com timina e citosina com guanina.(NEVES,1999)

Segundo o site www.brasilescola.com/biologia, o genoma traz codificadas no DNA dos seus 46 cromossomos as instruções que irão afetar, não apenas sua estrutura, seu tamanho, sua cor e outros atributos físicos, como também sua inteligência, sua suscetibilidade a doenças, seu tempo de vida e até aspectos de seu comportamento.

Soares; Hansen (2001) comentam que as primeiras propostas para se mapear o genoma humano surgiram em 1985, quando um grupo de cientista pretendiam detectar mutações em homens. Com isso foi criado o Projeto Genoma Humano, que faz parte de um financiamento público. Mais tarde Craig Venter funda a empresa Celera Genomics, que faz parte de um financiamento particular e que tinha como um dos principais objetivos sequenciar todo o genoma humano antes do projeto genoma humano.

Segundo Goldim (2006) a grande meta do Projeto Genoma Humano, é nada menos que a busca do completo entendimento da base genética do Homo sapiens, incluindo a base genética das doenças. De posse desse conhecimento, o objetivo seguinte é aplicar tecnologia para alterar,quando preciso,algumas das instruções, visando aperfeiçoar o ser humano e livrá-lo de doenças e outros fatores limitantes .

Zatz (2004) relata que os resultados a longo prazo desse Projeto certamente irão revolucionar a medicina, principalmente na área de prevenção. Será possível analisar milhares de genes ao mesmo tempo e as pessoas poderão saber se têm predisposição aumentada para certas doenças, como diabete, câncer, hipertensão ou doença de Alzheimer, e tratar-se antes do aparecimento dos sintomas. As vacinas de DNA poderão eliminar doenças como a tuberculose ou a Aids. Os remédios serão receitados de acordo com o perfil genético de cada um, evitando-se assim os efeitos colaterais

Nesse Projeto existem desvantagens (éticas e morais),pois o uso indevido deste pode fazer com que as pessoas percam sua individualidade,tornem-se vulneráveis e propícias a um descarte numa entrevista de trabalho, por exemplo, devido ao fato de que por um simples exame detectar uma má reprodução da célula e um futuro câncer, que dificultará sua admissão no emprego.(http://www.algosobre.com.br/biologia).

Fertilização In Vitro

Leite reta que o nascimento de Louise Brown, da Inglaterra, em 25 de julho de 1978 (Steptoe & Edwards, 1978), a primeira criança concebida após fertilização “in vitro” e transferência de embrião, após nove anos de tentativas mal sucedidas devido à uma obstrução tubária, marcou o início de uma era de extraordinário processo no entendimento e tratamento dos problemas relacionados à fertilização humana. No mesmo ano, na Índia, outro bebê nasceu pelo mesmo processo. Logo, as pessoas começaram a chamar essas crianças de “bebês de proveta”. Em 1981, nasceu o primeiro bebê de tubo de ensaio e o número continuou a aumentar a cada ano. De acordo com os Centros de Controle de Doenças, mais de 48 mil nasceram em 2003 por meio de Tratamento de Reprodução Assistida (99% via FIV).

Segundo Frazão Fecundação é o processo através do qual um gameta masculino (espermatozoide) perfura as membranas lipoproteicas do gameta feminino (óvulo) e combina-se com esse formando uma célula diploide, o zigoto (com dupla carga genética), que em poucas horas inicia seu processo de divisão celular, o que já configura o desenvolvimento do embrião.

Fertilização in Vitro (FIV) é um procedimento no qual se estimula a produção de vários óvulos em um mesmo ciclo, os quais são retirados do corpo da paciente com o auxílio do aparelho de ultra-sonografia transvaginal e estes são fertilizados com o espermatozoide em uma estufa que simula o ambiente da trompa da mulher. Após a fertilização, aproximadamente 48 a 60 horas estas células já fertilizadas, embriões, são transferidos para o útero da paciente na esperança de se iniciar uma gestação. As chances variam em torno de 25% de sucesso por tentativa, com variações que dependem da idade da mulher assim como o fator que originou a infertilidade.(OLMOS)

Cortela e kalil comentam que originalmente a fertilização in vitro seguida de transferência de embriões (FIV-TE) foi proposta para o tratamento dos casos de infertilidade tubária, ou seja, para aquelas pacientes em que as trompas estavam ausentes ou irreparavelmente obstruídas. O aprimoramento das técnicas de FIV ampliou as suas indicações e permitiu o seu uso para o tratamento da infertilidade de outras etiologias.

Anjos comenta que para  a operação dar certo, não basta qualquer óvulo ou espermatozoide (genericamente chamados gametas). “Eles são postos à prova em várias etapas do processo e só os gametas com maior chance de fecundar chegam às finais”, afirma o médico Arnaldo Cambiaghi, diretor do Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia.

