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Transição demográfica e epidemiológica

Drogas que aumentam a atividade...

Doenças Infecciosas podem ser evitadas através do conhecimento. Conheça abaixo algumas doenças transmitidas por bactérias, vírus, fungos ou protozoários.

Protozoário

• MALÁRIA

Segundo Araguaia a malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, como o Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale: os dois primeiros ocorrem em nosso país e são mais freqüentes na região amazônica.

No homem, os esporozoítos infectantes se direcionam até o fígado, dando início a um ciclo que dura, aproximadamente, seis dias para P. falciparum, oito dias para a P. vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae, reproduzindo-se assexuadamente até rebentarem as células deste local (no mosquito, a reprodução destes protozoários é sexuada). Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguínea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando anemia no indivíduo.(Araguaia. M.)

A malária pode ser transmitida acidentalmente por transfusão de sangue (sangue contaminado com plasmódio), pelo compartilhamento de seringas (em usuários de drogas ilícitas) ou por acidente com agulhas e/ou lancetas contaminadas. Há, ainda, a possibilidade de transmissão neonatal. (Brasil-2005)

Sintomas da malária incluem febre, calafrio, dor nas articulações, vômito, anemia, hemoglobinúria e convulsões. O sintoma clássico da malária é ocorrência cíclica de frio súbito seguido por tremores de calafrio e então febre e sudorese que duram de 4 a 6 horas, ocorrendo a cada 2 dias nas infecções pelos protozoários P. vivax e P. ovale, e a cada 3 dias pelo P. malariae. Infecção de malária pelo protozoário P. falciparum pode ocasionar febre recorrente a cada 36-48 horas ou febre menos pronunciada e quase contínua. Por razões ainda pouco compreendidas, crianças com malária freqüentemente exibem postura anormal, a qual pode estar relacionada a dano cerebral. Malária pode causar problemas cognitivos, principalmente em crianças.

No Brasil, a grande extensão geográfica da área endêmica e as condições climáticas favorecem o desenvolvimento dos transmissores e agentes causais da malária pelas espécies de P. vivax, P. falciparum e P. malariae (este último com menor freqüência). Especialmente na Amazônia Legal, a transmissão é instável e geralmente focal, alcançando picos principalmente após o período chuvoso do ano. (Brasil-2005)

As principais formas de prevenção são o uso de inseticidas, que matam os insetos adultos, a eliminação dos criadouros de mosquitos mediante aterros, drenagens, limpeza e desobstrução das margens de rios e canais e a substituição da irrigação com canais a céu aberto por sistemas que utilizem tubos fechados, já que os mosquitos se criam em coleções de água como represas, lagos, lagoas, rios, valas, alagadiços temporários, etc. Como proteção individual recomenda-se o uso de repelentes, telas nas janelas, mosquiteiro ao redor da cama e que se evite viajar para áreas onde há alta incidência da doença. Não existe vacina disponível para malária. Atualmente, uma vacina para a doença vem sendo testada em Moçambique e os testes iniciais vêm mostrando bons resultados.

Bactéria

• INFECÇÃO URINÁRIA

A maior percentagem das infecções urinárias é provocada pela bactéria Escherichia coli, proveniente das fezes. São raros os casos em que a bactéria entra no aparelho urinário através do sangue. Só em doentes com septicemia, diabéticos ou com o sistema imunitário deprimido.  A infecção urinária é uma doença provocada essencialmente por bactérias no aparelho urinário. As bactérias penetram pelo meato urinário em sentido ascendente e podem instalar-se na uretra (uretrite), bexiga (cistite), próstata (prostatite) ou no rim (pielonefrite).   São mais freqüentes nas mulheres devido a apresentarem a uretra mais curta, o que permite as bactérias atingirem a bexiga com maior facilidade.

Segundo Lima, as pessoas podem se infectarem quando bactérias se multiplicam ao redor da uretra (colonização) para, logo após, ascenderem através desta, penetrando na bexiga. Elas podem se manter na bexiga ou continuar na subida até o rim. A colonização de bactérias no trato urinário pode ser facilitada por diversos fatores como, por exemplo: obstrução urinária: próstata aumentada, estenose de uretra; doenças neurológicas: mielomeningocele, traumatismo de coluna; corpo estranho: sonda vesical, cálculo urinário. Lima ainda comenta que, geralmente os sintomas estão relacionados ao órgão (bexiga, rim) afetado. Quando a bexiga (cistite) ou a próstata (prostatite) estão envolvidas é comum: disúria; polaciúria; hematúria; febre (na prostatite); micção imperiosa (urgência).

