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Alzheimer

O avanço do conhecimento teórico tem proporcionado aos enfermeiros criação de modelos e processos próprios de cuidar, tornando-se o cliente o cerne da assistência de enfermagem. Durante os anos de 1950 até a primeira metade dos anos 60 pesquisadores definiram planos de cuidados de enfermagem e enfermeiros assistenciais iniciaram a operacionalização da ideia. Esse plano era inicialmente elaborado para um conjunto de pacientes com diagnóstico ou problemas semelhantes, mas não proporcionava individualidade aos mesmos. Com isso, distorções começaram a ocorrer e os profissionais iniciaram investigações a fim de rever as metodologias propostas. (FRIENDLANDER, 1981) desde então, essa metodologia recebeu várias denominações, como plano de cuidados, metodologia da assistência, sistemática da assistência ou processo de enfermagem. (THOMAZ, 2002).

A SAE é um processo sistematizado de prestação de cuidados que visa à obtenção de resultados desejados de uma maneira rentável. É sistemático por se constituir de etapas, durante as quais são dados passos deliberados para potencializar a eficiência e atingir resultados benéficos. Este processo sempre foi desenvolvido pelos enfermeiros como forma de prestar assistência ao cliente, sendo aperfeiçoado com o passar do tempo e atualizado a partir de estudos e bases científicas até os dias de hoje, quando foi introduzida esta nomenclatura (Sistematização da Assistência de Enfermagem), tendo se tornado obrigatória sua implementação nas instituições de saúde desde agosto de 2002, através da Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 2002).

Aliado a todos esses atributos, o profissional conta com uma estrutura atual da SAE que compreende etapas como: histórico de enfermagem (entrevista e exame físico), diagnóstico de enfermagem, prescrição de enfermagem e evolução de enfermagem.

Nesse sentido, a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) representa a construção dinâmica de um novo espaço cultural voltado para um sistema de valores que pressupões a superação constante da descrença e do conformismo da fragmentação e da burocratização a fim de estimular a liberação da criatividade e da subjetividade tendo em vista uma nova percepção da realidade, ou seja, uma mudança no papel do enfermeiro. (ARAÚJO et a., 1996).

A primeira condição para que uma pessoa possa assumir um ato comprometido está em ser capaz de agir e de refletir o que se traduz em um compromisso para a mudança, ou seja, para que o enfermeiro possa assumir uma pratica comprometida com a SAE (sistematização da assistência de enfermagem), deve ser capaz de refletir e de reconhecer as barreias históricas e culturais do ensino formal baseadas mais especificamente no modelo técnico burocrático e, dessa maneira, desencadear um processo definitivo de mudança no seu papel (FREIRE, 1979).

Os registros formais da assistência, desenvolvidos de maneira sistematizada e otimizada, proporcionam visibilidade e garantem a continuidade do cuidado de forma segura, integrada e qualificada, além de fornecer dados para a pesquisa e a identificação da responsabilidade profissional sobre suas ações. (MAZZA et al, 2001).

Outro estudo constatou que os enfermeiros vêem a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) como facilitador da assistência, a realimentação do processo, ajustando-o de acordo com as necessidades, além de possibilitar, por meio de documentação, o controle de seus resultados, estima que os enfermeiros dependem até de 50 % de seu tempo com documentações da parte administrativa. A SAE levaria a uma prestação de cuidados buscando uma melhoria na qualidade e produtividade na execução prática da assistência. (FRIENDLANDER, 1981)

Campedelli (1989) acrescenta que embora a maior parte dos enfermeiros tenha a percepção da necessidade de uma sistematização na prática, a utilização de um modo ainda é muito pequena, e mesmo aquelas unidades que existem SAE (sistematização da assistência de enfermagem) ela não ocorre de forma definitiva dadas às inúmeras dificuldades encontradas para operacionalização

Portanto a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indivíduo, utilizando para isto seus conhecimentos e habilidades, além de orientação e treinamento da equipe de enfermagem para a implementação das ações sistematizadas (DANIEL, 1979).

OBJETIVO

Avaliar que a utilização da Sistematização da assistência de enfermagem constitui um meio para o enfermeiro aplicar seus conhecimentos técnicos científicos caracterizando sua prática profissional.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativo exploratória, pois oferece oportunidade de analisar, descrever e compreender o objeto problematizado no sentido de conhecer suas características visando obter informações significativas que podem auxiliar o processo de sistematização da assistência de enfermagem.

A Pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolvem levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Segundo Minayo (1992), “a metodologia qualitativa é aquela que incorpora a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais. O estudo qualitativo pretende apreender a totalidade coletada visando, em última instância, atingir o conhecimento de um fenômeno histórico que é significativo em sua singularidade”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo foi realizado em Goiânia – Goiás, especificamente no Hospital das clínicas (HCUFG), 1ª Avenida, s/n – setor Leste Universitário cep – 74.605-020 e no Hospital Lúcio Rebelo. Avenida Edmundo Pinheiro de Abreu, número 451 setor Bela Vista cep – 74.823-030.

Foram enviadas cartas de autorização as instituições citadas à cima, o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação e à aprovação do comitê de ética em pesquisa do Hospital das Clínicas (protocolo n°. 025/08), Após a aprovação foi autorizada a pesquisa de campo.

A população constituiu-se de enfermeiros que atuam nas unidades de terapia intensiva. Foram abordadas treze enfermeiras, somente sete delas concordaram em participar desta pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, nos locais e horários definidos, nos períodos matutino, de segunda a sexta-feira, nos meses de maio e junho de 2008.

