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Autonomia e cidadania na enfermagem

As discussões propostas neste artigo surgiram ao longo de uma experiência na disciplina de saúde da criança e do adolescente do curso de pós-graduação, no qual discutiu-se a organização do trabalho em equipe, a descontinuidade do atendimento e a forma como as ações de saúde são realizadas. Aliado a isso, soma-se o fato de, na área escolhida para a realização do estudo, existir uma carência acentuada de adolescentes que buscam serviços de saúde na Estratégia de Saúde da Família – ESF (anteriormente titulada como Programa de Saúde da Família – PSF), o que direcionou para a necessidade de estudar as práticas educativas voltadas para esta clientela na atenção primária. Neste sentido, considera-se importante aprofundar o campo de conhecimento sobre os enfermeiros que atuam cotidianamente na Estratégia de Saúde da Família.

Para Pereira (2004), A origem da palavra adolescência vem do Latim “ad” (‘para’) + “olescere” (‘crescer’), o que expressa “crescer para”. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/90, considera, do ponto de vista cronológico, a adolescência entre a faixa etária dos 12 até os 18 anos de idade completos. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) define a adolescência como sendo o período da vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos completos.

Assim, Carvachoet al. (2008) observaram que os adolescentes pouco utilizam os serviços de saúde e, quando o fazem, buscam apenas serviços curativos e não de prevenção. Os autores também descreveram elevada resistência de adolescentes em aproximar-se dos serviços de saúde e, em contrapartida, resistência dos serviços procurados em acolher os interesses de adolescentes.

Diante deste contexto, este trabalho busca responder à seguinte questão: Quais os fatores determinantes da privação dos jovens nos serviços de saúde de atenção primária?

Com base no assunto abordado, considerou-se como objetivo geral da pesquisa caracterizar a qualidade do atendimento ofertado aos adolescentes na atenção primária e, assim, descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro na saúde do adolescente e analisar as dificuldades da prática do profissional quanto à promoção da saúde do adolescente.

De acordo com o Caderno de Saúde Integral de Adolescentes e Jovens: Orientações para a Organização de Serviços de Saúde (2007), existe a necessidade de serviços de saúde de qualidade, a qual é colocada como um desafio para atingir melhores condições de vida e de saúde dos adolescentes brasileiros. Isto significa, também, compreender a importância dos aspectos econômicos, sociais e culturais que integram a vida desses grupos, pois, de acordo com Costa, Queiroz e Zeitoune (2012), esta faixa etária passa por modificações físicas, psicológicas e sociais.

Dessa forma, parte-se do pressuposto de que o déficit de programas e ações voltadas para o público alvo e a falta de qualidade na assistência prestada aos adolescentes na atenção primária têm contribuído para o afastamento dos jovens na Estratégia de Saúde da Família. O acesso da população aos serviços de saúde é fundamental para uma assistência à saúde eficiente.

Trabalhar na Estratégia Saúde da Família (ESF) e desenvolver habilidades relacionadas à saúde do adolescente, na perspectiva da promoção da saúde, constitui um desafio para o enfermeiro. Proporcionar a assistência ao adolescente que se encontra em pleno processo de transformação biopsicossocial e pautar o cuidado, levando em consideração as necessidades e singularidades desse grupo, exige um processo de crescimento e de aquisição de novos conhecimentos.

METODOLOGIA

No presente estudo, a pesquisa bibliográfica é utilizada como método para o desenvolvimento da revisão da literatura, com abordagem qualitativa. Este procedimento foi escolhido por possibilitar a síntese e análise do conhecimento científico já produzido sobre o tema investigado. A pesquisa apresenta enfoque qualitativo por ter em seu perfil o objetivo de identificar e conhecer as múltiplas características de um objeto de estudo. Delimitou-se qualitativa por não apresentar dados estatísticos, números e gráficos.