A fertilização in vitro (FIV) é popularmente chamada de “bebê de proveta”. Esse procedimento envolve várias etapas. Na primeira etapa, denominada estimulação ovariana controlada, a paciente recebe drogas indutoras da ovulação para aumentar a produção de óvulos. Em seguida, com o auxílio de uma ultra-sonografia transvaginal, os óvulos são coletados e levados ao laboratório. Paralelamente, os espermatozoides do paciente são preparados em laboratório de modo que, para cada óvulo a ser fecundado, haja cerca de 50 a 100 mil espermatozoides móveis. Na etapa seguinte, totalmente desenvolvida em laboratório, os óvulos e espermatozoides são colocados em um meio especial de cultura para que ocorra a fecundação. Se a fertilização for bem sucedida, dará origem a pré-embriões, que serão transferidos para o útero da paciente em 48, 72 ou até 120 horas após a coleta dos óvulos. Uma vez dentro do útero o pré-embrião transforma-se numa estrutura esférica chamada blastocisto num espaço de tempo que leva de 3 a 5 dias. É nesse momento que acontece a implantação e o início da gravidez. Entretanto, somente depois de passados 12 dias da transferência dos pré-embriões para o útero é que solicitamos o teste de sangue para determinação da presença de gravidez – é a dosagem de beta-HCG no sangue. Um exame positivo com beta-HCG acima de 30 UI/mL é sinal de gravidez evolutiva.(http://www.yoni.com.br/fiv.html)

As probabilidades de gravidez variam entre 20 e 35% em mulheres de até 35 anos. A partir dos 40 anos, quando os óvulos já perderam parte da vitalidade, a taxa de gravidez cai para 15%.(http://www.semion.med.br/tecnicas.htm)

Sendo assim, existem três situações para que seja feito o uso das técnicas de fertilização in vitro: pacientes que não tenham ovulação;  pacientes que tenham ovulação, mas com uma qualidade hormonal baixa; pacientes com ovulação normal, mas que de acordo com alguns trabalhos científicos, a chance de gravidez em ciclos estimulados é estatisticamente maior que nos ciclos naturais.(FERREIRA,C. C. et al ,2004)

Esta prática levanta com um conjunto de problemas jurídicos e éticos: esses embriões, nos primeiros estágios de desenvolvimento, já são seres humanos? Podem ser “doados” para serem implantados no útero de mulher que não pode conceber, mas pode levar a termo uma gestação? Podem ser usados para pesquisa científica e depois destruídos?

Papel da Enfermagem nos centros de pesquisas

Baseado no decreto n º 94.406 de 1987 (Conselho Regional de Enfermagem – COREN – Ba, 2003) sobre a normatização do exercício profissional, a enfermagem como integrante da equipe de saúde participa nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças profissionais e do trabalho.

Segundo o código de exercício profissional a enfermagem dentro das organizações, de pesquisa podem atuar na prevenção e vigilância na saúde do trabalhador e meio ambiente atuando em conjunto com a Comissão Interna de Biossegurança, bem como na área de pesquisa e tecnologia. Para este tipo de atividade – transgênicos – é exigido por lei um controle rigoroso de segurança e  avaliação de risco , à saúde humana e ao meio ambiente.

Segundo a Associação Nacional dos Enfermeiros do Trabalho – ANET, são atribuições do enfermeiro do trabalho: estudar as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetuando observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar as necessidades no campo de segurança, higiene e melhoria do trabalho.

Floria-Santos et al (2006) em seu artigo comenta que por mais de quarenta anos, enfermeiros vêm atuando como conselheiros e educadores na área de genética e, conseqüente, contribuindo para ampliar o conhecimento dos profissionais em relação aos aspectos biológicos e psicossociais do processo saúde-doença, transformando o modo de assistência à população.

Considerações Finais

As importantes descobertas nas áreas de biotecnologia e engenharia genética têm criado novas alternativas para a cura de doenças, as melhorias na produção agrícola, bem como auxiliam na prevenção de problemas ambientais. O ritmo acelerado de tais descobertas tem propiciado o desenvolvimento de novas ferramentas para pesquisas que auxiliam na solução de problemas em todos os ramos da biologia, desde biologia celular e molecular até a ecologia e evolução, influenciando diversos aspectos de nossa vida.

Vale ressaltar que a  Biotecnologia é um conjunto de técnicas que utilizam os seres vivos no desenvolvimento de processos e produtos que tenham uma função econômica e/ou social com isto envolvendo várias áreas do conhecimento e, em conseqüência, vários profissionais, sendo uma ciência de natureza multidisciplinar.

Não podemos desconsiderar que a biotecnologia, apresenta um novo e poderoso desafio para a atuação dos profissionais de saúde, não só no sentido de garantir o respeito à vida do ser humano na fase embrionária como também o de assegurar a integridade e identidade das gerações futuras.

É importante trazer como condição importante a necessidade de que principalmente enquanto  profissionais de enfermagem e de ser humano, estejamos permanentemente refletindo a respeito do valor e do significado da vida, pois todos esses dilemas perpassam pela concepção que cada um tem da vida.

Referências:

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http://super.abril.com.br/superarquivo/2007/conteudo.  Acesso em out. 2008.

AQUINO , F. As promissoras pesquisas com células tronco adultas. Disponível em < http://blog.cancaonova.com >   Acesso em out. 2008.

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BENTHIEN, P. F. Engenharia genética nos séculos XIX e XX e a transgenia agrícola no século XXI – 2006. Disponível em http://revista-theomai.unq.edu.ar/NUMERO13> Acesso em out.2008.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia – 2005 Disponível em: <    http://www.mct.gov.br/legis/leis> Acesso em: out. 2008.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM – COREN – Ba. Disponível em:  http://www.coren-ba.com.br> Acesso em: 24 de nov. 2005

CORLETA, H. V. E. e KALIL, H. S. B. Fertilização in vitro. Disponível em:< http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?199>

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