Para preservar o nome das entrevistadas, utilizou-se a sigla E, simbolizando o Enfermeiro, números consecutivos como caracterização de cada indivíduo e letras como caracterização das unidades.

A entrega dos instrumentos de coleta de dados foi distribuída de forma aleatória, devido à escala de trabalho dos profissionais, e recolhida nos dias e horários combinados com os enfermeiros.

Os dados, na pesquisa qualitativa, ao serem coletados e analisados exigem do pesquisador flexibilidade e criatividade. A representatividade destes dados “está relacionada à sua capacidade de possibilitar a compreensão do significado e a ‘descrição densa’ dos fenômenos estudados em seus contextos e não à sua expressividade numérica” (Goldenberg, 1999).

Esta abordagem nos permite responder questões muito particulares, enfocando um nível de realidade que não pode ser quantificado.

As informações coletadas foram transcritas de forma fidedigna, procurando dar ênfase ao tema abordado. Desta forma, foi possível avaliar a análise dos relatos, podendo observar a existência e a importância da sistematização da assistência de enfermagem.

Segundo Bardin (1977), a análise de conteúdo pode ser entendida como “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”. Do ponto de vista analítico instrumental este conceito será fundamental para a compreensão dos dados fornecidos nas entrevistas.

Os conteúdos das respostas dos questionários foram organizados, analisados e transcritos por categorias temáticas e por cenário de estudo. Esses dados constituem-se da organização do material a ser analisado, de acordo com os objetivos do estudo e após a leitura das respostas obtidas, foram caracterizadas e categorizadas. Desta forma foi possível agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito. Outro passo dado foi a abordagem das dimensões das respostas, procurando assim interpretar os resultados, a partir das discussões, chegando às considerações finais. Os entrevistados foram sete (7) profissionais da unidade de terapia intensiva de duas (2) instituições, sendo seis (6) do sexo feminino e um (1) do sexo masculino.

As instituições serão descritas como segue abaixo;

Hospital A – Hospital Privado

Hospital B – Hospital Público

E os entrevistados serão descritos numericamente como segue abaixo;

Enfermeiro 1

Enfermeiro 2

Enfermeiro 3

Enfermeiro 4

A Sistematização da assistência de enfermagem (SAE) não existe no hospital privado, o profissional fala da pequena quantidade de pessoas e de depender de outros meios para sua implantação. Sendo esse um fator predominante que prejudica o processo de sua implantação.

Nota-se o desconhecimento das etapas da SAE e as fases de sua implantação, um exemplo foi quando um dos profissionais afirma ter a SAE implantada na unidade de terapia intensiva do hospital. As etapas da SAE compreendem o Histórico, Exame Físico, Diagnóstico, Prescrição e Evolução de enfermagem. O Hospital A, conta com formulários que auxiliam na execução dos serviços, devido à pequena quantidade de enfermeiros, os profissionais não conseguem realizar o exame físico e a evolução em todos os pacientes admitidos, lá o profissional executa um cuidado generalizado, sendo à prescrição de enfermagem realizada por patologia e não individualizado como preconiza a SAE. O Hospital B encontra-se em fase de implantação, trabalham com o instrumento SAE, podendo ser reformulada conforme as necessidades encontradas no decorrer do processo de implantação.

A SAE tem como prioridade ser arquétipo teórico para a prática assistencial, fazendo com que a atuação dos profissionais de enfermagem seja cientificamente coerente, planejada quanto à identificação de necessidades, obtendo estabelecimento e alcance de metas e avaliação. Neste contexto, ao serem questionados quanto à importância da SAE para a assistência, os entrevistados expressaram sua magnitude de forma unânime, mostrando assim conhecer o valor da qualidade de uma assistência planejada.

Através das entrevistas, verificou-se que a maioria dos enfermeiros do Hospital A cita dificuldades em realizar algumas das fases do processo, justificando que o tempo ou o estado geral do paciente dificulta essa execução. Há uma falta de familiaridade as diferentes fases da SAE ocasionando respostas indevidas, quando um dos profissionais cita através da fala que tem dificuldade na execução, pois às vezes o paciente não compreende. Sobre o Exame Físico a maioria expressou ter dificuldades em sua execução. Já o Hospital B não encontra dificuldades na execução de nenhuma das fases da SAE, uma vez que por estar em processo de implantação uma das principais etapas é o conhecimento de todas as fases.

Sobre a viabilidade da SAE dentro da Unidade de terapia intensiva, houve unanimidade nas respostas, quando afirmaram sua importância, questionando que para ser realizada corretamente devem contar com o número suficiente de enfermeiros para desenvolver todas as etapas, justificando ainda que a SAE não seja somente uma teoria expressa em um formulário e sim o papel do enfermeiro colocado em prática.

A grande maioria não apresentou dificuldades em adequar à prescrição de enfermagem (PE) de modo que atenda às necessidades identificadas do paciente, justificando que depois de identificadas as necessidades prescrever é o mais fácil, diz ainda que é através da PE que se observa a necessidade ou não de novas ações.

A respeito de como os profissionais aplicam seus conhecimentos técnicos científicos, se não pela SAE, os entrevistados tiveram variedades em suas respostas, mostrando seguir sempre o modelo da SAE.

Sobre o questionamento se a SAE promove a qualidade dos serviços, todos concordaram com a importância da sua utilização, dizendo ser um instrumento fundamental dentro da UTI que promove uma melhor qualidade da assistência prestada ao paciente, podendo assim comprovar as necessidades das ações, planejando um cuidado individualizado.

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Autoras:

KERY LUCI BATISTA LIMA

LAYLANA CRISTINA ALVES MONTEIRO

ROBERTA DEBESAITIS

STEFANYA DANIELA DE SOUZA



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