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O consumo de drogas está presente em nossa sociedade desde os primórdios da humanidade. Em geral esta temática é apresentada relacionada à juventude, sexo, criminalidade, marginalidade e/ou condições econômicas e sociais. Atualmente, verifica-se o aumento do uso de drogas; neste sentido a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que parte considerável da carga mundial de doenças e incapacidade pode ser atribuída ao seu consumo.1 No Brasil, já se considera o uso abusivo de drogas como problema de saúde pública. A Secretaria Nacional de Políticas Sobre Droga, responsável pela Política Nacional de Drogas, propõe ações de caráter preventivo e educativo na criação de programas de saúde para o trabalhador e seus familiares, prevenção do uso de drogas no ambiente de trabalho em todos os turnos, visando à melhora da qualidade de vida; também objetiva regular o atendimento assistencial em saúde para os transtornos psiquiátricos e abuso de drogas, visando tratamento adequado2.

No I Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, identificaram o álcool e o tabaco como às principais drogas consumidas no país. 3 Dentre os resultados relevantes, está a confirmação de que o consumo de drogas lícitas no país, especialmente o álcool e tabaco, é superior ao das drogas ilícitas:

O uso de certas drogas lícitas – tabaco, por exemplo, – perde um pouco de seu glamour, mas prevalece ainda a pedagogia do terror (a exemplo das fotos divulgadas nos maços de cigarros). O uso do álcool continua sendo evocado de forma glamourizada – associado à juventude, à beleza, ao sucesso de figuras públicas- e incentivando,como na recente publicidade do “experimenta,experimenta”, numa abordagem bem diferente dos clipes das campanhas contra drogas de uso ilícito: nesse caso o prazer é totalmente negado, predominando imagens de perigo, doença, escuridão, degradação física, horror e morte. Assim permanece a confusão entre o verdadeiro e falso, que não contribuem para esclarecer as diferenças do uso que fora, e continuam sendo, construídas historicamente. O esclarecimento se compromete, assim como a construção de uma consciência de riscos. 4:195

Diante desta problemática, é necessária a adoção de diferentes formas de intervenção, que possam realmente compreender a complexidade e amplitude do consumo de drogas lícitas e ilícitas. Neste campo, se faz necessário expor a intensidade dos problemas de saúde decorrentes do uso de substâncias sem a pressão e exagero habitualmente usados no tratamento do tema.

Outro aspecto importante a ser considerado refere-se ao imaginário social em relação ao usuário de drogas. Neste sentido a Organização Mundial de Saúde (OMS), revela que cerca de 10% da população dos centros urbanos consomem abusivamente substâncias psicoativas, independente de idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo. 5 Fatos alarmantes e que enfatiza a questão da Política Pública em não priorizar grupos determinados, mas criar programas de prevenção, promoção e ações que englobem a sociedade. Na contemporaneidade o consumo de drogas não se encontra mais relacionado à determinada faixa etária ou condição social, neste viés é importante ampliar a discussão.

Neste tocante, atualmente no Brasil verifica-se expressivo consumo de drogas por universitários. Estudo realizado em curso particular de Enfermagem revela alto consumo de álcool entre os acadêmicos, destacando maior percentual pelos estudantes do sexo feminino. 6 Trata-se de um fato preocupante, pois podem trazer aos futuros profissionais consequências graves no decorrer do exercício profissional ao se tornarem dependentes de álcool.

Estudo sobre o uso de álcool e outras drogas por estudantes de medicina indica prevalência do consumo de álcool, tabaco, solventes, maconha, tranquilizantes e cocaína. 7 O percentual de uso dessas substâncias aumenta nos últimos anos de graduação, além disto os solventes são mais usados do que a maconha, pelo fácil acesso ao éter e clorofórmio dentro dos hospitais pelos acadêmicos da área da saúde.