Para alcançar os objetivos desta pesquisa, utilizou-se a base de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo) com os seguintes descritores: “saúde do adolescente”, “enfermeiro”, “Estratégia saúde da família” e “promoção da saúde”.Para tanto, foi necessário consultar e analisar manuais e pactos disponíveis pelo Ministério da Saúde e outras referências bibliográficas acerca deste tema os quais possibilitaram que este trabalho adquirisse forma para ser fundamentado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Atenção à saúde do adolescente: Desafios do enfermeiro na atenção primária

A construção dessa categoria embasou-se nas leituras que caracterizaram as dificuldades e barreiras encontradas na assistência ao adolescente.

A atribuição do enfermeiro na Estratégia de Saúde da Família (ESF) engloba o apoio e supervisão do trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS), o oferecimento de assistência aos que necessitam de cuidados, a organização cotidiano da ESF, a programação de ações e a execução de atividades juntamente à comunidade. (SOUZA, et. al., 2012).

Henriques, Rocha e Madeira (2010) afirmam que o enfermeiro julga o atendimento aos adolescentes um trabalho árduo, pois, muitas vezes o mesmo não sabe lidar com a situação e atribuem ao próprio adolescente o obstáculo no atendimento.

Entende-se, pois, que a atenção primária constitui-se como um importante espaço de atuação, no qual os enfermeiros podem trabalhar desencadeando o estímulo às potencialidades do adolescente, através do exercício da promoção da saúde, visando fazê-los capazes de cuidar da sua saúde.

Henriques, Rocha e Madeira (2010), destacam que é necessária uma comunicação satisfatória entre enfermeiro e o adolescente, uma vez que o modo pelo qual os homens se expressam é de grande importância no processo de entendimento. Portanto, a comunicação é elemento fundamental na relação entre o profissional e o adolescente.

Para a aceitação do adolescente no espaço de saúde, é importante permitir que ele seja escutado e que possa expor suas ideias, sentimentos e experiências, sendo respeitado e valorizado. (SANTOS, et.al., 2012).

Outra questão a ser evidenciada é que a relação existente entre o profissional e o adolescente é permeada por conflitos e questionamentos. Por ser um sujeito em transformação, seu atendimento é dificultoso.

Henriques, Rocha e Madeira (2010, p.301) complementam relatando que:
“As mudanças sofridas pelos adolescentes são intensas. Eles constituem grupo heterogêneo com características individuais, não cobertas pelos critérios técnicos. A adolescência é, portanto, fase de importantes transformações biológicas e mentais, articuladas ao redimensionamento de papéis sociais, como mudanças na relação com a família e escolha de projeto de vida. Percebe-se o quanto essa fase deve ser valorizada, constituindo-se em período de muita vulnerabilidade e exposição a fatores de risco.”

Estes autores explicam, também, que a interação entre o profissional e o adolescente baseia-se na criação de vínculos, estabelecendo relações de confiança pautadas na relação de troca e respeito, estabelecida com o diálogo. Para isso, deve-se ser compreensivo, pronto para escutar suas necessidades sem discriminação.

Para Tôrres, Nascimento e Alchieri (2012), entretanto, a procura dos adolescentes pelo serviço de saúde de atenção básica é centrada apenas na doença, através de consultas mé­dicas e odontológicas, marcação de exames e entrega de medicamentos. Isso se contrapõe ao modelo de organização da assistência proposto pela Estratégia Saúde da Família (ESF) que mostra uma nova maneira de trabalhar a saúde, tendo a família como centro de atenção e não somente o indivíduo doente.

“A ausência de ações específicas à promoção da saúde do adolescente na atenção básica também contribui para a condição culturalmente imposta de ir à busca do serviço somente quando instaurado um quadro patológico, fortalecendo e hegemonizando o modelo biomédico vigente.” (ANDRADE; HOLANDA E BEZERRA, 2014, p.3)

Alves et.al. (2008), também confirmam que os adolescentes, de um modo geral, não buscam esclarecimentos e/ou assistência na equipe de saúde da família, ou esta não está realmente preparada para disponibilizar serviços de qualidade. É adequado assegurar estratégias de educação sexual e reprodutiva, saúde mental, prevenção de acidentes, na relação familiar e maus-tratos, voltadas para promoção da saúde e prevenção de doenças com maior risco de ocorrência nesta faixa etária.