Quando o rim está envolvido, além dos sintomas acima, poderão ocorrer: náuseas, vômitos, mau estado geral; febre; calafrios; dor lombar. Na infecção urinária, a urina poderá se tornar fétida, opaca ou escura. As infecções urinárias são tratadas com facilidade a partir do uso de antibióticos de eficácia comprovada. A duração do tratamento depende do diagnóstico e da gravidade da infecção. Crianças e principalmente mulheres grávidas devem receber cuidado médico especial. O antibiótico correto depende da avaliação médica, portanto não é recomendada automedicação que pode acabar atrasando o tratamento correto e ainda resultar em bactérias resistentes.

Os principais cuidados de prevenção a serem tomados são: cuidados com a higiene pessoal; evitar transportar as bactérias da região anal para a uretra, para isso, as meninas devem ser orientadas desde cedo a fazer a higiene da frente para trás sempre que usarem o banheiro; lavar as mãos antes e após de utilizar o banheiro; no banho as mulheres e meninas devem lavar-se sempre na direção da frente para trás; durante o período menstrual os absorventes devem ser trocados várias vezes, pois o sangue menstrual é um meio de proliferação de bactérias; ingerir bastante água, pelo menos de 2 litros por dia; não reter a urina por longos períodos, o ideal é urinar a cada duas ou três horas; para mulheres que sofrem de infecção do trato urinário após atividade sexual, recomenda-se ingerir água antes e depois da relação, para que, após o ato, esvaziem a bexiga o quanto antes . Com este procedimento simples, as bactérias que podem ter entrado na uretra são expelidas.

Vírus

• RUBÉOLA

Doença infecciosa causada por vírus (classificado como um togavirus do gênero Rubivirus), que acomete crianças e adultos, embora esteja entre as que os médicos comumente denominam como próprias da infância.

Trata-se de doença comumente benigna que cursa com febre, “rash” (manchas tipo “urticária” na pele) que dura aproximadamente 3 dias e aumento de gânglios linfáticos (linfonodomegalias para os médicos e ínguas para os leigos) embora possa apresentar-se de forma “subclínica” (quando o paciente praticamente não sente nada).

Pode tornar-se potencialmente grave quando acomete mulheres grávidas, pois pode causar mal-formações no feto, sobretudo quando contamina gestantes no primeiro trimestre. Raramente pode ser causa de inflamação em articulações (artrite) em adultos. Outra designação que os médicos comumente usam para doenças virais que causam manchas na pele como a rubéola é de viroses exantemáticas (que causam exantema que é a expressão médica para designar as manchas da pele).

A transmissão se dá através da inalação de gotículas de secreção nasal de pessoas contaminadas que contém o vírus ou via sanguínea, no caso do feto, a partir da mãe grávida. Os períodos mais “contaminantes” ocorrem desde 10 dias antes do “rash” até 15 dias após o seu surgimento. Crianças nascidas com rubéola, por contágio da mãe grávida (rubéola congênita) podem permanecer fonte de contágio por muitos meses.

Após o contágio leva-se em média 18 dias até ter o primeiro sintoma (período de incubação). A apresentação inicial é em geral indistinguível de uma gripe comum e dura de 7 a 10 dias com febre, dores nos músculos e articulações, prostração, dores de cabeça e corrimento nasal transparente até o surgimento das ínguas (linfonodomegalias) e posteriormente o “rash” (manchas na pele), que duram 3 dias e desaparecem sem deixar sequelas, estes dois últimos achados com início na face e no pescoço e disseminação pelo tronco até a periferia.

O diagnóstico clínico (pelo conjunto dos sintomas e achados ao exame físico feito pelo médico) somente é confiável em vigência de epidemia, uma vez que os sintomas são comuns a muitas viroses, inclusive a gripe comum, e as manchas de pele também são achados de um significativo número de viroses (mononucleose, sarampo, dengue, etc). E é justamente esta a forma mais freqüente de diagnóstico. Naqueles casos em que há necessidade de precisão no diagnóstico (excluir doenças mais graves que determinarão intervenções e/ou tratamentos) dispõe-se de exames de detecção de anticorpos (substâncias que o nosso corpo produz contra o vírus da rubéola) no sangue que são bem mais específicos e sensíveis. Não há tratamento específico antiviral. Poucos pacientes demandam tratamentos sintomáticos, em geral analgésicos comuns controlam as dores articulares e musculares ou febre.