O padrão mais freqüente de drogas consumidas por médicos são o álcool, cocaína, benzodiazepínicos, maconha, opiáceos, anfetaminas e solventes. Investigações sobre a saúde dos médicos no Brasil enfatizam o preocupante número de médicos que usam drogas, além do álcool e do tabaco. O fato de serem vistos como agentes envolvidos no processo cuidar/curar imputa estereótipos, fato que torna ainda mais complexo o processo de auto-aceitação para tratamento do uso abusivo. 8,9

Sabe-se que os trabalhadores de Enfermagem, especificamente da área hospitalar, estão expostos fisicamente aos riscos de substâncias químicas, radiações, contaminações biológicas, excesso de calor, sistema de plantões e excessiva carga horária; convivem com uma realidade de baixos salários, falta de reconhecimento profissional, e sofrem psiquicamente, devido ao contato com o sofrimento e a dor, a doença e a morte; tendo que conviver com tais circunstâncias paralelamente aos seus problemas emocionais, o que pode fazer com que essas condições de trabalho favoreçam o uso de drogas. 7

A partir destas considerações iniciais, o fato de que o uso de drogas por profissionais da saúde ainda seja investigado no Brasil de forma irrelevante, posto que haja poucos estudos a respeito, temos como objetivo neste trabalho identificar na literatura científica qual a prevalência do uso de drogas entre profissionais de saúde e quais os fatores que possibilitam o uso de drogas por profissionais de saúde.

Metodologia

Trata-se de pesquisa bibliográfica realizada com análise documental de fontes secundárias:

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente por livros e artigos científicos (…). A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.10:65

A análise documental tem o sentido de captar a evidência do sentido de uma atividade. Semelhante à pesquisa bibliográfica, a fonte é composta de material que não recebeu tratamento analítico, as fontes usadas são relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, documentos arquivados em órgãos públicos e instituições privadas, oferecem vantagens como riqueza de dados, natureza histórica, custo, tempo, elimina o acesso direto, tendo limitações como representatividade e objetividade. 11

Figura 1. Relação dos artigos encontrados segundo título, periódicos e ano de publicação.

Figura 1. Relação dos artigos encontrados segundo título, periódicos e ano de publicação.

Figura 2. Relação dos artigos encontrados segundo título, periódicos e ano de publicação.

Figura 2. Relação dos artigos encontrados segundo título, periódicos e ano de publicação.

Discussão

As Figuras 3 e 4 apresentam os principais dados secundários encontrados referentes à identificação do profissional de saúde e drogas utilizadas:

Figura 3. Dados relativos à utilização de drogas lícitas por profissionais da saúde

Figura 3. Dados relativos à utilização de drogas lícitas por profissionais da saúde

Figura 4. Dados relativos à utilização de drogas lícitas e ilícitas por profissionais da saúde

Figura 4. Dados relativos à utilização de drogas lícitas e ilícitas por profissionais da saúde

O uso de drogas lícitas e ilícitas por profissionais de saúde é um fato alarmante que detecta a falta de atenção e ações para o tema, o que colabora para o crescente número de dependentes. As situações favoráveis para o uso, aliadas a falta de intervenções de promoção e prevenção tornam propício o uso das drogas. Sendo que na maioria das vezes só é declarado na fase tardia, quando as chances de recuperação estão diminuídas. Na maioria das vezes o acesso à maioria das substâncias lícitas é sem ônus para os usuários, que atuam diretamente com elas, e não são questionados sobre a quantidade ou para que seja usada. 9

Neste estudo verificou-se que dentre os profissionais de saúde usuários de substâncias lícitas e ilícitas, os de nível superior são os que mais consomem. Entre os principais motivos que levam estes profissionais, geralmente de especialidades de alto risco como anestesiologia, emergência e psiquiatria, a se tornarem usuários de drogadição estão: a privação do sono, acesso fácil aos medicamentos, perda do tabu em relação a injeções, história familiar de dependência, problemas emocionais, depressão, frustração, sensação de fracasso, dificuldade em lidar com a morte, estresse no trabalho e em casa, busca de emoções fortes, autoadministração no tratamento para dor e para o humor, fadiga crônica, onipotência e padrão de prescrição exagerada. As drogas mais usadas são álcool, tabaco, cocaína, benzodiazepínicos, maconha, opiáceos, anfetaminas e solventes. 23