“Pode-se perceber que o acesso dos adolescentes ao serviço de saúde ainda necessita ser facilitado, tendo em vista a necessidade de discussão das questões que permeiam essa fase da vida, faltando, no contexto investigado, o vínculo com a equipe e ações mais específicas para esse grupo.” (VIEIRA, et. al., 2011, p. 717).

O acesso da população a serviços de saúde é fundamental para uma assistência à saúde eficiente. A ESF, em sua prática diária, apresenta dificuldades que impedem uma assistência à saúde adequada. Um dos fatores que contribui para essa situação é a dificuldade de acesso de alguns grupos populacionais a esses serviços.

Santos et.al. (2012) reforça o despreparo dos serviços de saúde em relação às práticas de cuidado com os adolescentes, de forma a atender as suas peculiaridades e complexidades, faltando espaços e suportes apropriados no âmbito da orientação, proteção e recuperação da saúde.

A individualidade na atenção ao adolescente se apresenta como desafio para o enfermeiro, podendo-se citar como obstáculos a serem superados a necessidade de adequação do diálogo entre o profissional e o jovem adolescente. Mas, nesse processo, deve-se considerar a forma como os adolescentes enxergam os profissionais e os serviços de saúde, e suas reais necessidades.

De acordo com Bôas, Araújo e Timóteo (2008), diversas dificuldades são apresentadas pelas equipes da ESF, sendo consideradas prioritárias as que dizem respeito à estruturação da atenção básica, descontinuidades na implantação de ações intersetoriais e de promoção da saúde, bem como às relativas ao apoio institucional e ao perfil de alguns profissionais. Estes impasses são apontados pelos enfermeiros como fatores que limitam a autonomia, interferindo no processo de trabalho.

Neste sentido, a elaboração de programas voltados para a saúde do adolescente necessita de uma abordagem interdisciplinar, abrangendo aspectos relacionados ao cotidiano dos adolescentes e ao contexto em que estão inseridos, buscando adequar os conteúdos dos projetos às diferentes modalidades de demanda individual e coletiva. (HENRIQUES; ROCHA E MADEIRA, 2010).

Trabalhar na Estratégia Saúde da Família (ESF) e desenvolver habilidades relacionadas à saúde do adolescente, na perspectiva da promoção da saúde, constitui um desafio para o enfermeiro, pois proporcionar a assistência ao adolescente, que se encontra em pleno processo de transformação biopsicossocial, e pautar o cuidado, levando em consideração as necessidades e singularidades desse grupo, exige um processo de crescimento e de aquisição de novos conhecimentos.

Principais programas e ações em saúde do adolescente

Para que se possa compreender melhor as peculiaridades desta faixa etária, destacou-se os principais programas relacionados à saúde do adolescente. O Programa Saúde do Adolescente (PROSAD), criado em 1989, fundamenta-se na política de promoção da saúde, identificando grupos de risco na detecção precoce dos agravos e também na reabilitação, cumprindo as diretrizes  do Sistema Único de Saúde. Tem como público alvo jovens de ambos os sexos, de 10 a 19 anos de idade, priorizando como áreas de atuação o crescimento e o desenvolvimento, a sexualidade, a saúde bucal, a saúde mental, a saúde reprodutiva, a saúde do escolar adolescente e a prevenção de acidentes.

Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente vem trazer a prioridade absoluta na atenção integral a esta faixa etária, garantindo o direito à vida e à saúde. Em 1993 foram lançadas as primeiras Normas de Atenção à Saúde Integral do Adolescente, conduzindo as equipes de saúde na atenção ao adolescente.

O Programa Saúde na Escola (PSE), criado pelo Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, contribui para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos à saúde para o enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino.