Para diminuir a circulação do vírus da rubéola, a vacinação é muito importante, a qual é recomendada de rotina aos 15 meses de idade (vacina MMR) e para todos os adultos que ainda não tiveram contato com a doença (vacinação de bloqueio). Gestantes não podem ser vacinadas e as mulheres vacinadas devem evitar a gestação até o mês seguinte à vacinação. Isolamento: todas as crianças e adultos devem ficar afastados de outras pessoas durante o período da doença. As gestantes devem fazer controle por exames de sangue quando necessário. Para as pessoas hospitalizadas é feito isolamento até a cura da doença.

Fungo

• CANDIDÍASE

Causada pelo fungo Candida albicans, a candidíase, especialmente a candidíase vaginal, é uma das causas mais freqüentes de infecção nos genitais. Além do prurido e do ardor, ela também provoca dispareunia, ou dor durante o coito, e a eliminação do corrimento vaginal em grumos. As lesões podem estender-se pelo períneo, região perianal e inguinal. No homem, apresenta-se com hiperemia da glande e prepúcio e, eventualmente, por um leve edema e pequenas lesões puntiformes, avermelhadas e pruriginosas. Não é uma doença de transmissão exclusivamente sexual. As mulheres grávidas são bastante propensas a esse tipo de infecção, bem como as mulheres na fase antes do período menstrual. Pacientes com deficiência do sistema imunológico, como os portadores de AIDS, são bastante sensíveis a essas infecções por não conseguirem combater esses germes naturalmente.

É considerado um dos mais irritantes corrimentos, se apresentando bastante espesso, como uma nata de leite (tipo coalho), geralmente acompanhado de coceira ou irritação intensa. Essa infecção é sexualmente transmissível, podendo ser observada eventualmente no parceiro sexual, o qual manifesta pequenas manchas vermelhas no seu órgão reprodutor. Em geral, os agentes etiológicos das DST (doenças sexualmente transmissíveis) têm o trato genital humano como único reservatório e mal sobrevivem fora do corpo humano.

A Candidíase irá afetar os indivíduos de formas diferentes – uns podem ter distúrbios gastro-intestinais, outros podem ter problemas respiratórios e outros ainda, manifestações dermatológicas. Um problema comum a muitas pessoas, porém, é que muitos pacientes que sofrem de Candidíase não possuem ácido estomacal suficiente para impedir que a Candida volte a aparecer assim que eles voltam para sua dieta normal.

É importante citar que a cândida albicans compõe a flora vaginal, só manifestando-se em forma de doença quando ocorre algum desequilíbrio de ordem imunológica, falta de higiene ou até mesmo por via sexual. Em geral a transmissão da candidíase ocorrerá se a parceira estiver predisposta a isto, ou seja, se estiver imunologicamente predisposta e os seus mecanismos de defesa falharem por alguma razão. É uma doença muito comum nas mulheres e em geral é uma doença primária, isto é, surge em decorrência de algum desequilíbrio da flora vaginal normal da própria paciente.

O sistema imunológico é responsável por manter sob controle o crescimento da Candida albicans. Entretanto, se por alguma razão o sistema se tornar deprimido, ou também diante do uso prolongado de antibióticos, pílulas anticoncepcionais, esteroides como a prednisona, o sistema imunológico já não pode mais controlar o crescimento desse fungo. Com o crescimento descontrolado, ele pode causar uma série de problemas.

O diagnóstico é feito através do exame ginecológico, além de exames de laboratório e do exame citológico da flora vaginal, onde o material é colhido e analisado microscopicamente.

Como formas de prevenção, aconselha-se usar sabonete neutro, em banhos diários, preferencialmente mais de um banho por dia no verão. Usar roupa íntima de algodão, evitando produtos sintéticos, inclusive meia calça, para que a pele possa respirar e a umidade ser diminuída. No contato sexual, usar preservativo. Ainda, aconselha-se fazer a higiene genital com muito cuidado, evitando o uso de duchas vaginais.

Bactéria

• CLAMÍDIA

A clamídia é uma doença infecto-contagiosa que pode atingir homens e mulheres sexualmente ativos, sendo nas mulheres pode se manifestar de forma assintomática.

O agente transmissor é a bactéria Chlamydia trachomatis. Ela atinge a uretra e outros órgãos genitais conferindo ardor, dor ao urinar, aumento do número de micções e, em alguns casos, corrimento translúcido, principalmente ao amanhecer. Este pode se apresentar abundante e com pus, em alguns casos mais raros.

Esta é uma DST (doenças sexualmente transmissível), transmitida em relações sem o uso de preservativos com parceiro portador. O período de incubação é de aproximadamente quinze dias entre a relação sexual e o aparecimento dos sintomas. Durante este período, o portador já pode ser capaz de transmitir a doença.