Estudos apontam os médicos anestesistas como os que mais utilizam substâncias psicotrópicas, fato que pode estar relacionado ao estresse relacionado à profissão que lida com a doença, dor e morte, o que pode levá- los à automedicação e à frustração, pois há elevado índice de suicídio nessa especialidade médica. O acesso facilitado de drogas dentro dos blocos cirúrgicos destacando o fármaco fentanil, que é usado no tratamento da dor aguda e crônica de alta intensidade e na anestesia como adjuvante de anestésico mais potente, e o sufentanil, usado como adjunto na anestesia equilibrada e como agente anestésico primário. Ambos pertencem ao grupo de opióides, por atuarem nos receptores neuronais. Atuam no organismo provocando turvação do funcionamento mental, alteração do humor, euforia, sensação de flutuação, distanciamento, confusão mental, pupilas contraídas, rubor, diminuição dos movimentos respiratórios e intestinais, contrações musculares, além de possuírem efeitos semelhante à morfina e causam dependência. 24

Profissionais de saúde e o uso de drogas psicotrópicas é um tema pouco abordado na produção científica, devido aos estigmas imputados aos usuários. Há um paradoxo entre o papel do profissional de saúde onde, de cuidador/curador, passa a ser o cliente/paciente, o que provoca grande dificuldade de aceitação do profissional como agente passivo de cuidados, o que faz com que eles carreguem uma série de temores, como a perda de status e respaldo (em função da possibilidade de erros), abalo no perfil profissional mitificado no decorrer da história (historicamente a cura era vista como algo sagrado e a doença como algo profano) e dificuldades em se aceitarem como doentes e que necessitam de cuidados, o que colabora para que o problema se agrave. 9

Especificamente devido à estigmatização que o tema proposto envolve:

A ideia de estigmatização aproxima-se da noção de “desvio social”. A classificação de grupos desviantes pode também ser considerada como expressão particular de um processo de estigmatização: ter-se-ia, de um lado, grupos rotulados ou estigmatizados como “desviantes” e “normais” emergem como tipos que se afirmam contrativamente, constituindo assim, essencialmente, uma manifestação de categorização social. Como princípios de classificação e diferenciação social, ”estigma” e “desvio social” remetem a problemática de delimitação de grupos sociais e de demarcação de suas respectivas posições estruturais.25:30

A sociedade tem regras nas quais o individuo se insere na mesma, sob risco de viver às suas margens – fato que lhe acarreta estigmas e comportamento desviante. Os profissionais de saúde em relação à dependência química encontram grandes barreiras, por atuarem na área e por temerem as reações e consequências ao se assumirem como dependentes químicos. É importante, então, identificar até que ponto o comportamento tido como desviante e os estigmas podem imputar dificuldades a estes profissionais na busca de tratamento e reconhecimento do problema. 23

A visão que os médicos têm da dependência química, aliada à formação específica deficiente, leva a um senso comum de intratabilidade e desesperança. O médico teme o estigma, a falta de confidencialidade, a perda da reputação e o desemprego. Ocorre, assim, uma “conspiração do silêncio”: familiares e colegas tendem a negar ou não abordar o problema, temendo as consequências. A identificação é feita de forma abrupta e tardia. […] A orientação e encaminhamento para tratamento adequado trata-se, fundamentalmente, de um compromisso ético. A intervenção, nestes casos, pode ser “salvadora de vidas”, tanto para o médico quanto para pacientes, e o que costuma ser “raiva e irritação” pode se transformar em “eterna gratidão” ao fim de um tratamento bem sucedido.17:139

A dependência é redefinida como um “mau comportamento”, e não mais como doença, ampliando a base de sustentação social e cultural do conceito. Afirma-se a ideia de que os recursos capazes de organizar intervenções efetivas estão na própria comunidade em que estes profissionais estão inseridos, contrapondo os tradicionais agentes externos de intervenção. A dependência química é uma doença crônica e complexa, e a utilização de drogas legais e ilegais deve ser avaliada da mesma forma e não em função de questões econômicas, políticas, e culturais.4

Os principais sinais de dependência química são: emagrecimento e palidez, descuido com a higiene pessoal, alterações comportamentais, depressão, isolamento, aumento de conflitos profissionais e domiciliares, aumento de despesas sem justificativas, uso frequente e exagerado de sanitários, automedicação, entre outros.