“A saúde, no espaço escolar, é concebida como um ambiente de vida da comunidade, cujo referencial para ação deve ser o desenvolvimento do educando, como expressão de saúde, com base em uma prática pedagógica participativa, tendo como abordagem metodológica a educação em saúde transformadora. O contexto familiar, comunitário, social e ambiental da criança deve ser considerado, bem como a análise dos seus valores, condutas, condições sociais e estilos de vida.” (ALVARENGA, et.al., 2012, p. 1).

A literatura relata que, apesar da proposta de prioridade absoluta decretada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do direito constitucional à saúde, a atenção à saúde do adolescente ainda não alcançou de forma satisfatória essa parcela populacional. Tal diferença entre as garantias legais à saúde e a realidade dos adolescentes deve-se a múltiplos fatores, dentre os quais pode-se destacar a ênfase em programas de saúde direcionados à mulher, à criança e ao idoso, o mito de que as pessoas jovens não adoecem, o baixo percentual de profissionais da atenção básica capacitados para o atendimento, a falta de integração entre os serviços de saúde e as demais instituições públicas que atendem à população jovem. Existe, além disso, a necessidade de incluir, de forma mais abrangente e efetiva, a saúde de adolescentes e jovens no planejamento e gestão do SUS, como forma de concretizar as ações propostas para esta parcela da população.

“A literatura tem apontado uma realidade um tanto ou quanto adversa na qual, em virtude das exigências de serviços burocráticos, do grande número de programas que devem ser colocados em prática, somados à falta de estrutura e de recursos, o atendimento integral aos adolescentes torna-se um desafio, ficando sem continuidade, restringindo-se à consulta de enfermagem realizada por demanda espontânea.” (HIGARASHI et. al, 2011, p. 379).

É fundamental elaborar estratégias públicas que focalizem a saúde dessa população com ações promotoras da saúde, preventivas e curativas, capazes de garantir a assistência integral à saúde dos jovens.

As ações de promoção da saúde do adolescente desenvolvidas pelos enfermeiros

A promoção da saúde é uma das estratégias que busca a melhoria da qualidade de vida da população. Esta deve dialogar com as diversas áreas do setor sanitário, com outros setores do governo e com a sociedade para que sejam participantes no cuidado com a vida, formando redes de compromisso e corresponsabilidade, fortalecendo estratégias intersetoriais no avanço da qualidade de vida dos indivíduos. (BRASIL, 2012).

Quanto à prática de ações de prevenção e promoção da saúde desenvolvidas pelos enfermeiros no serviço para os adolescentes, algumas das literaturas referem que estas geralmente são individuais, mas, quando desenvolvidas em grupo, são realizadas na comunidade e na escola. Outros enfermeiros enfrentam dificuldades organizacionais e estruturais, dentre elas a equipe incompleta, e dessa forma não conseguem desenvolver atividades grupais.

O trabalho do enfermeiro neste âmbito é diversificado, pois, além do cuidado ao indivíduo, família e grupos da comunidade, abrange também ações educativas, gerenciais e participação no processo de planejamento em saúde.

Em conformidade com o Manual de Atenção à Saúde do Adolescente (2006), as ações de prevenção e de promoção de saúde têm o intuito de estimular o potencial imaginativo e decidido dos adolescentes, incentivando a participação e o protagonismo juvenil para a elaboração de propostas, a fim de que priorizem o comportamento e o autocuidado em saúde da população jovem.

A prevenção não se limita ao fornecimento de informações, mas envolve uma participação ativa dos adolescentes, desenvolvendo assim sua autonomia e responsabilidade.

O enfermeiro pode planejar suas ações orientando-se pelas questões essências que envolve esta faixa etária, tais como o crescimento e desenvolvimento, a busca da identidade, da independência, projeto de vida, sexualidade e educação. (ABEN, 2000).

Para Gurgel, et. al. (2010), a educação em saúde é um campo abrangente, para o qual convergem várias concepções, tanto das áreas da educação, quanto da saúde.