Não há registro de casos de clamídia congênita (transmissão vertical, da mulher grávida para o feto). Entretanto, mães infectadas podem contaminar seus filhos no momento do parto, que podem contrair conjuntivite (oftalmia neonatal) ou mesmo pneumonia. A clamídia também pode causar partos prematuros.

Além do que já foi citado, a infecção pode causar também, nas mulheres, dor no baixo ventre, sangramento após a relação sexual, câimbra, tontura, vômito, e febre. Nos homens, pode haver inflamação das estruturas próximas à uretra, como epidídimos, testículos e próstata.

Na ausência de tratamento, indivíduos do sexo masculino podem ter suas uretras estreitadas. Já os do sexo feminino, gravidez nas trompas, parto prematuro e até esterilidade. Ambos correm o risco de sofrerem de infertilidade e passam a ter maior probabilidade de serem infectados pelo vírus da AIDS.

O diagnóstico consiste na coleta de material por esfregaço na uretra ou colo do útero, para que sejam feitos exames de imunofluorescência direta, a fim de identificar o agente infeccioso.

Por se tratar de uma doença sexualmente transmissível, o uso de camisinha (mesmo em sexo anal ou oral) e higiene pós-coito são medidas necessárias quanto à prevenção.

O tratamento consiste no uso de antibióticos e deve envolver tanto o paciente quanto seu (s) parceiro (s). A abstinência sexual é indicada.

Pelo fato de haver grandes chances de reinfecção, recomenda-se que novos exames sejam feitos entre três e quatro meses após o término do tratamento.

Bactéria, vírus ou fungos

• MENINGITE

A meningite é uma inflamação das meninges, incluindo a pia-máter e a membrana-aracnoide, e do líquido cefalorraquidiano (LCR). Apesar de a causa mais comum ser infecciosa (através de bactérias, vírus ou mesmo fungos), alguns agentes químicos e mesmo células tumorais poderão provocar meningite.

As bactérias são sem dúvida os agentes etiológicos mais importantes na meningite. Diversas espécies bacterianas têm capacidade de invadir a barreira hemato-encefálica, sendo que as mais importantes são: Estreptococos beta-hemolíticos do grupo B, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Listeria mocytogenes, entre outros.

Experimentos indicam que a septicemia (circulação de bactérias no sangue) é o principal mecanismo de infecção das meninges. O meningococo, os estreptococos e outros agentes podem atravessar a barreira hemato-encefálica quando estão viáveis na circulação sanguínea. As bactérias também podem entrar diretamente pelo trato respiratório (estreptococos do grupo b) ou por fraturas cranianas (S. aureus)

A princípio os sintomas resultam da infecção e a seguir do aumento na pressão intracraniana causam febre alta, vômitos, cefaleia, irritabilidade, confusão, delírio e convulsões, rigidez da nuca, ombro ou das costas, aparecimento de petéquias (geralmente nas pernas), podendo evoluir até grandes lesões equimóticas ou purpúricas.

A meningite pode causar inúmeras complicações e sequelas neurológicas, como epilepsia, infartos cerebrais e retardo mental em crianças. Por esse motivo o tratamento precisa ser rápido. Fora do sistema nervoso a meningite também pode causar complicações. A doença inflamatória pode levar ao choque séptico e distúrbios da coagulação. As bactérias podem também se difundir para outros locais, causando endocardite e pio artrite. Além disso, há registros de perda de parte da audição.

Para diagnosticar a meningite é primordial exame de sangue e coleta de LCR, sendo este de maior importância, trata-se de uma punção lombar onde será retirado o líquido cefalorraquidiano para detectar qual o tipo de meningite (viral ou bacteriana) se for o caso. O LCR do paciente com meningite bacteriana tende a estar mais turvo, possivelmente purulento, e com taxa de glicose diminuída e contagem celular aumentada. Com a coloração de Gram as bactérias podem ser visualizadas no líquido, e geralmente isso é suficiente para o diagnóstico. Algumas vezes é necessário realizar uma cultura do material para se encontrar as bactérias.

Para uma maior eficiência, o tratamento deve ser específico para o agente etiológico envolvido. No caso de meningites virais não há tratamento específico, mas essas tendem a ser infecções menos graves e auto-limitadas. Para as infecções bacterianas o tratamento deve ser o mais rápido possível, pois a doença pode levar a morte ou a sequelas neurológicas graves. Na impossibilidade de se conhecer o agente etiológico, o tratamento empírico deve ser feito com uma cefalosporina de terceira geração mais vancomicina. Para bactérias conhecidas, o tratamento mais usado é o seguinte: Penicilina G, Cefalosporina, Vancomicina, Ampicilina, Ceftriaxona Cloranfenicol.




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