De acordo com a CID-10, a Síndrome de Dependência representa um conjunto de fenômenos comportamentais, cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem depois de repetido consumo de uma substância psicoativa. Caracterizado pelo desejo de usar a substância psicotrópica à dificuldade de controlar o consumo, a uma maior prioridade dada ao uso da droga em detrimento de outras atividades e obrigações, à utilização persistente apesar das suas consequências nefastas, a um aumento da tolerância pela droga e conseguintemente, a um estado de abstinência física. Essa dependência torna o processo complexo e de difícil intervenção, aliado a fatores que contribuem para mascarar a real situação do dependente.26

O léxico das falas, discursos e representações sobre drogas são provenientes prioritariamente de um repertorio médico, na medida em que o drogado é, antes de tudo, considerado um doente. Um grande empecilho para os profissionais de saúde que na mística e ultrapassada cultura popular são vistos como agentes curativistas, não passivos dos males que afetam a maioria das pessoas. 25

Estudos afirmam que o uso prejudicial de álcool, é de longe, o principal problema da Saúde Pública no campo das drogas. Muito mais do que no caso das drogas ilícitas, a ausência de uma política publica abrangente, porém não repressiva, para o álcool, atenta às complexidades culturais do problema usadas no enfrentamento das pressões do mercado, constitui a lacuna a ser urgentemente sanada. A demissão da responsabilidade do Estado nessa área é histórica e estrutural: a prevenção é errática e ineficaz, a legislação cede às pressões do mercado, a rede pública de saúde responde de maneira inadequada ao problema, com a danosa internação em hospitais psiquiátricos e as ações de redução de danos incipientes e pontuais. A permissividade com a venda, propaganda e pressões do mercado de bebida convivem com a passividade diante do problema de saúde pública e com a cruel intolerância com os usuários que precisam de tratamento, que são expostos, marginalizados e ridicularizados pela sociedade.4

Ainda segundo a autora, a questão do uso prejudicial de álcool tem sido abordada por uma ótica predominantemente psiquiátrica ou médica historicamente. As implicações sociais, econômicas e políticas são evidentes, e devem ser consideradas na compreensão global do problema. A ausência de priorização, por parte do Ministério da Saúde (MS), de uma política de saúde integral dirigida ao consumidor de drogas lícitas e ilícitas pode ser percebida a partir do impacto econômico e social que tem recaído sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), despreparado para lidar com o problema em vários aspectos, visto a falta de recursos financeiros, estruturais, físicos, recursos humanos qualificados, de políticas de saúde adequadas e a irrelevância e tolerância do Estado que determinam a visão caótica deste cenário.

No Brasil, o consumo de tabaco e álcool, assim como das drogas legais e ilegais em geral, passou a ser objeto de uma forte intervenção reguladora estatal desde o inicio do século XX, que redundou em tratados internacionais, legislações especificas, aparatos policiais e numa consequente hipertrofia do preço e do lucro comercial. Ao mesmo tempo, desenvolveu-se um imenso aparato de observação, intervenção e regulação dos hábitos cotidianos das populações. O controle de hábitos populares tornou-se o objeto de corporações policiais, teorias médicas, psicólogos industriais e administradores científicos, que se desenvolveu a passos lentos e de maneira erronia, pois o foco não deveria pertencer a uma determinada classe e na junção de todas elas para que haja ações eficazes de saneamento do agravo.27

As instituições acadêmicas poderiam pensar na inclusão de disciplinas que dessem suporte aos graduandos em relação ao tema proposto neste trabalho, o que resultaria numa forma de fornecer embasamento científico ao tema abordado, proporcionar quebra de estereótipos, direcionar e encorajar a busca de tratamento.