“As ações educativas devem ampliar o debate transpondo o campo biomédico, tentando compreender as subjetividades, as múltiplas implicações e o processo vivenciado na adolescência, ante essa prevenção”. (GURGEL, et. al., 2010, p.643).

Neste aspecto, para que o enfermeiro desenvolva atividades de educação em saúde para adolescentes, é importante um olhar diferenciado para as vulnerabilidades, riscos socioeconômicos e culturais destes jovens, considerando que a maioria pertence a famílias com nível de escolaridade baixo e com dificuldades de acesso à informação.

O enfermeiro desempenha fundamental papel na equipe de saúde da família e pode promover ações interdisciplinares que integrem família, escola, e comunidade, despertando no adolescente o interesse de ampliar o conhecimento e desenvolver habilidades e atitudes, contribuindo para o crescimento, desenvolvimento e amadurecimento de maneira mais segura e saudável.

A consulta de enfermagem também é um espaço reservado para o atendimento ao adolescente. A abordagem centrada no profissional, interrogativa e informativa deve ser substituída por uma relação favorável à construção conjunta de novos conhecimentos, valores e sentimentos. Nesse sentido, são importantes o estabelecimento de vínculo e uma relação de confiança. A interação entre os envolvidos na consulta deve se basear na troca, e no respeito à privacidade. As observações e posturas do enfermeiro deve traduzir respeito, poupando os juízos de valores, reprovações e imposições. As mensagens precisam ser claras e objetivas e a base da relação deve ser o diálogo sendo estabelecida na escuta livre de pré-julgamentos. (MANDÚ, 2004).

“Nos vários processos de abordagem do adolescente, deve-se trabalhar todo tempo com: sua motivação; espaços e posturas favoráveis à expressão de seus valores, conhecimentos, comportamentos, dificuldades e interesses; elementos de troca e reflexão que favoreçam o controle da própria vida, práticas de responsabilização e de participação mais ampla nas decisões que lhes dizem respeito. Reconhecer sempre a totalidade da vida adolescente, estar atento aos seus dilemas, ouvi-lo, apoiá-lo e o acolher, exercendo os princípios do respeito, privacidade e confidencialidade.” (SILVA, S. L. da; et.al., 2007, p.4).

Analisando a situação, como fizeram Cavalcante, Alves e Barroso (2008), a capacitação do enfermeiro é necessária para permitir a ampliação do seu conhecimento científico sobre a temática, adquirindo um novo modo de trabalhar, em benefício de uma abordagem mais dinâmica e interdisciplinar nas ações de promoção à saúde, procurando sempre envolver, não só o adolescente, como também a família, a escola, os parceiros, os pais e os amigos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta reflexão permitiu elucidar que trabalhar com adolescentes na área da saúde remete ao enfermeiro uma mudança na sua maneira de atuação no trabalho, desenvolvendo uma visão mais abrangente para a compreensão das demandas e das ações que deverão ser desenvolvidas para este público alvo, visto que a falta da qualidade na assistência prestada aos adolescentes na atenção primária contribui para o afastamento dos jovens na Estratégia de Saúde da Família.

Na atuação com o adolescente, viu-se a necessidade de mais flexibilidade na captação desse jovem para o serviço de saúde e também na forma como vai integrar-se com a equipe multiprofissional. Os fatores determinantes da privação dos jovens nos serviços de saúde de atenção primária deve-se ao fato do despreparo da equipe, desde a captação precoce, acolhimento com escuta desqualificada, falta de vínculo e descontinuidade da assistência. A ausência de ações específicas à promoção da saúde do adolescente na atenção básica também contribui para o abandono do jovem na ESF.

O sucesso do trabalho está vinculado à capacidade de construir ações conjuntamente entre os adolescentes e o serviço de saúde.

Ante o exposto, compreende-se que ações planejadas e conduzidas adequadamente, durante a adolescência na estratégia de saúde da família, podem contribuir para a formação de cidadãos mais preparados para o futuro.

REFERÊNCIAS

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Autora: Giovanna Rici Coelho de Oliveira.



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