Uma investigação sobre o suicídio entre profissionais e estudantes da área de saúde afirma que o médico, por ser na maioria das vezes, ativo, ambicioso, competitivo, compulsivo, entusiasta e individualista, é facilmente frustrado em suas necessidades de realização e reconhecimento. Isto pode ser suficiente para produzir ansiedade, depressão e necessidade de cuidados psiquiátricos. Mas se houver preconceitos com a psiquiatria, o médico buscará outras opções, como a somatização, levando ao abuso de álcool, drogas ou até mesmo suicídio.20

O tratamento da dependência química consiste de diagnóstico, avaliação, desintoxicação, educação, psicoterapia especializada, integração em grupos de autoajuda (alcoólatras e narcóticos anônimos), reintegração na atividade profissional e controle pós-tratamento inicial.

O retorno às atividades profissionais está relacionado com entendimento e aceitação de sua patologia por parte do profissional de saúde, participação ativa do paciente no seu tratamento em busca de apoio de programas com alcoólatras anônimos e narcóticos anônimos (AA e NA), participação familiar, em caso de patologias psiquiátricas prévias buscarem tratamento e retornar ao trabalho somente se estabilizada ou sanada, suporte efetivo de colegas de trabalho, receber monitoração pós-tratamento, reinserção na sociedade e romper vínculos impostos pela drogadição ou conformismo social. A recaída na dependência química esta relacionada com: patologias psiquiátricas associadas, alterações de relacionamento familiar, ausência de estrutura psíquica para suportar o nível de stress oferecido pela atividade profissional, não aceitação de sua patologia e abandono do tratamento.

Considerações Finais

Na análise feita com base na literatura presente nas referências citadas sobre o uso de drogas, lícitas e ilícitas por profissionais de saúde no Brasil, verificaram-se taxas preocupantes de consumo, como a prevalência do uso de drogas por parte de profissionais de saúde de nível superior, com ênfase em drogas legais como álcool e tabaco, o que nos faz considerar preocupante a questão dos graduandos de cursos da área da saúde, em que a dependência química refletirá de forma danosa no futuro profissional dos mesmos. Outro aspecto interessante é a falta de atuação e intervenção das instituições de ensino, que atuam de forma omissa e descompromissada com as demandas oriundas do meio. Destacamos também o fácil acesso a  drogas lícitas dentro dos hospitais, que deveriam ter mais controle destes fármacos e oferecer suporte aos profissionais e programas de educação continuada sobre o tema, além de, com a devida discrição, identificá-los e auxiliá-los no tratamento ao invés de demitilos.

Em relação ao Estado que adote uma nova abordagem para lidar com as drogas lícitas e ilícitas, que devem estar em um mesmo patamar, e não de uma forma onde a primeira esteja vinculada à juventude, beleza e prazer; e a segunda vista como ato criminoso. Que sejam assumidas políticas públicas rigorosas no controle das drogas lícitas, que são as mais consumidas, além de investimento de recursos em prevenção, promoção e tratamento para os dependentes químicos e uma política voltada para os profissionais de saúde que ofereça condições dignas de trabalho, utilização de estratégias e instrumentos facilitadores que colaborem para proporcionar qualidade de vida aos mesmos. Indispensável iniciativa, por fim, seria ainda investir em pesquisas para mostrar o quadro real de profissionais dependentes, já que tem poucos estudos relacionados ao tema, o que dificulta a atuação de forma concreta para solucionar e sanar o agravo.

Referências:

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26. Carneiro HVR, Venâncio RP. Álcool e drogas na história do Brasil. São Paulo: Alameda; 2006.

Autoras:

Valdete lourenço Silva (Enfermeira graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC – Minas, campus Betim. Betim (MG), Brasil).

Nadja Lappann Botti (Professora da Universidade Federal de São João Del-Rey Doutora em Enfermagem Psiquiátrica / USP. São João Del-Rey (MG), Brasil).


Este texto expõe a opinião do autor, podendo não ser a mesma do Cursos Aprendiz.

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